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Matias Mendes

A CORRUPÇÃO ESCANCARADA: O Reinado Terrorista de Cassol


Por MATIAS MENDES

Eu aprendi há muitos anos, no mais castiço Latim, que “Veritas odium parit, obsequium amicos”. Cela va sans dire que para os monoglotas ressentidos tal expressão não faz sentido algum. No entanto, eu posso perfeitamente compreender que a minha franqueza faz mesmo aumentar a legião dos meus inimigos e que os raros obséquios que faço, sem abrir mão da franqueza, são responsáveis pelos poucos amigos que tenho. E como os latinos também diziam que Nemo propheta in patria sua, expressão que ninguém precisa ser latinista para entendê-la, sei também que não tenho nada que se pareça com um fã-clube aqui na minha terra, há quem diga até que sou muito odiado por aqui, fato que não me preocupa nem um pouco, pois se amado fosse por certo eu seria um Válter Tocaia Grande, um Donadon qualquer, um Sidney Guerra da vida, um Roberto Sobrinho, um Jair Ramires, um José Batista ou qualquer outro dos bagulhos que aqui são eleitos pela plebe ignara ou rebocados ao poder pelos políticos comprometidos com a corrupção. Posso ser odiado, mas estou vivo, nunca ninguém bateu na minha cara, nunca levei safanão de ninguém e principalmente nunca a Polícia Federal colocou algemas nos meus pulsos. De tal modo, gostem ou não, eu cumpro o meu papel de registrar os fatos históricos de minha terra sem nenhuma preocupação de agradar ou desagradar quem quer que seja. A minha função social não é agradar ninguém, não sou colunista social nem sou diplomata, sou apenas um rude infante preparado para viver ou morrer de forma digna.

Feitos os devidos esclarecimentos, vamos agora tratar do Governo Cassol, que sucedeu o aterrorizador Governo Bianco dominado pela eminência parda José Batista, exemplarmente justiçado na sua passagem pelo presídio. Acontece que Ivo Narciso Cassol chegou ao Governo já conhecendo muito bem todos os esquemas que funcionavam no Poder Legislativo, pois seu e seu irmão já haviam cumprido mandatos como deputados estaduais. O seu pai deveria ter sido cassado por vilipêndio a símbolo nacional quando sapateou sobre uma Bandeira do Brasil na entrada da Assembleia Legislativa, mas foi acobertado pelo corporativismo vicioso, escapou ileso do delito cometido. Aliás, para a família Cassol o cometimento de delitos é coisa corriqueira, eles estão envolvidos com múltiplos delitos como crimes ambientais, sonegação fiscal, pistolagem, peculato, abuso de poder econômico, prevaricação e outros tantos crimes. Os Cassol constituem a mais perigosa quadrilha encastelada no poder em Rondônia. Seus tentáculos criminosos são sustentados por fabulosa fortuna adquirida com vícios de origem de toda ordem, mas o Procurador da República Reginaldo Trindade já dispõe de indícios mais que suficientes para liquidar tal grupo marginal. Só o truculento e tosco senador Ivo Narciso Cassol ainda não sabe disso e continua blaterando suas bravatas sem saber que seus mais criminosos esquemas já estão a caminho do Judiciário.

En revenant à la vache froide, como não se diz em francês, ao assumir o Governo do Estado, Ivo Narciso Cassol tratou logo de montar um gigantesco sistema de arapongagem nunca antes visto no Estado de Rondônia nem mesmo nos tempos do famigerado SNI, um dos melhores sistemas de informações já montados no Brasil. Para tanto, usando o poder de Governador, ele cooptou segmentos e elementos das Polícias Civil e Militar, trouxe para dentro da estrutura do Estado os seus jagunços e disseminou seus agentes por todos os órgãos públicos. Muitos policiais foram criminosamente desviados de suas funções precípuas para integrarem o sistema de espionagem do Governo Cassol. Com parafernálias tecnológicas de ponta, Ivo Cassol montou a famosa armadilha que colheu em suas malhas nada menos que vinte e três deputados dos vinte e quatro deputados que integravam a Assembleia Legislativa, episódio que desaguou no grande escândalo da Operação Dominó da Polícia Federal que resultou na prisão de membros do Judiciário, do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas e da Assembleia Legislativa. Ivo Cassol teve a sua vitória de Pirro, no primeiro momento nem um membro do Executivo foi preso na Operação Dominó. No entanto, com o aprofundamento das investigações da Polícia Federal, uma ramificação da quadrilha foi detectada na Casa Civil do próprio Governo Cassol e o indigitado também foi preso e encarcerado no Centro de Correição da Polícia Militar.

Ivo Cassol, tosco, quase analfabeto, embriagado e tonto pelos prazeres ilusórios do poder, espião amador, não se deu conta do terreno movediço que passara a trilhar quando se meteu no mundo perigoso dos serviços de inteligência, labirinto reservado aos que de fato são portadores de inteligência diferenciada. Seus arapongas, principalmente na Assembleia Legislativa, em criminosa bisbilhotagem de documentos de servidores, começaram a vazar para a imprensa informações sensacionalistas sem sequer atentarem para os aspectos jurídicos dos fatos supostamente descobertos. Esbarraram no Supremo Tribunal Federal com a realidade fática das prescrições estabelecidas por lei, nada havia de aproveitável nos resultados obtidos pela sua criminosa arapongagem. Seus prepostos infiltrados na Assembleia Legislativa, inclusive o filho de um contratador de pistoleiros da quadrilha de madeireiros envolvido no assassinato do Delegado da Polícia Civil Mauro Santos, ficaram todos de mãos vazias. O contratador de pistoleiros, baseado na cidade de Jaru, já havia sido exemplarmente executado por um atirador de escol ou simplesmente uma bala perdida em 1992, três anos depois do assassinato do Delegado da Polícia Civil e da morte do madeireiro Renato Barancelli, mandante do assassinato do Delegado. As informações que levaram ao contratador de pistoleiros baseado em Jaru foram obtidas na região de Costa Marques de um outro pistoleiro desesperado lá apanhado pelos serviços de inteligência. As ligações perigosas da quadrilha dos Cassol vêm sendo acompanhadas há muitos anos, somente Ivo Narciso Cassol não sabe disso. Foi assim que ele foi apanhado nas malhas da contraespionagem realmente especializada.

Ivo Narciso Cassol é um reles argentário que sempre acreditou no poder do seu farto dinheiro para abafar seus múltiplos crimes. Mas o seu calcanhar-de-Aquiles reside exatamente nas raras confissões de matadores de aluguel em desespero de causa. A verdade é que pistoleiros são dados ao mutismo, mas eles terminam falando quando percebem que estão perdidos ou que correm iminente risco de ser sodomizados ou castrados. Bons especialistas em interrogatórios fazem os pistoleiros falarem com relativa facilidade. Ivo Cassol gastou trezentos mil reais para tirar um matador de aluguel do cenário de um processo, mas a contraespionagem terminou por se apossar de uma confissão escrita de tal pistoleiro que vai fazer ainda muitos estragos na vida de Ivo Cassol, em que pese as suas bravatas de que vai poder ainda ser candidato em 2014. Ainda que ele não saiba, sua verdadeira situação o coloca a muitos anos-luz de qualquer candidatura, mas a escassos passos do Presídio Federal do km 48, onde já esteve o famigerado Válter Tocaia Grande. E o Procurador da República Reginaldo Trindade já dispõe do material necessário para aplicar em Ivo Cassol a lição que de há muito ele merece.

Do truculento e nefasto Governo Cassol há muito pouco a dizer além da corrupção escancarada que ele promoveu em diversos setores do serviço público. A quadrilha do Válter Tocaia Grande, por exemplo, embora tenha sido desbaratada já no Governo de Confúcio Moura, estabeleceu seus tentáculos na máquina pública exatamente durante o Governo Cassol. Ivo Cassol é um boquirroto, um lambanceiro, um arrogante pretensioso, um bravateiro barato, mas é um consumado poltrão, um pusilânime de marca maior. Pouco antes de terminar o seu mandato de Governador, ele providenciou a lei inconstitucional para lhe garantir a proteção da Polícia Militar em caráter ad eternum. Pelos princípios da isonomia, se tal lei folclórica não for revogada com urgência, dentro de alguns não haverá mais contingentes da Polícia Militar para nada, pois todos estarão cuidando da segurança de ex-governadores, além de o Estado pagar-lhes polpudas pensões. Só mesmo em Rondônia para tal absurdo acontecer... Eu ainda quero ver um dia a valentia do Ivo Narciso Cassol e seu bando de famigerados criminosos sem a proteção ilegal do Estado. Queria muito vê-lo andando pelas ruas como eu ando, sem aparato de segurança custeado ilegalmente pelo Estado, sem se esconder atrás de policiais militares. Eu queria ver a “macheza” do fanfarrão Ivo Narciso Cassol sem o desperdício do dinheiro público gasto para dar segurança a um tipo cuja vida não vale o soldo de um soldado que lhe serve de lacaio. Ivo Cassol foi de longe a pior das desgraças que Rondônia já teve em termos de Governadores. Duvido muito que alguém consiga a façanha de ser pior que ele.

Do Governo Confúcio Moura não temos de tratar na presente série, pois seu Governo ainda está em pleno curso. Por certo não será um Governo superior ao do Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, mas é seguro que será muito melhor que o de Ivo Cassol. O Governo Cassol constitui apenas uma página cinzenta da nossa História. Uma página que só não deve ser esquecida para que não se corra o risco de repetir tal desgraça.  Vade retro, Cassol!!!

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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