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Matias Mendes

VATICANO: A Renúncia do Papa e a Tempestade


Por MATIAS MENDES

A Bíblia registra com riqueza de detalhes um curioso fenômeno que aconteceu na tarde da  sexta-feira que Jesus Cristo morreu crucificado no Monte Calvário entre dois ladrões pé-de- chinelo, a despeito de todos os esforços que o governador romano Pôncio Pilatos fez na tentativa de salvar a vida do pregador nazareno. Pilatos ainda colocou um famigerado criminoso de nome Barrabás como opção para que o povo judeu escolhesse entre ele e Cristo quem deveria morrer ou ser posto em liberdade, mas a turba ensandecida preferiu que o perigoso criminoso fosse solto e que Cristo fosse condenado à morte. Pilatos lavou publicamente suas mãos e declarou que nada tinha a ver com a execução de Jesus Cristo, gesto que mais tarde foi equivocadamente interpretado por historiadores como se tivesse sido um ato de omissão de autoridade do nobre governador romano. Não foi. Pilatos foi constrangido a cumprir as leis vigentes na Judeia, província romana rebelde que ele mal conseguia governar a duras penas.

A verdade, segundo a Bíblia, é que os sinais da terrível injustiça se abateram sobre Jerusalém na mesma tarde que Cristo morreu crucificado. Aconteceu na região de Jerusalém uma terrificante tempestade, combinada com fortes abalos sísmicos, que deixou semidestruído o majestoso templo construído pelo rei Salomão e causou outros tantos estragos na cidade de Jerusalém e suas adjacências. E não se trata de nenhuma lenda, não, pois com recursos da tecnologia moderna foi possível aos cientistas da nossa era comprovarem que realmente aconteceu naquela época uma grande catástrofe natural equivalente à explosão de um artefato atômico.

Agora, mais de vinte séculos depois da terrível tempestade que se abateu sobre Jerusalém no dia da crucificação de Cristo, repetiu-se um fenômeno muito parecido em Roma, onde se localiza a Santa Sé, o centro do poder da Igreja Católica Apostólica Romana fundada pelo discípulo de Jesus cognominado Pedro (seu verdadeiro nome era Simão) e o apóstolo Paulo de Tarso, um erudito de origem pagã que havia passado anos literalmente caçando cristãos até ser convertido à fé cristã a peso de duros castigos, tornando-se o mais fervoroso dos Apóstolos de Cristo na grande cruzada de pregação do Evangelho.

No mesmo dia em que o Papa Bento XVI estarreceu o mundo inteiro com o anúncio da sua renúncia ao pontificado, justificando o seu gesto por supostas limitações de saúde, abateu-se sobre Roma uma tempestade muito semelhante àquela que abalou Jerusalém há mais de dois mil e cem anos. Uma verdadeira saraivada de raios atingiu a cúpula da Basílica de São Pedro como se a natureza quisesse manifestar ao mundo a gravidade do gesto do Sumo Pontífice, os céus da Cidade Eterna se enegreceram ameaçadoramente e chuvas torrenciais caíram sobre Roma como se fosse a reedição de um novo dilúvio. Foi algo assim como se o Pontífice poliglota, em decorrência do turbilhão de emoções do tenso momento, houvesse se confundido entre tantas línguas que fala e expressado em francês: “À ma sortie, la tempête; après moi, le déluge...”  E o sinal dos tempos teve continuidade na primeira sexta-feira após o anúncio da controvertida renúncia papal, um gigantesco meteorito atingiu a região dos Urais, na Rússia, causando grandes danos materiais e deixando pelo menos mil e duzentos feridos. Segundo a avaliação de especialistas, o meteorito que mergulhou em um dos lagos da região liberou energia correspondente a várias bombas atômicas. O mundo realmente estremeceu com a renúncia do Pontífice de origem alemã que se elegeu para o cargo como o todo-poderoso Cardeal que chefiava exatamente o órgão sucessor do Tribunal do Santo Ofício.

Destarte, quando o episódio da renúncia misteriosa de Bento XVI sair das manchetes dos jornais e repousar finalmente nos arquivos da História, certamente que o detalhe da terrível tempestade que desabou sobre Roma no dia 11 de fevereiro de 2013 estará também registrado tal como foi registrada a tempestade do dia da morte de Jesus Cristo. Por certo que o desastre provocado pelo meteorito também não deixará de ser lembrado.

Será que o Papa já sabia da tempestade por alguma informação de alguma estação meteorológica e escolheu adrede a data para fazer o impactante anúncio da sua renúncia? O Cardeal Ratzinger sempre foi um homem bem informado, lidou com áreas de segurança e pertenceu à Congregação para a Doutrina da Fé, órgão sucessor do antigo Tribunal do Santo Ofício, uma espécie de corregedoria da Igreja Católica. Muita gente ainda hoje acredita que a sua eleição para o cargo de Papa foi grandemente favorecida pelo respeitável arsenal de informações de que ele detinha em razão do posto estratégico que ocupava no organograma da Igreja de Roma. E pelas inevitáveis ilações decorrentes do seu gesto inesperado, doravante muita mais gente vai acreditar que a sua renúncia decorreu do furto de papéis secretos perpetrado pelo seu ex-mordomo, repetindo-se a velha história de que sempre os mordomos são culpados pelas lambanças ocorridas nos mais respeitáveis centros do poder.

O certo mesmo é que Bento XVI passará para a História como uma figura enigmática e controvertida, cercado por muitos mistérios e muitas fofocas, inclusive em relação à tenebrosa tempestade que se abateu sobre Roma logo no dia do anúncio da sua renúncia e a devastação causada na Rússia pelo meteorito na primeira sexta-feira da Quaresma. No entanto, dependendo da natureza dos papéis surrupiados pelo maldoso mordomo, muitos dos quais devem permanecer inéditos em sabe-se lá qual arquivo, a verdade é que as verdadeiras razões da sua renúncia só virão à tona depois de alguns séculos, constituindo mais um dos muitos segredos conservados nos arquivos misteriosos do Vaticano que nunca foram devassados por ninguém de fora da Santa Sé.

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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