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Dom Moacyr

CEBs e Romaria da Bíblia




Celebramos neste domingo o Dia da Bíblia e como já é tradição, vamos encerrar o mês de setembro, todo ele dedicado ao estudo da Palavra de Deus, com a Romaria da Bíblia, cujo tema é “A Caridade sustenta a Comunidade” e o lema “A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4, 12).
  A IX Romaria da Bíblia deste ano tem como motivação principal a dimensão comunitária e a fraternidade cristã que se experimentam nas Comunidades eclesiais de base, pois, “não pode existir vida cristã fora da comunidade; seja nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas comunidades de base, outras pequenas comunidades e movimentos”. De fato, participamos, “como os primeiros cristãos, que se reuniam em comunidade, na vida da Igreja e no encontro com os irmãos, vivendo o amor de Cristo na vida fraterna solidária”. (DA 278)
  
Estamos reunidos no SESI desde sexta-feira, realizando o primeiro Encontro Arquidiocesano das CEBs rumo ao 12º. Intereclesial; são dois mil representantes (delegados e voluntários) das 850 CEBs ribeirinhas, urbanas, indígenas e rurais da Igreja de Porto Velho que reafirmam a identidade das CEBS como “o primeiro e fundamental núcleo inicial de estruturação eclesial (Medellín 15, 10 e Puebla 96, 641 e 643), como indicam o Novo Testamento (Mt 11,25-27; Jo 17,19-23; At 2,42-47) e a eclesiologia de Medellín e Puebla no espírito do Vaticano II: Igreja Povo de Deus e sacramento do Reino (LG 1 e 26)(DGAE 46). E o documento de Aparecida e as novas Diretrizes (doc 87 CNBB) colocam-nos "em estado permanente de missão", em comunhão com a Igreja do Brasil e do mundo inteiro, motivando-nos a ser discípulos missionários, enviados a edificar o mundo na perspectiva do Reino de Deus.
  
Esta dimensão de comunhão eclesial tem contribuído para a renovação das paróquias que passam a se organizar como uma Comunidade de comunidades (Puebla 617, 618; Santo Domingo 58), verdadeiras redes de comunidades, em unidade com a Igreja particular (DGAE 45). “A Igreja é comunhão. As Paróquias são células vivas da Igreja e os lugares privilegiados em que a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e de sua Igreja. Encerram uma imensa riqueza comunitária porque nelas se encontra uma variedade de situações, de idades, de tarefas. Sobretudo hoje, quando as crises da vida familiar afetam a tantas crianças e jovens, as Paróquias oferecem um espaço comunitário para se formar na fé e crescer comunitariamente. (DA 304)
  
Dozinho é a expressão que denomina este Intereclesial, animado por artistas da caminhada das CEBs no Brasil e na Região Amazônica: Zé Vicente, Zé Martins, Malvezzi (Gogó), Casimiro, Manuelão, dentre outros; e pela equipe nacional Rede Celebra. O assessor é Pe. José Oscar Beoozo, historiador, teólogo e profundo conhecedor das CEBs, que está nos ajudando a fazer memória da caminhada e a fortalecer os vínculos entre as comunidades eclesiais de base de nossa Arquidiocese. Este Encontro das CEBs, além de preparar o 12º. Intereclesial de julho de 2009 tem contribuído para uma maior consciência dos gritos da Amazônia e o nosso compromisso com as lutas e sofrimentos de nosso povo. Há em nossas CEBs pessoas de caminhada e resistência que acreditam que as mudanças devem acontecer a partir das bases organizadas, e se mobilizam de forma estratégica, juntando experiências na iniciativa popular.
  
Como evangelizar nossas comunidades para que redescubram o dom da criação, cuidando dela como a casa de todos os seres vivos e geradora da vida no planeta? Como defender a vida dos povos mais ameaçados pelo latifúndio, barragens e desenvolvimento predatório? Como construir uma nova Amazônia, através do crescimento sustentável e integral e de iniciativas que possam ser transformadas em políticas públicas? 
  
O desafio ecológico solicita a presença de comunidades..que se façam voz da terra e das pessoas: centros de estudo, denúncia, busca de alternativas e articulação de direitos. ..Comunidades que denunciam e anunciam, espalhando a voz por todos os cantos e aproveitando com sabedoria dos meios tecnológicos e da mídia. Tornam assim visíveis para muitos um pequeno canto de realidade, oferecem a experiência local como possível modelo de ação também para outros contextos e dispõe-se a realizar alianças com todos os parceiros que queiram enfrentar os mesmos desafios. (RM)
  
A concentração da Romaria da Bíblia começa neste domingo, às 14h em frente à Igreja Nossa Senhora do Amparo, Avenida Amazonas; em seguida, o povo segue em caminhada até o SESI, local da Celebração Eucarística com a presença de todas as paróquias e comunidades, pastorais, organismos, movimento e serviços da Arquidiocese.
 
Todos são convidados para essa manifestação de fé. Nossa Romaria se insere no contexto do 12º. Intereclesial das CEBs, do Ano Paulino e Ano Catequético e se torna espaço de fé e vida no qual o clamor do povo ribeirinho, urbano, indígena, rural encontra eco. O lema da Romaria, extraído da Carta aos Hebreus evidencia o quanto “a Palavra de Deus é viva, afiada e eficaz, no próprio coração da Igreja, na sua liturgia e na oração, na evangelização e na catequese, na exegese e na teologia, na vida pessoal e comunitária, bem como nas culturas dos homens, purificadas e enriquecidas pelo Evangelho. A Palavra de Deus irradia sobre toda a vida da Igreja, qualificando também a sua presença na sociedade como fermento de um mundo mais justo e pacífico, livre de toda a espécie de violência e aberto à construção de uma civilização do amor”.(L.Sínodo 2008)
  
Somos uma Igreja “casa e escola de comunhão, que se nutre pela Palavra e pela Eucaristia, “onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor a serviço da missão evangelizadora”. (DGAE 50). Por fidelidade a Cristo e à missão dele recebida, a Igreja, tem a estrita responsabilidade de oferecer, em cada época, o acesso à Palavra de Deus, à celebração da Eucaristia e aos demais sacramentos, e de cuidar da caridade fraterna e do serviço.

A proclamação da Palavra de Deus pela Igreja é decisiva para a fé do cristão (61); faz-se necessário, “uma pastoral bíblica” entendida como “animação bíblica da pastoral, que seja escola de interpretação ou conhecimento da Palavra, de comunhão com Jesus ou oração com a Palavra, e de evangelização inculturada ou de proclamação da Palavra”.(63) O ministério da Palavra exige o ministério da catequese porque “fortalece a conversão inicial e permite que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia”.(64)
  
Para viver a experiência de Deus dentro de nós é preciso escutar. É preciso abrir a Bíblia para ouvir e acolher o que Ele fala. A espiritualidade missionária exprime-se, antes de tudo, no viver em plena docilidade ao Espírito, e em deixar-se plasmar interiormente por Ele, para se tornar cada vez mais semelhante a Cristo. Não se pode testemunhar Cristo sem espelhar Sua Imagem, que é gravada em nós por obra e graça do Espírito.
  
Que a experiência sempre renovada de Deus gere entre nós novas relações e fortaleça nossas comunidades na construção de novas formas de convivência com a Amazônia, que passam pela revalorização do saber local, da biodiversidade e de um novo contexto que, segundo Armando Dias Mendes, se nos impõe por si, de uma hiléia humanizada e de uma floresta urbanizada.

Fonte: Pastoral da Comunicação

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