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Sandra Castiel

A CASA DAS OITO MULHERES



Eram sete filhas, uma mãe e um pai; na verdade a casa era das sete filhas pois a mãe e o pai estavam sempre trabalhando fora. Como eram muitas, havia três gerações de filhas; entre as mais velhas existia certa cumplicidade: troca de vestidos, troca de batons, troca de esmaltes para as unhas, coisas assim. As do meio faziam tudo para imitar as mais velhas, e as menores contentavam-se em admirar-lhes os preparativos para as festas, um sonho!

Vestidos tomara-que-caia, meias de seda com costura na parte de trás e as joias, estas um capítulo à parte: pérolas no pescoço, brincos de ouro e pedras preciosas, anéis e pulseiras, enfim, pura magia! Por baixo dos belos vestidos, os corpetes e as combinações: rendadas, delicadas, bordadas... De tudo emanava um suave perfume de jasmim.

Quando as mais velhas chegavam das festas, as pequenas tratavam de acordar para vê-las desmanchar os penteados, descalçar os belos sapatos de saltos altíssimos, tirar as ligas que prendiam as meias de seda e ouvir-lhes os relatos e os comentários que trocavam entre si sobre a noite: seu contentamento ou decepções, namorados, quem dançou com quem, como eram os trajes de fulana e beltrana, coisas assim. 

O tempo passou e a casa das oito mulheres ficou maior à medida que foram deixando a casa; até que restou apenas a matriarca, pois o pai se fora para outro plano. Um dia partiu a mãe. Ficaram vazios os cômodos. E as paredes até tornaram-se mais altas e sombrias. As filhas mais novas, que agora são idosas senhoras, quando visitam a casa ainda parecem ouvir risadas e soluços; algumas vezes, chega-lhes a impressão do burburinho de quando estavam todas juntas. E, entranhado nas velhas paredes, aquele inconfundível perfume de jasmim...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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