Sábado, 14 de outubro de 2017 - 10h06
Agência Sputnik - Em recente pesquisa realizada a pedido da Sputnik em diferentes países da Europa, os Estados Unidos foram apontados como o grande influenciador em eleições mundo afora pela maioria dos participantes. Mas, e no caso do Brasil? Será que os interesses de Washington devem ser motivo de preocupação para as eleições do ano que vem?
Para o deputado Paulo Pimenta, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, a resposta é simples: sim. Em entrevista à Sputnik Brasil, o parlamentar disse acreditar não apenas na possibilidade de os EUA influenciarem as eleições brasileiras em 2018 mas também na participação norte-americana nos eventos que levaram ao impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, retirada do cargo no ano passado.
"É evidente que um governo popular, um governo da esquerda, um governo que aposte numa revisão — o presidente Lula tem falado no plebiscito revogatório —, um governo que preze pelo fortalecimento de um Mercosul soberano, recolocando a questão dos Brics como uma prioridade do Brasil, tudo isso mexe com interesses geopolíticos mundiais, especificamente norte-americanos, e eles têm toda uma atenção. Hoje, boa parte desses grupos que participaram ativamente de mobilizações que levaram parte da população às ruas em apoio ao golpe são grupos financiados diretamente pelos Estados Unidos", disse o deputado, citando "organizações norte-americanas da extrema-direita". "Certamente, todo esse cenário vai estar presente aqui na eleição de 2018".
Segundo Pimenta, qualquer análise mais rudimentar sobre o processo de impeachment de Dilma possibilita encontrar "diversas digitais que demonstram a participação direta dos Estados Unidos", com o objetivo de fortalecer seus interesses econômicos e comerciais no Brasil e no Mercosul.
"Seja pela troca de e-mails tornada pública pelo WikiLeaks, que mostra a relação de intimidade entre o senador José Serra e as grandes petroleiras norte-americanas intermediada pela própria Embaixada, diretamente interessada no golpe, para que fosse alterada a legislação de exploração do nosso petróleo, do nosso pré-sal, fato que ocorreu 30 dias após o golpe; a presença, durante o processo de impeachment, nos Estados Unidos, do então senador Aloysio Nunes e uma comitiva de deputados, fazendo tratativas, em Washington, para que fosse aceito publicamente pelo governo americano o processo de afastamento da presidenta Dilma; e a intensa relação que se estabeleceu entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato com o Departamento de Estado norte-americano. Isso aí está fartamente documentado."
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