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Trump perde o primeiro round


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DIÁRIO DO PODER - Ao completar seu primeiro mês de mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perdeu o primeiro round da longa guerra em que está transformando sua administração. Pesquisa do Pew Research Center mostra que a desaprovação ao presidente americano é uma das maiores para o primeiro mês de mandato: 56% desaprovam a gestão Trump, contra 39% que aprovam. O recorde negativo para o primeiro mês de gestão pertencia a Bill Clinton, desaprovado em fevereiro de 1993 por 25% dos americanos. No momento em que Trump reforça sua cruzada contra a mídia tradicional, o estudo do Pew Research Center merece atenção, pois o instituto não tem vinculação partidária, nem com veículos de comunicação.

A avaliação do presidente americano acompanha de perto a opinião sobre sua política de restrição a refugiados e imigrantes. De acordo com a pesquisa, que entrevistou 1500 eleitores entre os dias 7 e 12 de fevereiro, 59% dos entrevistados desaprovam a política de banimento de refugiados e de imigrantes de países de maioria muçulmana, enquanto 38% aprovam. Outra má notícia para Trump é a visão da população sobre a diversidade étnica. O estudo do Pew Research Center revela que 64% dos americanos acreditam que “o aumento do número de pessoas de diferentes raças e etnias faz dos Estados Unidos um lugar melhor para viver”. Apenas 5% dos entrevistados dizem que a diversidade faz do país um lugar pior. Há seis meses, diante da mesma pergunta, os percentuais eram de 56% e 8%, respectivamente.

No calhamaço de péssimas notícias, a pesquisa traz duas informações positivas para Trump. Ele tem o maior apoio de republicanos já registrado no início de gestão. Especificamente entre os eleitores republicanos, Trump tem 84% de aprovação. No campo econômico, cresce a percepção positiva dos americanos. Para 49% dos americanos, a economia está ótima ou boa, para 39% permanece do mesmo jeito e para 18% piorou. Desde a crise de 2007, este é o melhor resultado da série realizada pelo Pew Research Center.

Curiosamente, Trump deixa de lado o bom momento da economia e se mantem numa agenda de guerra. Na última quinta-feira, ele dedicou boa parte de sua entrevista coletiva, convocada para avaliar o início de sua gestão, para atacar a mídia tradicional. O presidente repetiu os ataques num encontro do partido republicano realizado na Flórida, no sábado, em clima de campanha eleitoral, e foi ainda mais ácido pelo Twitter. “A mídia que inventa notícias não é minha inimiga, é inimiga do povo americano”.

Em outra frente, o presidente americano voltou a abrir fogo contra a comunidade de inteligência. Diante da crescente pressão para o esclarecimento do teor dos contatos entre sua equipe e autoridades russas durante a campanha presidencial, Trump reclamou do vazamento ilegal de informações. Na quarta-feira, num intervalo de uma hora e cinco minutos, Trump atirou três vezes via Twiter. “A conexão russa não faz sentido, é apenas uma tentativa de encobrir os muitos erros feitos na campanha derrotada de Hillary Clinton”. “Informação está sendo ilegalmente passada para @nytimes & @washingtonpost pela comunidade de inteligência (NSA and FBI?)”. “O verdadeiro escândalo é que informação classificada é distribuída ilegalmente como doce. Muito antiamericano”, afirmou Trump, na sequência de postagens.

A reação aos atos e às declarações de Trump tem a mesma intensidade dos ataques desferidos por ele. Durante todo o domingo, 19, os principais canais de notícias da TV americana repercutiram com especialistas e autoridades as declarações de Trump e o seu primeiro mês de governo. O balanço é extremamente negativo. Um dos nomes mais respeitados e conhecidos do jornalismo americano, responsável pela revelação do escândalo Watergate que levou à renúncia de Richard Nixon, o jornalista Carl Bernstein foi direto. “Trump não gosta da verdade”, disse em entrevista à CNN. Uma fila de parlamentares democratas  e de jornalistas indignados desfilou nos telejornais.

O ataque mais contundente, no entanto, tem DNA republicano. Candidato derrotado a presidente em 2008, respeitado por suas posições e veterano da guerra do Vietnã, o senador republicano John McCain vai se consolidando como um dos mais duros críticos de Trump. “É assim que os ditadores começam”, disse McCain, ao comentar para a CNN as declarações de Trump sobre a imprensa. Um pouco depois, ao vivo na NBC, o senador foi didático. “Estamos falando de uma nova ordem mundial. Uma parte fundamental dessa nova ordem é a imprensa livre. Se queremos preservar a democracia como conhecemos muitas vezes precisamos da imprensa livre”.

O fogo pesado de Trump contra a imprensa é considerado uma tentativa de desviar a atenção sobre as ações de seu governo ou uma forma de intimidação. Qualquer que seja o motivo, tudo indica que não terá sucesso. O maior problema de Trump no momento é a série de contatos entre assessores de sua campanha e autoridades russas. Depois do pedido de demissão de Michael Flynn como Conselheiro de Segurança Nacional, o  diretor do FBI, James Comey, se reuniu na sexta-feira, em sessão secreta, com integrantes do Comitê de Inteligência do Senado. O caso não parece próximo do fim. Até o momento não surgiram respostas consideradas satisfatórias sobre o teor das conversas com as autoridades russas. Indagado se o Congresso deve investigar o caso mais profundamente, o senador John McCain marcou sua posição. “Eu espero que sim. Eu acredito que sim”.

Nos últimos dias, ocorreram manifestações em todo o país. Na quinta-feira, restaurantes de várias cidades fecharam as portas no movimento chamado “Dia sem imigrantes”. Também foram realizadas passeatas em favor dos imigrantes ilegais que estão sendo sumariamente deportados. Restaurantes e lojas de Washington passaram a estampar nas vitrines um cartaz com o desenho de uma mulher usando um hijab (véu que cobre a cabeça) e a frase “qualquer um é bem-vindo aqui”. Neste domingo, em Nova York, manifestantes foram às ruas protestar contra os atos de Trump que atingiram muçulmanos e refugiados.

A intolerância em relação a qualquer crítica ao governo prevaleceu também na Casa Branca. Após reclamar  de assessores próximos a Trump numa conferência fechada, Craig Deare, conselheiro de Segurança Nacional para o continente norte-americano, foi sumariamente demitido, segundo o site Politico. Os alvos das queixas de Deare foram Steve Bannon, consultor de estratégia da Casa Branca, e Ivanka Trump, filha do presidente.

Na guerra contra a imprensa e contra a comunidade de inteligência, um dos aspectos identificados pela pesquisa pode contribuir para corroer ainda mais a imagem do presidente. A maioria dos americanos entrevistados, 59%, afirma que Trump não é confiável, contra 37% que dizem o contrário.

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