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Cemig negocia com chineses


A mudança na presidência da Cemig não deve diminuir o ritmo de vendas de ativos da empresa nem a política de distribuição “comedida” de dividendos, pelo menos em 2017. Esse foi o tom da entrevista exclusiva para O TEMPO dada por Bernardo Salomão, que assumiu a presidência da empresa em dezembro do ano passado. Engenheiro elétrico de formação, Salomão foi diretor comercial da Cemig de 2007 a 2010, na gestão de Aécio Neves.

A empresa está negociando com a chinesa Three Gorges sua participação na Usina de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, segundo Salomão. A empresa detém cerca de 20% da usina somando a parte da Cemig Geração e Transmissão S/A e da SAAG Investimentos S/A. “Não está garantido, mas (a Cemig) pode vender a parte dela”, afirmou.

O valor da negociação ainda é desconhecido, mas especialistas do setor elétrico acreditam que a Cemig pode levar mais de R$ 3 bilhões com a venda. “Temos 20% (da usina), o que daria um valor importante, considerável, para a empresa”, acrescentou o diretor de Distribuição e Comercialização da estatal, Luís Fernando Paroli Santos, que participou da entrevista.

“O planejamento estratégico da empresa está traçado, e as orientações do conselho já existem, a Cemig vai ter que focar mesmo no core business dela. O caso da Renova é um exemplo claro. Houve uma venda de um ativo. Com isso, a Renova destravou”, afirmou Salomão.

O presidente se refere à venda do complexo eólico Alto Sertão II à AES Tietê. A venda do ativo foi um dos motivos, segundo Salomão, que fez com que as ações da Cemig subissem 12% no último dia 12.

Mesmo com as ações valorizadas, o presidente afirma que deve continuar com a política de distribuir o mínimo legal de dividendos, 25%, neste ano. “A Cemig deve permanecer, neste ano, ainda nessa faixa de 25%”, declarou Salomão.

Já a dívida da empresa, segundo Salomão, deve ganhar um perfil mais alongado. “Temos formas de rolar essa dívida. Acabamos de lançar debêntures de R$ 2,24 bilhões. Estamos para fazer o lançamento de Eurobônus (títulos de renda fixa emitidos no mercado europeu) também para poder alongar esse perfil da dívida e torná-la mais de longo prazo. Assim, podemos equacionar isso de forma mais tranquila”, disse.


Entrevista

Bernardo Salomão, presidente da Cemig

Mesmo com ações valorizadas, o presidente da Cemig, Bernardo Salomão, disse que a empresa vai continuar com a política de distribuir o mínimo legal de dividendos neste ano, que é 25% dos lucros. A estatal vai continuar vendendo ativos.

As ações da Cemig estão subindo. Houve uma reação positiva do mercado com a mudança na diretoria?

As ações subiram 12% na última quinta-feira (12.1). Houve motivos além da mudança. Se você pegar o gráfico das ações desde o dia 22 (de dezembro), quando eu comecei aqui, realmente há uma elevação. Mas naquele dia a Bolsa toda subiu porque houve uma redução dos juros pelo Copom. Particularmente, a Cemig teve outros motivos, principalmente porque foi divulgado no dia da negociação do projeto de Alto Sertão II (da Renova), que fechamos com a AES Tietê. Acho que, com a mudança de diretoria, há uma expectativa do mercado que vai haver uma solução das pendências da Cemig.

A Cemig já havia dito que deveria vender 20% de seus ativos. A empresa vai manter essa política?

O planejamento estratégico da empresa está traçado, e as orientações do conselho já existem, a Cemig vai ter que focar mesmo no core business dela. O caso da Renova é um exemplo claro. Houve uma venda de um ativo, com isso a Renova destravou. Então, pode acontecer de vender ativos. Tem o caso da Santo Antônio. A empresa chinesa Three Gorges (está negociando), e, se isso acontecer, a Cemig tem suas cotas, não está garantido, mas pode estar vendendo a parte dela. Vendemos a Ativas (empresa de TI) para um grupo chileno especialista em data center. Era um ativo que estava subutilizado. No caso da Taesa, nós vendemos a parte da Fip Coliseu para a Isa (Interconexión Eléctrica S/A) colombiana, que entrou como sócia da Cemig. É um empresa que é do negócio de transmissão e atua na América do Sul e Brasil. Essa associação vai possibilitar um crescimento na parte de transmissão. Acredito que a Cemig, na parte da transmissão, está muito bem-resolvida. Ganhamos quatro leilões recentemente.

A dívida líquida da Cemig até o 3º trimestre de 2016 era de R$ 13,6 bilhões. Como será a gestão da dívida?

Temos formas de rolar essa dívida. Acabamos de lançar debêntures de R$ 2,24 bilhões, estamos para fazer o lançamento de Eurobônus, também para poder alongar esse perfil da dívida, torná-la mais de longo prazo, para podermos equacionar isso de forma mais tranquila.

E quais são as prioridades da empresa?

Equacionar as dívidas e voltar a investir. Temos capacidade, vai depender de como conseguimos levar as ações. Tem que estabilizar a empresa. Quanto aos ativos, o que é da Cemig, mas não é core business e que detenhamos o controle, deve ser em torno de 20% da empresa, pode ser vendido.

As vendas de ativos também podem ajudar a empresa ter caixa suficiente para negociar as usinas de Miranda, Jaguara e São Simão?

Essas usinas são muito importante para nós. A Cemig não pode deixar de desenvolver todas as ações necessárias para ficar com essas usinas. É uma prioridade da Cemig ficar com as três usinas, e vamos trabalhar fortemente para isso. Temos uma cláusula no contrato clara que a Cemig teria a renovação, qualquer um que ler o contrato vai ver isso lá, por isso fomos para o Judiciário. Estamos com duas liminares de Jaguara e Miranda e estamos com uma ação para ver a situação de São Simão. De toda forma (vamos) seguir a orientação do Supremo Tribunal Federal (STF), do (ministro) Dias Toffoli, de tentar uma negociação com (o ministério de) Minas e Energia. Temos que achar uma solução para isso.

No ano passado, a empresa distribuiu o mínimo legal dos dividendos aos acionistas, de 25%. Já o Estado, maior acionista da empresa, precisa de receita. Como equilibrar em 2017?

O Estado precisa. Todos os Estados brasileiros estão numa situação crítica, e todo recurso é bem-vindo. Mas o Estado entende também que esses recursos não podem ser de qualquer forma. Nos últimos anos, houve uma redução de distribuição de dividendos, dado o 25%. Estava na faixa de 50% e reduziu. A Cemig deve permanecer, neste ano, na faixa de 25%. Tem problema de todos os lados, o Estado precisa, (mas) a Cemig tem suas questões. Tem que resolver suas questões, e acho que está bem dimensionado.

Quais questões?

Nós temos que botar obras em dia. Essa é uma questão real. Temos que trabalhar pra resolver as pendências. Deixar o sistema robusto, melhorar o sistema elétrico. Vamos ter que caminhar para isso. (Fazer) investimento para suportar o aumento de carga, que está hoje como problema de desligamento; temos que diminuir isso fortemente. Uma meta para 2017 é que temos que melhorar o atendimento. Foco no cliente.

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