Sexta-feira, 17 de dezembro de 2021 - 12h17
(*), Bagé, 17.12.2021
A pura
raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo com a força
de um tufão. A raça hispano-mourisca será abatida. (New Orleans Creole Courier,
1.855)
O
Cruzador “Wilmington”, comandado pelo
Capitão-de-Fragata Chapman Coleman Todd, aportou em Belém, no dia 10.03.1899, e
depois em Manaus, em 25.03.1899, onde deveria aguardar autorização federal para
poder prosseguir sua viagem até Iquitos. Os arrogantes nautas que tinham sido
recebidos com tanta cortesia em terras brasileiras evadiram-se sorrateiramente
rumo a Iquitos, na madrugada de 05.04.1899, com os faróis de navegação
apagados, para passarem desapercebidos pelas autoridades portuárias, antes
mesmo de ter recebido a devida autorização do Governo Federal, já que se
tratava de um navio de guerra.
A
atitude hostil do Comandante Todd refletia muito bem o estado de espírito dos “Yankees” que ainda deleitavam-se
inebriados com a facílima vitória contra a Espanha, na guerra pela
independência de Cuba, em 1898. Poder-se-ia considerar encerrado o aziago
imbróglio, se este não recebesse um notável e picante catalisador materializado
pelas informações bombásticas, divulgadas por Galvez na edição de 03.06.1899,
da “Província do Pará”.
Galvez
afirmava que o objetivo da viagem de Todd, era
viabilizar um acordo para a exploração da
borracha em terras bolivianas por uma “chartered-company” ([1]) e entregá-lo ao Presidente William McKinley. Em Manaus o
Ministro plenipotenciário boliviano, José Paravicini, o Vice-cônsul boliviano
Luiz Truco e o Cônsul norte-americano, K. K. Kennedy elaboraram as linhas
gerais do acordo no qual os E.U.A. comprometiam-se a apoiar diplomaticamente a
Bolívia na defesa do “seu território”
no Alto Acre, Alto Purus e Iaco, e, em caso de guerra com o Brasil,
fornecer-lhe armas e financiamento além de receber em hipoteca as rendas das
alfândegas bolivianas.
A
divulgação do acordo articulado por Todd, alarmou a população e as autoridades
dos estados do Pará e Amazonas e a campanha anti-norte-americana recrudesceu,
apesar dos desmentidos de Paravicini e da falaciosa notícia de que McKinley
reprovava a atitude de Todd e censurava seus contatos com os peruanos,
demitindo-o.
Protagonistas do Imbróglio da U.s.s Wilmington
Governador do Pará: Dr. Paes de Carvalho
O Dr. José Paes de Carvalho nasceu em Belém, PA, em 1850. Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica de Lisboa e formou-se em medicina na Escola Cirúrgica de Lisboa.
Integrou o corpo clínico do Hospital de Caridade da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Em 1886, participou da fundação do Clube Republicano do Pará, sendo eleito seu Presidente em 1889.
Nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, de 15.09.1890, foi eleito Senador do Estado do Pará, selecionado como segundo secretário da Constituinte e signatário da Constituição de 1891. Governou o Estado do Pará de 01.02.1897 a 01.02.1901. Em 1903, foi eleito Senador, reeleito exerceu o mandato no Senado Federal até 31.01.1912. Faleceu em Paris no dia 17.03.1943.
Governador do Amazonas: Ramalho Júnior
Galeria de Imagens
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