Quarta-feira, 9 de outubro de 2013 - 20h39
Simon O. dos Santos
Hoje minha imunidade amanheceu baixa, foi a frase que ouvi de uma grande amiga, ao falar de seu problema de saúde, disse-lhe que a minha também não anda lá muito bem das pernas, mas, por outra razão, penso que o consumo excessivo de coisas sem importância andam me consumindo as defesas. Não falo aqui de comida, “ a gente não quer só comida”, falo da nossa frágil condição humana. De como somos solícitos com pessoas que mal conhecemos, de nossa subserviência por pessoas que estão no poder, de nosso “puxa-saquismo” para parecer importante, agradável e educado. Mostro-me gentil e polido com o prefeito, o deputado, o empresário, o pastor, o secretário; mas, no trato com os meus familiares, amigos e pessoas sem grande projeção na sociedade, retiro do meu arsenal as palavras mais rudes, disparo as grosserias mais impiedosas. Sou capaz de um gesto nobre com quem não conheço, abro a porta para meu chefe mal humorado que me trata com desdém, dou tapinhas em suas costas, mas raramente abraço meu filho, minha esposa, meus amigos, raramente digo a eles o quanto são importantes pra mim.
O tempero das boas relações nos diz que ser educado e gentil são conquistas que o homem levou centenas de anos para construir, foi e continua sendo uma condição de sobrevivência para nossa espécie, ser puxa-saco, deselegante e grosseiro nos reduz à condição de troglodita. Fere a dignidade humana quando aplaudimos os discursos vazios das pessoas ditas importantes, quando acreditamos piamente nas palavras insossas do líder religioso que na sua prática cotidiana é metido em falcatruas e desonestidades. Estou empanturrado desses excessos que me desumaniza, de promessas de vidas futuras, desse adiamento para ser melhor.
Para manter minha imunidade em níveis que garanta minha saúde, tenho que lutar todos os dias, incansavelmente contra esses “demônios” disfarçados de boa-educação, uma boa dose de humor, um elogio na hora mais imprevista, um abraço inesperado, um gesto de afeto para com nossos familiares, amigos e pessoas de nossa convivência nos fortifica, nos devolve nossa dimensão mais ancestral de animal gregário. Um dia desses andei refletindo sobre um acontecimento que me reduziu à minha dimensão mais primitiva, fui extremamente grosseiro com um colega de trabalho, nos agredimos mutuamente e construímos um muro de Berlim entre nós. Esse paredón me estilhaçou durante alguns dias, minha imunidade despencou, meus demônios riram de alegria, “o inferno é interior”, mas um gesto mútuo de civilidade nos lançou à cara uma verdade do Profeta Gentileza: “ gentileza gera gentileza”.
Autor: Simon O. dos Santos – Mestre em Ciências da Linguagem e Membro da Academia de Letras – AGL - Email – [email protected]
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