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Gente de Opinião

Carlos Henrique

Responda sinceramente


Você, que perde tempo lendo as bobagens que publico, consegue notar a pessoa que está tirando o mato da calçada do vizinho? Não? Nesses tempos de absoluta insegurança, você presta atenção no entregador de gás ou água na casa ao lado? Também não? Consegue olhar nos olhos dos pedintes ou malabaristas que infernizam os sinais de trânsito? Não? Você se sente incomodado como eu quando é obrigado a receber impressos mil nos sinaleiros, sabendo que, como não joga lixo na rua, será obrigado a entulhar com eles sua lata de lixo em casa? Irrita-se quando alguém toca a campainha para pedir alguma ajuda ou (treva) interromper seus afazeres dominicais com pregação religiosa? Se você respondeu não, não, não, sim e sim, então somos parecidos. Afinal, estamos tentando sobreviver nesses dias malucos sem incomodar para não ser incomodados.
 
Pois é. Mas parece que para pessoas como eu e você a vida (ou Deus, ou ambos) prepara alguns sacolejos para lembrar que a arrogância e o alheamento podem não ser o melhor caminho. Vou contar. Estacionei o carro na Getúlio Vargas, perto da Caixa Econômica da Nações Unidas em Porto Velho, para comprar num camelô uma daquelas raquetes explodem carapanãs em pleno voo.. Seguia pela calçada quando um sujeito esticou uma bengala de alumínio e quase me fez tropeçar. Disse alguma coisa que não ouvi e eu, irritado, sem nem mesmo olhá-lo, disse que não e segui em frente, não sem antes ser abordado por dois pedintes, aos quais igualmente ignorei. Comprei a raquete, reclamei com o sujeito da banca (que concordou) e voltei. Passei novamente pelo cara que tinha me interpelado, imaginando se dessa vez iria levar uma bengalada. Mas ele preferiu me chamar: “- Ei, jornalista!”.
 
Aí parei e olhei. Tinha que ser comigo. Para minha vergonha, o sujeito da bengala era meu grande amigo Wilson Pereca, músico de talento, poeta e professor, que foi vitimado por um AVC. Com cara de cadela, abracei-o e apresentei uma das muitas desculpas que lhe devo. Disse que não o havia reconhecido e que tinha sido informado sobre seu imerecido infortúnio, embora nada exista para justificar o fato de não tê-lo procurado quando soube do problema. Justamente eu, que sempre apreciei sua companhia nas mesas do Bangalô, Chopp do Quatro e dos muitos botecos das noites portovelhenses. Era garantia de uma companhia bem humorada, inteligente e dotada de uma ironia fina, cáustica e mordaz. Estou vermelho até agora, o que não deixa de ser algum alento, pois que me recorda o fato de ser ainda possuidor de alguma vergonha na cara.

 
Quem são “eles”, Luiz?
 
Quando chegou ao poder, Lula da Silva orientou o governo a ocupar os cargos comissionados exclusivamente com sindicalistas. O próprio Zé Dirceu controlava as nomeações, segundo informou à época o presidente vitalício do PT rondoniense, Odair Cordeiro. A seleção exigia que os candidatos aos milhares de cargos federais fossem sindicalistas, militantes e filiados à CUT. Competência, preparo, honestidade e honradez eram atributos secundários. O resultado disso foi o enriquecimento generalizado de todo o pessoal ungido, muitos dos quais foram galgando patamares mais elevados na hierarquia governamental e ocuparam os cargos hoje alvos das investigações nas inúmeras operações da Federal.
 
É interessante observar que, apesar do enriquecimento, todos se consideram proletários, como a comprovar a máxima: pode-se tirar a pessoa da pobreza, mas não se tira a pobreza da pessoa. Por isso é que Lula, mesmo bilionário e sobejamente aquinhoado pela corrupção que fizeram assolar o país, continua bradando contra os ricos, atribuindo a “eles” tudo de ruim que por aqui acontece. O descaramento chega a ponto de fazê-lo comemorar as demissões na grande imprensa, mesmo sabendo que as redações agora esvaziadas, sempre foram ocupadas por eleitores (quando não militantes) petistas. Em todas as redações que frequentei a maioria petista era evidente. Muitos dos meus antigos amigos em Minas, São Paulo, Rio e Brasília mantêm a predileção pelo partido que já foi dos trabalhadores, embora Lula, Dilma et caterva prefiram hoje confiar apenas naqueles que estão na folha de pagamentos de Edinho Silva, como alguns por aqui.
 
O que Luiz Inácio espera conseguir com isso?  Esconder tudo, já que não dá mais para dizer que não sabia de nada. O problema está na cadeia. É de lá que partem as acusações quase diárias produzidas pelas delações premiadas dos “cumpanhêro” presos. Quem acusa agora não são os ricos. São os próprios cúmplices, que enriqueceram com a roubalheira. E não adianta argumentar que FHC também ganhou dinheiro com palestras (e ganha até hoje). A comparação entre os que ambos têm a dizer é no mínimo criminosa. Só um rematado idiota acredita nisso. Não estou dizendo que Itamar Ferreira, Beto Bertagna, Ernane Segismundo e outros petistas de igual quilate são idiotas. Eles apenas têm certeza de que nós todos somos.
 
Henrique Nascimento escreveu: O jornalista e escritor Ivo Patarra, autor de "O Chefe", que me enviou o livro autografado, no ano passado, diz lá que o chefe da bandalheira do PT é mesmo Lula. O Brasil daria um salto de qualidade se prendesse esse ex-presidente. Aliás, se outros ex-presidentes já foram julgados e presos, só está faltando ele, considerado por meio mundo que o problema é e sempre foi Lula!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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