Quinta-feira, 13 de dezembro de 2018 - 11h17
A leitura do noticiário regional produz reflexões, a maior delas a respeito
da atualidade econômica. No Acre, lá em Cruzeiro do Sul, sai diariamente de
avião meia tonelada de farinha de mandioca para diversas regiões brasileiras e
até para o exterior. Em Pimenta Bueno, produtores alcançavam, meses atrás, a
cotação de R$ 8 por quilo de inhame.
Agora, conforme o subchefe da Casa Civil do Governo,
Hélder Risler de Oliveira, há amplas possibilidades da reativação dos seringais
rondonienses, do sul do Amazonas, e o aproveitamento da produção do Acre, do
Beni e do Pando [estados bolivianos]. O Irã, a 12 mil quilômetros do Brasil,
quer comprar látex natural.
Matéria deste repórter no Portal
do Governo explica esse quase inesperado interesse por um produto
que deixou de ser explorado com êxito há pelo menos um século. Os Estados
Unidos proíbem o Irã de adquirir látex artificial, mas não o impediriam de
comprar na Amazônia Brasileira o legítimo látex de seringueira nativa, genuíno
e de altíssimo valor industrial.
A guerra de ontem, quando a região norte brasileira
alimentava indústrias de pneus de carro e de avião, perde para o livre mercado
de hoje, e este passa diretamente pelo porto organizado de Porto Velho.
Quem sabe, brevemente a ressurreição dos seringais
ainda existentes e de possível exploração, renderá manchetes assim: “Látex da
Amazônia move fábricas no Oriente Médio”. Por aí...
É isso, senhoras e senhores: o Acre, que não é bobo,
mas zeloso de sua organização comercial, vê seus pacotes e paneiros de farinha
proporcionarem renda diária de R$ 1.040, só por avião. Por rodovia, as cargas
são três vezes maiores e, segundo a estatística do Vale do Juruá, a venda das
casas de farinha e mercados de Cruzeiro do Sul ultrapassam R$ 1,1 milhão.
Aos que só enxergam nos jornalistas urubus da avidez
por tragédias, abram os olhos para vê-los também felizes por compartilhar
alvissareiras notícias.
A farinha, o inhame e a borracha também fazem parte do
noticiário de hoje, a exemplo das repetidas comemorações das safras de soja,
café, da consagrada mandioca (raiz brasileira) e da fartura pesqueira que unem
pobres, ricos e remediados.
Amém.
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