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CHUTANDO O BALDE

CHUTANDO O BALDE - A BANALIZAÇÃO DA ÉTICA


CHUTANDO O BALDE - A BANALIZAÇÃO DA ÉTICA  - Gente de Opinião

 
 

A BANALIZAÇÃO DA ÉTICA
 

Gente de Opinião

William Haverly Martins

Certamente a palavra mais gasta pela fala e menos incorporada às atividades do dia a dia é ética. Embora seja milenar e o seu conceito tenha evoluído ao longo do tempo, nunca se falou tanto em ética como agora: às vezes confundindo, complementando ou acompanhando o significado de moral; outras, adjetivadas, como ética cristã, ética utilitarista, ética profissional, ética do dinheiro, ética niilista.  Mas tem sido o vernáculo da moda.

Mesmo vedete vernacular, a ética de hoje, no Brasil, não é a mesma da maioria dos países ditos de Primeiro Mundo. A culpa nem sempre é do ser tupiniquim ao reinventar uma “nova” ética embasada no ter, no consumismo e na incompetência do Estado, como provedor da educação, da saúde e da segurança de excelências.

Busca-se, então, a qualquer custo, a ética sem ética do dinheiro, que justifica os fins almejados. 

Tanto que este Chutando o Balde foi escrito a partir de uma frase de meu neto (12 anos): “Isso não é antiético?” — expressou-se assim apontando para a tela da TV, quando um advogado modificava a versão do seu cliente, pronunciada minutos antes, no mesmo canal.

Quando os romanos assimilaram a filosofia grega, a palavra “ethos” foi traduzida para o latim como “mores”, que deu origem a palavra “moral” em português. A etimologia da palavra e a evolução semântica acabaram confundindo alguns estudiosos que trataram Moral e Ética como se fossem a mesma coisa.

A Ética é do intelecto, subjetiva, calcada em teoria reflexiva, enquanto que a Moral é fruto de um conjunto de ações, da praticidade dos costumes decorrentes do comportamento do ser, ou de um grupo atuante da sociedade. A Ética decorre do cultivo de virtudes necessárias, para se conquistar a Moral.

Ética e Moral se completam, mas, de forma alguma, devem ser confundidas. Hoje, diferente da antiguidade clássica, Ética é o fundamento da Moral, é o alicerce do ser, a base que norteará suas ações na sociedade.

O fato é que estamos atravessando séria “crise” dos valores morais, que deveriam estar fundados na solidez da ética. De uma ética que, no entendimento de Aristóteles, por não ser ciência, não se ensina, mas se cultiva com ações. Desautorizados pela filosofia, resta-nos a superfície dos magos neófitos, ainda que o tema, tratado com a seriedade que nos caracteriza, mereça reflexão; profunda reflexão.

Quais princípios éticos movem, por exemplo, a maioria dos membros da família Donadon, escudada na moral evangélica/cristã, que a empurra para os palanques da política em busca de status e prazeres materiais, vergonhosamente à custa de corrupção, de mentira, de safadeza?

Cito os Donadon, mas poderia citar os Capixaba e outros que têm suas bases eleitorais ao longo da BR 364. Esses, como tantos outros, pisaram/pisam nos valores morais, conquistados a duras penas pela sociedade cristã, e se escondem em uma religião, enganando pobres eleitores crentes — carentes de um messias terreno, de um líder, de um herói.  

Sem perceber, devido a banalização da ética, muitas dessas igrejas, católicas (veja o exemplo do padre de Cacoal) e evangélicas (em quase todos os municípios), estão sendo usadas por agentes políticos da corrupção, privando os munícipes de mais postos de saúde, mais escolas, mais saneamento básico, mais qualidade de vida, como se estivessem criando uma “nova ética de palanque”, que corrói e cega a moral cristã.

Mas a crise dos valores morais não é apanágio apenas de políticos, religiosos ou não, contamina inúmeros profissionais, estendendo seus tentáculos até mesmo ao cidadão comum. Daí a preocupação!

Honestidade, probidade pública e privada são valores, que quase já não se encontram na sociedade.

Os valores se inverteram. Presos condenados tem mais direitos do que as vítimas, ou a família das vítimas.

Embora existam, preocupa-nos a raridade das exceções, os poucos modelos de gente que subiu na vida com dignidade, cultivando princípios comportamentais éticos.

Apesar do esperneio dos virtuosos, vejo com tristeza os pilares éticos da sociedade se desmoronando, carcomidos pela corrupção, hipocrisia e demagogia: ferramentas essenciais quando a meta é o sucesso político, religioso e empresarial. Estamos sendo persuadidos pelos “novos princípios éticos do tudo pode”. Até quando???

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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