MEU CANDIDATO É CHIQUE

Até o momento nenhum candidato de Porto Velho conseguiu passar para o eleitor o seu verdadeiro projeto político, o seu programa de governo para Capital de Rondônia, a menos que ele definitivamente não exista. Esta é uma constatação passível de ser comprovada ante o conjunto de inconsistências presente nos discursos de todos os candidatos, fruto do despreparo político e intelectual de tantos que se encantam e sonham com a possibilidade de sentar no Gabinete do Palácio Tancredo Neves.

Se não bastasse, concorre para essa complexa rede de nomes e discursos fajutos, o destempero de alguns e a crosta de sujeira que se acumula sobre outros, e que aos poucos vão se revelando para o bem dos eleitores e para a definição do quadro. Tem candidato que continua na disputa só pra não passar a imagem de fracassado, mesmo estando perdido dentro do pleito, sem parceria e sem aliados.

Na luta pela sucessão de Roberto Sobrinho estão verdadeiramente no páreo Mariana Carvalho, Mauro Nazif, Fátima Cleide e Mário Português, por que, segundo a análise mais sensata e inteligente até aqui apresentada, ganha a eleição aquele candidato que ficar para o segundo turno com Lindomar Garçom, que não teria lastro político, nem estrutura ascendente de crescimento, tendo chegado ao limite que seu nome impõe. Assim, mesmo aquele com alguma rejeição, teria chance de arregimentar as forças que ficarem pelo caminho, por isso, ninguém bate em ninguém, só no Garçom.

O problema da elite portovelhense, que não vota no Garçom, mesmo tendo David Chiquilito como garoto propaganda, é ter que decidir entre este e Mário Português, que seria candidato do ex-governador Ivo Cassol, e que, por conseguinte, tem sangue vermelho como Garçom. No campo partidário e pessoal este é um tema que os políticos evitam ao máximo ter que falar – e nem precisa opinar -, pois ele já foi o responsável pela derrocada de uma eleição dada como certa e que custou os olhos da cara para muita gente boa. Por ser da elite e discriminador ainda hoje tem gente andando por aí sem prumo, perambulando.

Partidos como PMDB, PT e PTB foram sacudidos com o escândalo da Operação Termópilas, e praticamente no curso das eleições tiveram que repensar suas estratégias para não se sucumbirem fora da memória do eleitor. Nomes tidos como certos tiveram que ser substituídos para evitar prejuízos ainda maiores; foram obrigados a juntar os cacos, outros ficaram divididos, mas para o bem de todos se juntaram entre abraços constrangedores e mágoa recíproca, em cenas difíceis de ver. O PMDB foi para a disputa com o Doutor José Augusto, que não consegue avançar. O PT optou por Fátima Cleide, desprestigiada, inclusive, inicialmente, sem apoio do prefeito Roberto Sobrinho, o que só aconteceu depois da intervenção de Brasília. O PTB dispensa comentário. Com seu líder sem poder e cassado, aceitou indicar o vice na chapa de Mário Sérgio (PMN), com Israel Borges. Esta chapa foi o fiasco da eleição em Porto Velho. O titular, já bem abalado com todos os percalços que sofreu, inclusive com o desmanche do comitê pelos parceiros, sofreu esta a semana o golpe de misericórdia com a desistência de seu vice petebista. Este é o retrato das eleições em Porto Velho.

Assim, se algo maior não ocorrer até o dia das eleições, acredita-se que o prefeito de Porto Velho para suceder Roberto Sobrinho, será aquele que for para o segundo turno com Lindomar Garçom. Mas é preciso lembrar que quem é da elite e muito “chique” costuma assombrar o eleitor. Por isso, leitor, prefiro ficar com a experiência do mineiro Magalhães Pinto, que alertava seus correligionários: “Eleição e mineração, só depois da apuração”. Isso deve servir para muitos que se consideram chiques, mas de memória curta.

Fonte: Cleuber Rodrigues Pereira
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