Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Turismo

Bloco Pena de Pavão de Krishna faz desfile espiritual em MG



Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil

Um dos blocos tradicionais do carnaval de Belo Horizonte, o Pena de Pavão de Krishna decidiu levar seu desfile deste ano para uma comunidade fora da cidade. A folia aconteceu na tarde de hoje (26), a 45 quilômetros da capital mineira, no distrito de Morro Vermelho, município da histórica Caeté (MG).

Para facilitar o acesso, os organizadores do bloco ofereceram ônibus para transporte de ida de volta para cerca de 500 foliões, ao custo unitário de R$ 20. Na página do bloco também havia ofertas de caronas para que todos os interessados pudessem chegar ao desfile. A comunidade recebeu grande número de carros.

No Pena de Pavão de Krishna, ou simplesmente PPK, os foliões pintam seus rostos de azul em referência à divindade hindu Krishna. O bloco surgiu em 2013, com a proposta de fazer um desfile mais espiritualizado, com mensagem de amor e paz.

"Tem pessoas que são hare krishna, budistas ou ligadas à ioga; outras mais próximas ao candomblé; e tem aqueles como eu, que me entendo como místico, no sentido de que possuo espiritualidade, mas não tenho exatamente uma religião. Mas todo mundo é muito ligado à questão da sacralidade. Tanto que o bloco medita antes de começar. Tem gente que chega mais cedo para praticar ioga", diz Rafael Fares, um dos integrantes do PPK.

Misturando as culturas afro-brasileira e indiana, o desfile se desenvolve ao som de afoxé. O ponto alto é a execução do hino do bloco, a música Aflorou, que traz as estrofes: "é belô, afoxé, todo mundo andando a pé. No carnaval, te conheci, transcendental, te seguir".

O nome do bloco foi extraído de uma estrofe da canção Trilhos Urbanos, de Caetano Veloso. O músico é inclusive outra referência, assim como Gilberto Gil. "Além dessa religiosidade, é importante destacar que o bloco é tropicalista. Estamos bebendo em diversas fontes culturais, e não estamos preocupados com isso. Somos indianos, africanos, indígenas, é a mais pura antropofagia brasileira. É algo que considero muito bonito, as pessoas vestidas das mais diferentes formas", acrescenta Rafael Fares.

Apesar da distância para chegar ao local, a arquiteta Mariana Borges e o economista Guilherme Ottoni acharam que o esforço foi recompensado. Eles participaram do Pena de Pavão de Krishna pela primeira vez, e capricharam na produção. "Trouxemos alguns adereços. Mas, curiosamente, compramos a tinta e esquecemos de trazer. Felizmente contamos com a solidariedade e as pessoas nos emprestaram para podermos nos colorir de azul", disse Guilherme.

Água

Assim como outros grupos vinculados à retomada dos  blocos de rua em Belo Horizonte, o Pena de Pavão de Krishna traz consigo questões sociopolíticas. Seu desfile é itinerante, ocorrendo a cada ano em local diferente; na maioria das vezes em regiões periféricas. Em 2014, os foliões desfilaram no Jardim América, na região oeste da capital mineira; e em 2015, na Lagoinha, região noroeste. No ano passado, o desfile ocorreu no bairro Jardim Pirineus, na região leste.

A escolha do local é consequência do tema definido para cada ano. Nesta edição, a decisão de mudar de cidade teve como objetivo saudar os mananciais aquáticos do estado. Na espiritualidade dos integrantes do bloco, a água surge como elemento importante. E Morro Vermelho está localizada na Serra do Gandarela, uma área remanescente de Mata Atlântica – um grande reservatório de mananciais, nascentes e cachoeiras.

"A ideia surgiu a partir da tragédia de Mariana, um crime ambiental que poluiu a bacia do Rio Doce. Foi algo que nos sensibilizou. E a Serra do Gandarela desperta constantemente o interesse de empresas de mineração", diz Rafael Fares.

O folião destaca, porém, que a ideia é trabalhar a espiritualidade do local. "Não viemos para fazer discurso e falar mal da mineração. A proposta é saudar as águas. É também uma região onde viveram muitos escravos, muitos índios, e hoje não há registro nenhum disso. Foram todos massacrados. Então, saudamos as águas e os ancestrais que moravam aqui", acrescenta.

Curiosamente, o desfile foi acompanhado de períodos intermitentes de chuva intensa. Mas nada que desanimasse os foliões, que consideraram benéfica a água que chegava do céu. Moradores locais também se contagiaram, como Gersilene Martins, que acompanhou o cortejo da porta de casa. "Estou achando maravilhoso. Nós nunca tivemos desfile de carnaval aqui. Está lindo. Nem a chuva atrapalhou a alegria do povo. E se vê que são pessoas ótimas que vieram, todo mundo tranquilo, sem nenhuma confusão".

Gente de OpiniãoSexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Governo de Rondônia apresenta ações durante a Expoturismo no Paraná

Governo de Rondônia apresenta ações durante a Expoturismo no Paraná

Com o objetivo de promover e divulgar os atrativos turísticos de Rondônia, além de fomentar parcerias e negócios no setor, o Governo de Rondônia par

Rondônia adere ao programa “Conheça o Brasil” que vai facilitar o acesso a viagens dentro do país

Rondônia adere ao programa “Conheça o Brasil” que vai facilitar o acesso a viagens dentro do país

Um Brasil para os brasileiros. Essa é a principal missão do programa Conheça o Brasil, um movimento nacional coordenado pelo Ministério do Turismo, qu

Campanha turística de Porto Velho recebe Prêmio Nacional do Turismo

Campanha turística de Porto Velho recebe Prêmio Nacional do Turismo

Representada pela secretária municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur), Glayce Bezerra, a Prefeitura de Porto Velho foi agracia

Grupo indígena de Rondônia ‘Wagoh Pacob’ se apresenta no domingo no ‘Salão do Turismo’

Grupo indígena de Rondônia ‘Wagoh Pacob’ se apresenta no domingo no ‘Salão do Turismo’

Começou hoje em Brasília mais uma edição do ‘Salão do Turismo’ e Rondônia participa da programação através do Sistema Comércio, com os braços sociai

Gente de Opinião Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)