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Matias Mendes

OS LADRÕES ENJAULADOS: O Preço da Negativa


                   Por MATIAS MENDES
 

                O ex-prefeito Roberto Sobrinho e alguns dos seus asseclas foram finalmente parar na cadeia em razão de crimes caracterizados como de quadrilha. No caso específico de Roberto Sobrinho, sua prisão decorreu da sua teimosia, da sua arrogância e da sua cara-de-pau em continuar negando  ser ladrão a despeito de todas as evidências das roubalheiras que haviam sido detectadas à sua volta na Prefeitura Municipal de Porto Velho. Ele adotou a postura do seu mestre Lula da Silva que sempre se eximiu das falcatruas petistas alegando não saber de nada, nem mesmo das patifarias que haviam acontecido às portas do seu gabinete de despacho presidencial.

Fora do poder, Roberto Sobrinho foi finalmente alcançado pelos braços da lei e trancafiado no presídio, primeira etapa do seu longo calvário que por certo o levará de vez para as profundezas abissais do ostracismo político.

Roberto Sobrinho teve o exato destino reservado aos espertos, enriqueceu rapidamente, desfrutou das benesses do poder político, julgou-se fora do alcance da Justiça, mas terminou mesmo na cadeia como reles vagabundo. Ele não esperava por isso de forma alguma. Até estava já se preparando para disputar a eleição do ano que vem, certamente com o objetivo de esconder-se da lei sob o manto protetor da imunidade parlamentar, a exemplo do que fez José Genoíno, o outro ladrão petista atualmente homiziado na Câmara dos Deputados. Mas deu tudo errado para o chefe de quadrilha dos petistas de Porto Velho. A Justiça ganhou a corrida e o trancafiou antes que ele conseguisse a blindagem pretendida.

                No entanto, como se aventou nesta mesma coluna meses atrás, Roberto Sobrinho poderia haver evitado as acusações mais graves se houvesse admitido logo que era um singelo ladrão, que havia mesmo furtado alguns milhões e investido a bufunfa em bens imobiliários longe do Estado de Rondônia, quebrando o paradigma dos grandes ladrões de dinheiro público locais, que costumam investir as fortunas surrupiadas dos cofres públicos em prósperas fazendas de gado, procedendo a uma lavagem rural dos recursos públicos sujos pelas manchas do peculato, a exemplo de José Batista Cabeça de Arara, Válter Araújo Tocaia Grande e outros grandes fazendeiros do Estado cujos capitais foram aportados pela via obscura da corrupção.

                Roberto Sobrinho quis simplesmente ser mais realista que o rei. Não seguiu o exemplo dos Donadon, por exemplo, que não tugem nem mugem quando lhes atribuem a pecha de ladrões. Eles simplesmente permanecem em silêncio, fingem-se de mortos, de surdos, de desentendidos, não se arvoram de ofendidos, não se dizem injustiçados, apenas se calam... Já o neófito petista, tão logo passou o tumulto do vortice (eu continuo preferindo a forma latina), ele saiu blaterando inocência, dizendo que não era um ladrão, sem se dar conta de que ser simplesmente ladrão no seu caso era o menos grave. Como simples ladrão furtivo, ele teria os benefícios legais dos crimes de baixo potencial ofensivo, cometidos sem o uso da violência, com penas simbólicas que nem ensejam mais o encarceramento, mormente de gente endinheirada como ele, que pode gastar alguns milhões com advogados sem nenhum perigo de empobrecimento. Dizem a boca não muito pequena que só a coleção de relógios caros de Roberto Sobrinho valeria na Carteira de Penhor da Caixa Econômica Federal bem mais que um milhão de reais, uma ninharia se comparada à sua coleção de carros importados, que os entendidos no assunto afirmam valer mais de vinte milhões de reais. Enfim, o petista Roberto Sobrinho é sem sombra de dúvidas um homem muito rico, riquíssimo mesmo, mas a fabulosa riqueza conquistada em pouco mais de duas décadas de serviço público como professor e técnico legislativo fantasma parece que não foram suficientes para erradicar a sua cavalar burrice, pois ele terminou sendo preso por acusações mais graves pela negativa de que é um ladrão, dispensando a proteção de São Dimas, o ladrão executado ao lado de Jesus Cristo. Pelo fato de não ser tecnicamente um ladrão, ele foi parar no presídio como peculatário, como formador e chefe de quadrilha, como malversador de fundos públicos, como corrupto (que na inesquecível verve do falecido ex-deputado Zuca Marcolino “corrupto é a palavra que os intelectuais inventaram para designar ladrão”), enfim, a negativa de ser ladrão foi uma autêntica emenda pior que o soneto de pé quebrado.

                O petista Roberto Sobrinho, ex-prefeito e atualmente presidiário, está devidamente consagrado na história como o principal coveiro do PT, o mais bisonho dos ladrões petistas, o mais estabanado chefe das quadrilhas petistas que infestaram o Brasil de Norte a Sul, havendo malbaratado a sua última chance de safar-se da enrascada com uma módica pena como simples ladrão, que moralmente ele é mesmo, embora a lei o distinga de tal singela categoria marginal, mas, para sua extrema desventura, tal distinção significa algumas décadas de pena a cumprir, conquanto não reste qualquer dúvida de que ele será um presidiário tão rico quanto Fernandinho Beira-Mar, Válter Tocaia Grande e outros inquilinos do Presídio Federal do km 48.

                Sic transit gloria mundi...

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