CHUTANDO O BALDE: Wybson Carvalho e sua caixa cheia de barro do entorno do túmulo do poeta Vespasiano Ramos

Wybson Carvalho e sua caixa cheia de barro do entorno do túmulo do poeta Vespasiano Ramos

William Haverly Martins

Mais de uma vez temos defendido a ética e a moral em vários segmentos da sociedade, numa difícil tentativa de passar a limpo uma nação acostumada com um rascunho cheio de mentiras, de disse-me-disse, de locupletações, de jeitinhos. No entanto, tomei um susto quando me deparei semana passada com um ridículo, raro, o primeiro caso de estelionato cultural nos anais da história rondoniense. Acompanhem o raciocínio.

Júlio Olivar, jornalista, historiador e presidente da Academia Rondoniense de Letras (ARL) escreveu um belíssimo livro, “O Poeta que Morreu de Amor”, contando a trajetória do poeta Vespasiano Ramos no Brasil, especialmente em Porto Velho, cidade onde faleceu e foi enterrado há cerca de cem anos, exatamente no cemitério inaugurado por seu conterrâneo, o Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense, primeiro Superintendente (prefeito) da cidade de Porto Velho.

Para elaborar sua pesquisa, o autor da obra recorreu aos familiares do vate maranhense e a outros expedientes, inclusive à Academia de Letras de Caxias e seus ilustres membros, entre eles um pseudopoeta, de onde obteve informações valiosas, detalhes da vida, via internet.  

Quando o livro ficou pronto, Júlio encaminhou exemplares aos membros da referida academia e aos familiares de Vespasiano. Seu trabalho foi elogiado por todos eles. Todavia, jamais imaginou que havia uma jararaca camuflada entre os que o aplaudiram: o tal poeta, autor de livrecos de malversadas rimas, que ele chama de poesia: Wybson Carvalho.

Pois bem, o pseudopoeta em tela fez questão de vir à Rondônia participar do lançamento do referido livro, quando foi recebido pelo seu autor, encheu a cara de cachaça, filou almoço, visitou o Memorial Rondon e o túmulo de Vespasiano Ramos no Cemitério dos Inocentes.  Ao pisar no solo sagrado do autor de “Cousa Alguma”, o pseudopoeta, da geração dos ridículos “marimbondos de fogo”, sacou da algibeira uma caixa de metal (ou madeira?) e pediu licença para juntar e guardar nessa caixa um pouco da terra do túmulo do bardo consagrado, patrono da cadeira nº 2 da ARL, cujo titular é o desembargador Dr. Alexandre Miguel. Como o túmulo é todo de laje, como pode ser visto na foto acima, o acadêmico recolheu um pouco da terra que a chuva arrasta poeticamente de um lado para outro, visitando simbolicamente inúmeros mausoléus do entorno.

À noite, ele participou da solenidade de lançamento do livro, como visitante ilustre de uma academia coirmã, fez um discurso emocionado, recebeu inúmeros presentes, livros e abraços variados. E partiu lacrimejante com um bafo insuportável de cachaça, tolerado porque achávamos que ali estava um poeta e não um traíra, um confrade e não um mentiroso da laia dos que gostam de aparecer e levar vantagem em tudo, tão em voga no Brasil de hoje.

Pois bem, tão logo chegou ao rincão sagrado dos poetas Gonçalves Dias, Coelho Neto e Vespasiano Ramos, o tal representante da Academia de Letras de Caxias convidou os familiares ainda vivos de Vespasiano Ramos, os demais membros da Academia de Caxias, a sociedade em geral e a Rede Globo (G1 de Caxias) para apresentar a urna, onde estariam os restos mortais do Poeta Vespasiano Ramos: aquela caixinha que aparece na foto acima e que ele encheu de terra, agora era a urna com os restos mortais do poeta. Sugerimos aos familiares do poeta que contratem um advogado e o processem por danos morais. É direito líquido e certo, nós temos todas as provas que forem solicitadas pela justiça.

O túmulo de Vespasiano é de concreto, blindado (revejam a foto acima), e não seria um João NINGUÉM, sem um processo encaminhado à Prefeitura ou ao Governo do Estado que o violaria, pois o Cemitério dos Inocentes é tombado pelo Patrimônio Histórico do Município e citado pela Constituição Estadual de Rondônia como Patrimônio Histórico Cultural do Estado.

Se o palavreado verborrágico do Wybson fosse verdadeiro, ele já estaria sendo processado pela ARL, pelo crime de violação de sepultura, previsto no art. 210 do Código Penal Brasileiro, Decreto Lei nº 2848/40, com agravante pela profanação da imagem do patrono de várias academias, pretensiosamente aprisionado numa ridícula caixinha.

Nada fizemos depois que a matéria do G1 chegou ao nosso poder, porque sabíamos da verdade – na caixa só havia terra e nada mais do que terra –,preenchimento testemunhado por gente de conduta ilibada, inclusive um oficial do Exército Brasileiro. Ainda assim entregaremos o caso à PGM de Porto Velho para que tome as medidas cabíveis, já que o pilantra veio à cidade, com diárias pagas pela prefeitura de Caxias.

Lamentamos a ingenuidade dos confrades de Caxias que acreditaram na conversa de um estelionatário; lamentamos que alguns parentes de Vespasiano Ramos tenham se deixado convencer pela lábia do farsante, a ponto de nem sequer conferirem o conteúdo da tal “urna”. Por fim, lamentamos o crédito que lhe foi dado pela imprensa de Caxias, sem ao menos conferir, com os órgãos governamentais responsáveis pela manutenção do cemitério, a veracidade dos fatos. Por fim lamentamos o envolvimento da prefeitura de Caxias, custeando atitudes deste naipe, enegrecendo ainda mais a fama dos políticos maranhenses.

É com pesar que registramos o único caso conhecido de estelionato cultural. Basta o Sarney! O povo de Caxias não merecia/merece esta estreia nacional no segmento das pilantragens.

Fiquem tranquilos, amigos maranhenses, familiares do ilustre poeta, confrades e confreiras, os restos mortais de Vespasiano Ramos continuam muito bem guardados, por duas Academias (ARL e ACLER) e pelos órgãos culturais do município e do estado de Rondônia, entidades que o reverenciam e o reconhecem como um expoente cultural de respeito.

Em nome do restabelecimento da verdade, chuto com vigor o traseiro do farsante.

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http://g1.globo.com/ma/maranhao/videos/t/todos-os-videos/v/restos-mortais-do-poeta-vespasiano-ramos-sao-levados-para-caxias/5738161/

http://caxias.ma.gov.br/2017/03/18/acl-recebe-os-restos-mortais-do-poeta-vespasiano-ramos/