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Antônio de Almeida

Piscicultura em Rondônia: Como tudo começou.


Detectores de água: caçadores de água na região Amazônica. - Gente de Opinião
Detectores de água: caçadores de água na região Amazônica.

Primeiro dia da Primavera de 1978, mês de setembro, dia 22, sexta-feira, então Território Federal de Rondônia,  manhã sem sol, com muitos sonhos e olhos no firmamento — de dois jovens, ainda  quase adolescentes, recém Graduados em Engenharia de Pesca, através da Universidade Federal do Ceará – UFC, com os nomes de Antônio de ALMEIDA Sobrinho e Francisco DERMEVAL Pedrosa Martins, contratados pelo Governo do Território Federal de Rondônia e colocados à disposição da então ASTER-RO, hoje EMATER-RO, com o objetivo de atuar junto ao setor pesqueiro – na pesca artesanal e dar início aos primeiros trabalhos de piscicultura nesta região, no início de sua colonização por todos que aqui chegaram, hoje, conhecidos como os destemidos pioneiros e desbravadores.

No trecho entre a Sede do Escritório da ASTER-RO à vila de pescadores da então Cachoeira do Teotônio, hoje coberta pelas água do rio Madeira, com a obra da hidrelétrica da UHE Santo Antônio, gastou-se em torno de 55 minutos e, depois, voltou-se uns 10 minutos, no sentido oblíquo, a fim de localizar uma área do Governo do Estado, hoje situada a montante da UHE Santo Antônio, impactada com as obras hidrelétricas construídas no rio Madeira.

Sem nenhuma experiência profissional em realizar pesquisas em áreas de floresta na bacia amazônica e desprovidos de equipamentos eletrônicos ou de uma simples bússula, os dois neófitos desbravadores tinham na mente um único objetivo que os impulsionavam: os seus corações a baterem ao mesmo tempo, com as mesmas intensidades, sem acanhamentos e sem preocupações em quebrarem o silêncio  que reinava naquela floresta silenciosa e fechada de mata virgem, ‘nunca antes desbravada’ por madeireiros, por desvradores ou mesmo por caçadores, exceto por alguns silvícolas  de aldeias adjacentes ou por alguns transeuntes que perambulavam nesta região.

Com a preocupação fixa em encontrar água, de preferência um igarapé que oferecesse uma vazão suficiente para se pensar em se implantar a Estação de Piscicultura de Porto Velho, que sem dúvida se constituiria no polo irradiador e produtor de alevinos de espécies de peixes regionais, suficientes para atender as constantes e prementes demandas de alevinos para povoar uma infinidade de barragens construídas por produtores rurais e pecuaristas — que até então foram instaladas em Porto Velho, Guajará-Mirim e nos recém criados municípios de Ariquemes, Ji-Paraná e Cacoal e em diversos núcleos urbanos que mais tarde se transformaram em municipios, no então Território Federal de Rondônia e, posteriormente, no atual estado de Rondônia e em seus Distritos e povoados.

Um misto de aflição e de preocução, com a certeza em se buscar alternativas no tocante à água farta e solo de boa qualidade, em uma área com características ideais para se implantar a Estação de Piscicultura do Território Federal de Rondônia, nos esquecemos que teríamos que retornar ao ponto de partida, encontrar a viatura que nos esperava no início da única picada de acesso ao eixo central da propriedade e, ao mesmo tempo, com um blecaute geral na memória, em forma de esquecimento duplo e quando se buscou a saída não mais existia a luz solar, um vermelhão de claridade descansava no extremo do horizonte anunciando o início da noite que se aproximava e nos distanciava ainda mais de nosso retorno à empresa e aos nossos lares.

Após sucessiva caminhadas, de idas e voltas, andando como baratas tontas, sem alimento, sem água e sem o norte magnético a situação se tornou insustentável, até que um raio de luz de um motoqueiro com o motor barulhento que por impulso divino nos sinalizou e através da audição e da visão tomamos o rumo correto e se conseguiu encontrar a viatura que nos proporcionou e nos desencantou e viabilizou o nosso regresso ao ponto de partida e a volta a Porto Velho.

Estas experiências — sofridas, temerosas e exitosas —, ainda não havíam sido contadas para ninguém e poucos, até então, sabiam que para se iniciar os primeiros trabalhos da piscicultura no estado de Rondônia muita água teria que rolar por debaixo dessa ponte que decidiram chamar de Piscicultura do Estado de Rondônia.

Com muito esforço e muito sacrifício, após assumirmos a Coordenação da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca no Estado de Rondônia – SUDEPE, durante a administração do Governador Jerônimo Garcia de Santana, tivemos a felicidade em viabilizarmos a elaboração do Projeto Técnico-Econômico e, posteriormente, realizar a construção da Estação de Piscicultura de Porto Velho, nesta mesma área mencionada em nosso Resgate Histórico, de acordo com a imagem abaixo.


Estação de Piscicultura de Porto Velho

 Esta Estação de Piscicultura construída em Porto Velho é na verdade a principal responsável  direta pela implantação e desenvolvimento da piscicultura no estado de Rondônia que hoje se constitui como uma atividade primária que produz alimento, com geração de emprego e renda, inclusão social e segurança alimentar e incremento no PIB de Rondônia, com destaque no ranking nacional como o maior produtor de tambaqui e de pirarucu do Planeta e em terceiro lugar no ranking nacional, com 72.800 ton.,na safra do biênio 2017/2018, de acordo com o Anuário BR de Produção de Pescado/Piscicultura de 2019.

INVESTIGAÇÃO GRAVE:

Sugerimos que o Governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, através da SEAGRI-RO, institua uma comissão para se investigação rigorosamente o paradeiro desta Estação de Piscicultura que foi construída com recursos federais, um convênio entre Ministério da Agricultura e Governo de Rondônia, através da Secretaria de Estado da Agricultura – SEAGRI-RO e, depois, cobrar uma idenização da Empresa Santo Antônio Energia S.A, compatível com os danos patrimoniais, como infraestrutura — viveiros, Laboratórios, equipamentos diversos, máquinas e insumos — causados à Estação de Piscicultura de Porto Velho, hoje impactada com as obras da UHE Santo Antônio, e/ou, ao mesmo tempo, se investigar se alguém se tornou beneficiário desta indenização milionária que porventura tenha ocorrido.

Na próxima edição, continuaremos. Tenham todos um feliz final de semana.

Antônio de Almeida Sobrinho tem Graduação em Engenharia de Pesca, UFC, com Pós-Graduação (Lato sensu) em Tecnologia do Pescado FAO/UFRPE; Pós-Graduação (Lato sensu) em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira – UNIR/CREA-RO; Pós-Graduação (Lato sensu) em Metodologia do Ensino Superior – UCAM/PROMINAS; Pós-Graduação (Stricto sensu), em nível de Mestrado, em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – UNIR e escreve periodicamente nos seguintes Portais de Notícias:    

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WhatsApp: 69 9 9220-9736

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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