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Gente de Opinião

Yêdda Pinheiro Borzacov

PESCANDO PEIXES GRAÚDOS EM ÁGUAS BRASILEIRAS


* Yêdda Pinheiro Borzacov

Escritores e poetas de Rondônia foram prestigiados pelo poeta Geraldo Pereira que lançou seu anzol, sua tarrafa, seu arpão e sua rede, colhendo em sua pescaria/pesquisa, “PEIXES GRAÚDOS EM ÁGUAS BRASILEIRAS”, resultando no mapeamento de poesias e prosas produzidas no Brasil.

Iniciando pelo Rio Grande do Sul com o lirismo de Mário Quintana e outros, conclui a obra com Goiás (Cora Coralina, José Mendonça Teles e Aidenor Aires, dentre outros).

A sua referência ao meu trabalho, tornou-me, cada vez mais, encorajada ao contínuo navegar pelos rios da minha terra – Rondônia: Madeira, Mamoré, Guaporé, Machado, Pacaás-Novo e outros tantos, embora sendo uma simples piaba pensante.

O original do livro “Pescando Peixes Graúdos em Águas Brasileiras”, revela um diálogo com as diversas vozes e vertentes poéticas e prosadores do Brasil, resultando em uma obra de grande criatividade.

Sensibilizada e agradecida transcrevo a pescaria de Geraldo Pereira nas águas rondonienses:

RONDÔNIA

Rondônia mostra-nos os seus raios

Com a cabocla luminosidade

Da Escritora-Professora YÊDDA PINHEIRO BORZACOV

E sua “Rondônia Cabocla”.

O canto à sua amada terra,

A “Evocação de Porto Velho”

“Porto Velho que vi e vivi”

O “Cartão Postal”,

Uma “Serenata, Romântica Forma de Paquera Musical”

Um soprar as cinzas do tempo

E acender a chama da lembrança

De “Guajará-Mirim, [Sua] Terra Natal”,

“Guajará-Mirim, cidade poética”:

“É indispensável ‘sentir’

a cidade como um corpo inteiro”.

E “As Lavadeiras” ensaboam o tempo,

Tiram as nódoas dos dias

Com o sabão de suas próprias dores.

Assim a mestra

Expressa “A Solidariedade Cabocla”:

“A solidariedade cabocla está presente

em todos os momentos”.

E na formação do novo eldorado

O “Linguajar Caboclo-Nordestino”

Com o resgate da cultura popular,

Com “As Todas do Boi-Bumbá”,

Os folguedos e enredos

Que para o povo não são segredo:

“Quando eu chegar no terreiro!

Convido o meu povo para brincar!

Cantando as minhas toadas

Na terra sagrada do meu boi-bumbá”(Aluízio Guedes).

“Brinca meu boi bonito

brinca meu boi-bumbá

o povo está reunido

pra te apreciar”(Raimundo Nonato).

“No plano inclinado

E o porto do velho

Não é mais tranquilo

Nem dono de nada

E o porto do velho

Virou Porto Velho

Nossa terra amada”(Sílvio Santos).

E nas lendas,

Sem contendas,

O povo cultiva seus mitos

E reza os seus benditos.

“O Fauno Amazônico”

Da ‘Mãe d’água’ e do moço

Que ‘É filho do boto’.]

E com os “Tipos Populares”

A homenagem à gente

Que dá vida às ruas,

Que faz a alma das ruas

Vibrar nos voos terrenos:

E ‘Zé Quirino’ e ‘Cachimbão’ e ‘Beleza’.

São seres amados pela natureza,

São os “Ruídos da Mata” urbana.

Montada no lombo da memória

A Escritora cultiva as raízes

Com “Um Contador de Histórias”:

“Meu pai, Ary Tupinambá Penna Pinheiro,

foi um contador de história”.

No oceano poético de Rondônia,

De um estado ainda menino,

Peguei muitos peixes-poetas.

Entre eles, o Poeta BOLÍVAR MARCELINO.

Com seu “Poema de Exaltação a Rondônia”

O hino de amor ao berço querido:

“Salve Rondônia! A terra alvissareira,

Que agora nasce tão pujante e forte,

Tu hás de ser nesta fronteira-norte,

O orgulho da pátria brasileira...

E de braços erguidos, altaneiros,

Gritamos em júbilo e bem forte:

– Salve Rondônia! A campeã do Norte,

Terra amiga de todos os brasileiros...”

Com “A Morte de uma Ferrovia...”

Assassinaram os sonhos

E impuseram sofrimentos medonhos.

Mas para salvar a vida temos a poesia:

“Essa Estrada, meus senhores!

Perguntem a quem quiser,

E fica em Rondônia,

No antigo Guaporé,

Foi palco de muita luta,

De endemia e disputa,

Do Madeira ao Mamoré...”

E com o “Real Forte Príncipe da Beira”

O resgate da história

Guardado na memória

O “Baluarte avançado da fronteira”

Para defender o chão e suas belezas

O “Monumento na história consagrada,

Como arquivo de um tempo já passado,

Das lutas e conquistas portuguesas!”

Com “Guajará-Mirim”

O canto à princesa de Yêdda professora,

A cidade com o belo de um jardim,

O ‘Cartão Postal’ de beleza duradoura.

Peguei, fazendo um verso vivo,

O Poeta SILVIO PERSIVO.

Com seu poema “Rondônia”,

A fotografia do seu rincão:

“Rondônia é um pedaço do retrato!”

“Onde à noite as luzes do poente

Tornam mais claro o horizonte

A vida em ambos os lados jorra

Como gigantesca torneira aberta”.

É a vida fazendo festa

É o grito de misericórdia

Para defender essa exuberância vital

“Acorda, Rondônia, acorda!

As queimadas te cegaram

Escuta-me antes das máquinas zumbirem”.

Há muita coisa que em nós não passa

É o orgulho que temos destas terras!”

Peguei também muitos outros soldados

Defendendo a vida das garras destruidoras

De um progresso sem verdes,

Sem natureza viva.

Peguei o Poeta MATIAS MENDES

Desfralda a “Bandeira de Rondônia”.

E deixa o seu recado,

No louvor ao torrão amado.

O sangue a correr no coração da Amazônia:

“E toda a beleza deste pendão simbólico

Lembra as belezas de Rondônia emergente

Que vai rumo ao progresso em ritmo meteórico

No seu pujante despertar candente!”

O “Amor à Terra” que não se esquece:

“Amo-te, Rondônia, inculta e majestosa;

Amo essa fértil terra dadivosa,

E essa límpida amplidão celeste!”

E “O Preço Ecológico”

É o ônus que se paga

Pelo progresso e sua saga

E todo invento tecnológico:

“Mas, na profusão de luzes do futuro,

O jovem rondoniense da era industrial

Lamentará a falta do verde matagal

Que o fará carente de ar puro...”.

E o Poeta ANTÔNIO CÂNDIDO DA SILVA

Com sua poética

Ecoa o seu grito de alerta

Com “Rondônia S.O.S”:

“É preciso fazer alguma coisa

Em favor de Rondônia ameaçada”.

Lembra o “10 de Julho”,

Reza no “Cemitério de Trens”,

Resgata a: “História

De pioneiros esquecidos,

Enterrados na selva”.

O canto ao “Rio Madeira”:

“Velho rio que levas a cantar

Doces cantigas de fazer ninar

No teu caminho de recordações”.

E da sua “Mesquita”

O mergulho nas águas da lembrança:

“É preciso voltar a ser criança,

E viver da esperança”.

Reza para “Santo Antônio do Madeira”

Abençoar o enlace

Da natureza com a vida:

“No despertar do seu encantamento.

É véu de noiva para o casamento”.

Geraldo Pereira conclui seu livro assim se expressando:

“A intenção desta pescaria não foi apenas pegar todos os peixes,

Serve apenas como uma amostragem,

Da grandeza da nossa poesia.”

* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião e do jornal Alto Madeira.

PESCANDO PEIXES GRAÚDOS  EM ÁGUAS BRASILEIRAS - Gente de Opinião

Capa do livro homenageando escritores de Rondônia

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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