Segunda-feira, 10 de abril de 2017 - 16h16
Quem diria…
A jornalista que ficou famosa por criticar o carnaval, por ser implacável com menores pobres que cometem crimes, entusiasmada defensora da pena de morte e de Eduardo Cunha, antipetista raivosa, foi enquadrada pelo patrão Silvio Santos ao receber o Troféu Imprensa, do SBT.
E ela ouviu justamente o recado que tempo atrás mandou a Gregório Duvivier, Camila Pitanga, Marcos Palmeira, Leandra Leal e Wagner Moura, artistas que militam em defesa da democracia e se opuseram ao golpe.
Lembram?
Ela publicou nas redes sociais uma frase do ator americano Kevin Spacey, corroborando com a ideia de que artistas não devem opinar sobre política.
Como um bumerangue, a dica à invisibilidade do pensamento crítico se voltou contra Sheherazade.
Eu interpretaria como assédio moral, mas ela calou e entre olhares periféricos sustentou a vergonha com sorrisinhos tímidos.
“Bem, você começou a fazer comentários políticos no SBT e eu pedi para você não fazer mais, porque não pode. Você foi contratada para ler notícias, não foi contratada para dar a sua opinião. Se você quiser fazer política, compra uma estação de televisão e vai fazer por sua conta. Aqui não”, disse o patrão.
Nossa!
Quando vi, senti vergonha da vergonha que Sheherazade passou.
E não é fácil pra quem exerce o senso crítico com liberdade ter que decidir sobre o que é pior, passar vergonha ou ver a vergonha do outro.
Não tem nada mais humilhante pra um jornalista que o patrão delimitar sua atuação profissional, dizer o que ele pode falar. Ela ouviu isso na entrega de um prêmio transmitido pela televisão pra todo o Brasil.
O vexame foi ainda pior, porque o patrão reduziu a qualificação de Sheherazade à beleza física quando ela praticamente sussurrou que contava com liberdade de expressão.
“Não, eu te chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, foi para ler as notícias do teleprompter, e não dar a sua opinião”
A jornalista que ganhou uma legião de fãs da direita por se comportar como fera contra as políticas sociais da esquerda, foi resumida à condição de bela como profissional.
Mas, a agonia de Sheherazade na frente das câmeras é merecida.
Há muito se denuncia sua lealdade não com a verdade, mas com a manipulação da informação a favor dos mais ricos, dos patrões. Quem estiver com pena que adote o comportamento dela. Eu não! Luto pelas que buscam empoderamento com igualdade.
Só pensei numa frase de Baudelaire quando a vi encolhida como uma empregada comum, como tantas, tolhida no que é fundamental ao bom desempenho do seu trabalho.
“É sempre coisa interessante esse reflexo da alegria do rico no fundo do olhar do pobre”.
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