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Robson Oliveira

É preciso apurar se houve ou não dano ao contribuinte


É preciso apurar se houve ou não dano ao contribuinte - Gente de Opinião

Perplexidade

A forma como reagiu o Presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, deputado estadual Hermínio Coelho (PSD), ao adjetivo ‘desequilibrado’ dito pelo governador do estado, Confúcio Moura (PMDB), durante uma entrevista numa emissora de rádio em Ji-Paraná, causou perplexidade nas hostes governistas pelo fato de imputar à esposa do governador o recebimento de um suposto cheque oriundo de malfeitos.

 

Fac-símile

Numa coletiva nada convencional (sábado à tarde), Hermínio apresentou cópias de cheques que teriam sido destinados ao cunhado, irmãs e esposa do governador. Verificando tais cópias não é possível afirmar peremptoriamente que os recursos sacados ou depositados tiveram essas pessoas como destinatárias. Mas é possível rastreá-los pelo sistema de compensação, microfilmagem, inclusive por câmeras que ficam dentro das agências registrando as pessoas que entram e saem. A denúncia é grave e cabe agora uma investigação apurada que verifique para quais contas ou pessoas tais recursos foram destinados.

 

É preciso apurar se houve ou não dano ao contribuinte - Gente de Opinião

Sigilo

Assim que a denúncia veio à tona, Confúcio Moura suspendeu a agenda no interior do estado e voltou à capital para uma reunião de emergência com o Chefe do Ministério Público Estadual onde colocou à disposição o sigilo bancário da esposa e dele próprio para serem investigados. Agiu corretamente e de forma imediata, facilitando a verificação da denúncia de que um dos cheques foi supostamente depositado nas contas da primeira dama.

 

Reputação

Não há nenhum indicativo, nem publicamente nem nos bastidores, de que a primeira dama tenha envolvimento com malfeitos ou tráfico de influência. Ao contrário, o comportamento dela em relação às questões do Governo sempre foi exemplar.

 

Dano

Ao imputar à esposa do governador o depósito de um dos cheques oriundos de malfeitos, Hermínio Coelho está obrigado a comprovar cabalmente sua denúncia, senão o adjetivo negativo a ele dirigido pelo governador será pouco pelo dano que terá provocado uma acusação dessa gravidade contra uma pessoa que pauta a vida pela discrição e dignidade. Na hipótese de comprovar, o governo acaba.

 

A s n e i r aÉ preciso apurar se houve ou não dano ao contribuinte - Gente de Opinião

No primeiro contato com a imprensa após as denúncias, Confúcio Moura perdeu uma boa oportunidade de agir totalmente diferente do que seu antecessor quando colaboradores ou pessoas próximas da cozinha foram alvos de denúncias. “Cada um responde pelo seu CPF”, teria dito o governador. Negativo, isto não é resposta para um chefe de Estado com a administração sob suspeita. O contribuinte espera do governador declarações contundentes e firmes, não asneiras.

 

Clone

A atitude correta que Moura deveria ter adotado era exigir que cunhado, irmã ou assessores sejam investigados e desautorizar publicamente que utilizem os laços sanguíneos em eventuais malfeitos. Senão cai na mesmice que tanto criticou no antecessor.

 

Coxias

Não é segredo que Assis Oliveira (não tem relação parental com o escriba), cunhado de Confúcio Moura, perambula por aí com ar de quem tem influência política. É uma pessoa de difícil convivência e chegado a arroubos agressivos. Já as irmãs do governador, detestadas por oito em dez auxiliares do governador, mandam e são implacáveis com quem não reza nas suas cartilhas. São empecilhos quase intransponíveis na eventual campanha de reeleição de Moura. Caso consiga sobreviver ao tiroteio.

 

Entulho

Se Confúcio Moura quiser melhorar o governo e dar a volta por cima, vai ser obrigado a se livrar do entulho que tanto tem arranhado uma biografia administrativa escrita com muito trabalho e muito afinco. A situação hoje é crítica. Tanto politicamente quanto administrativamente.

 

Curiosidade

De acordo com a coletiva, Hermínio revelou que as cópias dos cheques chegaram as suas mãos anonimamente. Claro que ninguém experimentado na esfera policial nem do jornalismo investigativo acredita nesta possibilidade, visto que já existiam ilações nos bastidores do Poder Legislativo sobre o fato. Uma curiosidade que emerge desta confusão é: qual motivo levou o deputado a demorar em anunciar a denúncia e porque não a encaminhou imediatamente aos órgãos de investigação e aos pares assim que aportaram “anonimamente” as suas mãos?

 

É preciso apurar se houve ou não dano ao contribuinte - Gente de OpiniãoC P I

O deputado Hermínio Coelho ameaçou abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para arrancar do cargo de governador Confúcio Moura. Passado mais de sessenta horas desde a inusitada coletiva o deputado não conseguiu o número de parlamentares necessário para instalar a CPI. Desde que assumiu a condução do Legislativo o deputado não deixou um dia sequer de alfinetar o governador e lançar impréperios contra sua honra. Irritado com as provocações, Moura reagiu.

 

Reunião

Nesta segunda-feira, pela manhã, Confúcio reuniu dezesete dos vinte e quatro deputados estaduais quando avaliou a crise entre os dois poderes. A coluna apurou que neste primeiro roud o governador conseguiu mais apoio dos membros da ALE do que o próprio preside e que os parlamentares não concordam com a proposta de cassar o governador. Hermínio pode ter cometido um erro fatal que pode lhe custar caro. Aguardemos os desdobramentos.

 

Retrospectiva

O clima de beligerância entre os dois Poderes é o pior possível. Quem tiver tempo para pesquisar sobre o tema vai perceber que não é de hoje o clima belicoso entre Executivo e Legislativo estaduais. Basta lembrar as ameaças feitas pelos ex-presidentes Marco Donadon, Natanael Silva, Carlão de Oliveira e Valter Araújo contra o governador de plantão. A história se repete. Esperamos que seja apenas mais uma farsa porque Rondônia não aguenta outra tragédia política.

 

Rastro

Não passou despercebido da coluna que um dos cheques foi depositado nas contas de uma famosa ‘factoring’ e que tem seu nome sempre mencionado em investigações policiais. Aliás, descobriu-se recentemente que o proprietário possuía mais de um CPF. E nome.

 

Féretro

Independentemente do resultado da investigação, algo é certo: coisa pública não é local para abrigar familiares. Todas as vezes que misturam relações políticas com relações familiares o resultado é desastroso. Apesar dos exemplos fartos e ruins, os governantes insistem na velha fórmula equivocada de escalar parentes para cargos de confiança. Sabem que quando eles falam, os interlocutores entendem como uma ordem enviada pelo parente superior. Na última campanha eleitoral da capital, por exemplo, foram inúmeras as vezes que fizeram ilações contra a reputação do irmão do prefeito eleito. Mesmo sem nada de concreto. O ideal é deixar a família longe da ‘viúva’. Antes que o mandatário vire o defunto.

 

Articulador

Falta ao governador uma pessoa capaz de dialogar com serenidade com os poderes, ágil na articulação política e competente no trato com a coisa pública. Encontrar alguém com este perfil disponível é difícil, mas o suplente de senador Tomaz Correia tem as qualidades para dar conta do recado. Apesar de falar o que pensa sem mensurar as conseqüências.

 

Amotinados

Quem também não deve estar nada contente com o governador é o clã dos Gurgarcz que teve um de seus membros (o vice-governador) alvo de críticas do presidente do PMDB, Tomaz Correia. Acusam o vice-governador de estimular Hermínio Coelho a boicotar uma votação de interesse do governo na Assembléia Legislativa relativa a recursos do DETRAN. O choque entre titular e vice é mais gasolina neste fogaréu que queima as vaidades dos amotinados e não faltará quem defenda a cassação do primeiro para a entronação do segundo.

 

Trava

A Câmara dos Deputados deverá colocar em pauta ainda neste final de ano um projeto que promete muita confusão entre parlamentares que sonham com uma janela pós-eleições municipais para mudar de partido sem perder seus mandatos. Proposto pelo deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), o projeto suspende o fundo partidário e o tempo de TV e rádio para os novos partidos, até que se submetam à próxima eleição parlamentar. Para conseguir o direito, ficariam dependendo do resultado das urnas e não do número de parlamentares que conseguiram filiar depois de fundados. Uma boa medida que coloca um ferrolho na janela.

 

Fiero

Esta coluna alertou no primeiro semestre que as eleições da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero) poderiam estar eivadas de irregularidades. O grupo que se aboletou na entidade patronal fará o que puder para não perder o controle. Essas entidades que têm o caixa irrigado com recursos fiscais precisam ser mais bem fiscalizadas e prestar contas à sociedade. Tá na hora de abrir o baú.

 

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Avisado

Outro órgão que vem sendo alvo de denúncias é o Iperon. A coluna também já havia avisado que as aplicações feitas no mercado financeiro vinham sendo contestadas por quem conhecia as operações. É preciso agora apurar se houve ou não dano ao contribuinte. O atual dirigente garante que não. A ver!
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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