Quinta-feira, 3 de agosto de 2017 - 20h36
NÃO DEU ZEBRA
William Haverly Martins
Por pertencermos ao reino animal, não nos diferençamos muito das outras espécies, principalmente quando está em jogo o poder. Por exemplo, com o propósito de dominar um espaço, os cães costumam mapeá-lo urinando em alguns de seus pontos, como se estivessem, na sua linguagem, delimitando seu território.
Nas savanas africanas, os leões reinam na maior parte do território, são os reis e se impõem pela força; os leopardos, os gorilas e chimpanzés, os crocodilos também tem a sua fatia no área, e assim por diante. E existem os contribuintes, as manadas de zebras, gnus, veados etc., que são a razão da disputa pelo poder.
Não é muito diferente do nosso mundo dito inteligente; aliás Yuval Noah Harari, em seu livro −Sapiens –uma breve história da humanidade, e Nancy Huston, no best-seller americano A Espécie Fabuladora – um breve estudo sobre a humanidade, argumentam conclusivamente: “não é a inteligência que nos diferencia dos outros animais, e sim a imaginação, ou seja a capacidade de fabulação”. Nós ousaríamos acrescentar a capacidade de corromper e ser corrompido pelo outro, como diferencial de peso nesse questionamento. Polêmicas à parte, voltemos a nossa comparação.
Pois bem, o plenário da Câmara, ontem, transformou-se num verdadeiro picadeiro, onde animais amestrados se apresentavam, facilitando a comparação com animais, em outro ambiente. Os que defendiam o poder para a “família” do leão, temerosos com as possíveis retaliações, ou conformados com as emendas e promessas de alargamento das bases, hipotecavam apoio irrestrito à continuidade do amplo domínio do poder. Por sua vez, a oposição se comportava como leopardos, onças pintadas, gorilas, chimpanzés e outros, gritando desordenadamente, mesmo sabendo que não tinha a menor chance. As hienas, também na oposição, apostavam numa briga mais acirrada na esperança de que sobrassem restos para o repasto. Havia ainda os papagaios, que só repetiam, sem nenhum raciocínio, o que diziam os líderes. Os macacos brasileiros, agitados como os da espécie prego, se deslocavam de um lado para outro, gritando slogans e levantando cartazes com o único intuito de tumultuar o ambiente.
E havia o orgulhoso homem público, deputado do partido dos leões, que exibia uma tatuagem no ombro com o nome TEMER — esse nós não conseguimos comparar a nenhum outro animal, não apenas pela irracionalidade, mas pela ridícula imbecilidade.
E nós, as zebras, os gnus, as vacas de presépio, assistíamos a tudo pela TV, ora rindo, ora sérios, mas com a certeza de que continuaremos sendo torturados pelo sistema, comidos pelos que não tem fome e usados como massa de manobra na ora da tal disputa democrática, quaisquer que sejam as cores partidárias.
A conclusão óbvia, porque histórica, é que “nunca” as zebras mandarão, no máximo aprenderão a se esquivar de balas perdidas, a evitar doenças com remédios caseiros, a ir à escola contando com a sorte, a pagar pra viver, pagar pra morrer e rezar, esperando um reino melhor e incerto depois da lida.
Apesar dos pesares, ainda desfrutamos de um pouco de liberdade. Isso não é tudo, mas é muito, o suficiente para continuarmos soltando esse grito sufocado na garganta, em forma de chute no balde: −Viva o Estado Democrático de Direito!
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