Rondônia, um Estado de 30 anos

Embora Rondônia tenha uma história centenária, ligada às obras da Estrada de Ferro Madeira–Mamoré, oficialmente a data magna do Estado é o dia 4 de janeiro, que remonta à sua instalação, em 1982.

Ao completar 30 anos como Estado, Rondônia se afirma como Estado promissor, na condição de síntese da alma nacional, tendo recebido predominantemente a valiosa contribuição étnica dos povos amazônico, nordestino e sulista.
 

                                               Os governadores

Além de Jorge Teixeira e do breve interregno de Janilene Vasconcelos de Melo, em 1984, Rondônia teve mais oito governadores, a maioria dos quais de origem paranaense. O professor paulista e deputado estadual Ângelo Angelim, nascido em 1935, foi o último governador “biônico” de Rondônia, nomeado para a o período 1985/1987. “Biônico” era o apelido dado aos governantes nomeados pela ditadura. Jerônimo Garcia de Santana, popularmente conhecido como “o homem da bengala”, foi o primeiro governador eleito diretamente. Goiano, bacharel em Direito, nasceu em 1934. Foi deputado federal, prefeito de Porto Velho eleito em 1985 e governou de 1987 a1991. Osvaldo Piana Filho é rondoniense da gema, tendo nascido em Porto Velho em 1949. Médico, deputado estadual, foi presidente da Assembleia Legislativa e governou o Estado entre 1991 e 1994. Waldir Raupp de Matos, que antes de governar Rondônia e se eleger ao Senado foi também vereador em Cacoal e prefeito de Rolim de Moura, é catarinense, nascido em 1955. Administrou o Estado entre anos de 1995 e 1998. José de Abreu Bianco, advogado paranaense, nascido em 1944, foi deputado estadual, prefeito de Ji-Paraná, senador e governador entre 1999-2002. Ivo Narciso Cassol, mais um catarinense a governar Rondônia, foi também o primeiro governador a ser reeleito. Prefeito de Rolim de Moura e senador, Cassol nasceu em 1959. Exerceu o governo de Rondônia em duplo período, de 2003 a 2010. João Aparecido Cahulla, outro paranaense, cerealista, nasceu em 1954 e foi secretário de Administração, além de chefe de gabinete da Prefeitura de Rolim de Moura. Chamado por Cassol para a Casa Civil do governo do Estado, foi eleito na chapa de Cassol à reeleição, assumindo o governo com a renúncia do governador, em 31 de março de 2010. Confúcio Aires Moura, médico, nasceu em 1948 no atual Estado do Tocantins. Militar, formou-se em medicina pela Universidade Federal de Goiás. Professor, deputado federal e prefeito de Ariquemes, em 2010 foi eleito governador do Estado.

Em 4 de janeiro de 1982, a posse do primeiro governador do Estado, o coronel Jorge Teixeira de Oliveira (1922–1987), conhecido popularmente como Teixeirão. Gaúcho de General Câmara, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, ele governou Rondônia governou até 1985, quando o deputado estadual Ângelo Angelim, presidente da Assembleia Legislativa, foi nomeado pelo presidente José Sarney – nos últimos suspiros da ditadura, os governadores de Estado ainda eram nomeados pelo presidente da República.

Oficial do Exército Brasileiro, Jorge Teixeira iniciou sua carreira militar como aspirante da Arma de Artilharia na Academia Militar das Agulhas Negras, em 1947. Formou-se também em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Paraquedista oficial de Estado-Maior e especialista em guerra na selva, Teixeira foi o criador e primeiro comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e primeiro comandante do Colégio Militar de Manaus (CMM).

Primeira governadora - Após passar para a reserva no posto de coronel, em 1973, recebeu convite para assumir a Prefeitura de Manaus, onde ficou até março de 1979. Foi também o último governador do antigo Território Federal de Rondônia e o primeiro governador do novo estado. Ele foi nomeado pelo presidente da República João Figueiredo, assumindo em 10 de abril de 1979, com a principal tarefa de transformar o Território Federal de Rondônia em Estado.

Em 16 de dezembro de 1981 a Câmara Federal aprovou projeto de lei que deu origem à Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981, que instituía a nova unidade da Federação o Estado de Rondônia. Cumprida a tarefa de organizar a instalação do Estado, Teixeirão permaneceu no cargo, sendo reempossado em 29 de dezembro de 1981, em Brasília, agora não mais como governador territorial, mas de Estado.

Antes da posse de Angelim como seu substituto, porém, porém, Rondônia foi o primeiro Estado a ter uma governadora: em janeiro de 1984, durante licença de saúde do governador Teixeira, assumiu a paraibana Janilene Vasconcelos de Melo. Advogada, administradora e contadora, Janilene Vasconcelos de Melo já na gestão do governador territorial Humberto Guedes (1975/1979) integrou a equipe encarregada de promover a reforma administrativa.

Ela foi chefe do Núcleo Administrativo da Secretaria de Administração e Finanças e coordenadora substituta da Seplan. Com a investidura de Jorge Teixeira, em 1979 como governador distrital, ela foi designada como secretária-adjunta e, posteriormente, titular da pasta da Seplan. Nessa condição, representara o governo de Rondônia na assinatura do convênio para a implantação do Polonoroeste, em atos realizados em Brasília, Rio de Janeiro e Washington.

Sua eficiência a fez merecedora da indicação presidencial para gerir Rondônia durante a licença do governador Teixeira, entre 3 de janeiro e 15 de fevereiro de 1984.

Estágios históricos - Para chegar à instalação oficial de 4 de janeiro de 1982, Rondônia passou por vários estágios históricos. Depois da epopeia da ferrovia Madeira–Mamoré, a Revolução de 1930 deu ensejo ao projeto de criação de novos territórios federais, que o ditador Getúlio Vargas pôs em prática ao baixar o decreto-lei 5.812, em 13 de setembro de 1943.

Alguns anos antes ele decidira conhecer pessoalmente a região para constatar a necessidade de criar uma nova unidade da Federação. Dessa visita, em outubro de 1940, resultou a criação do Território Federal do Guaporé, cujo nome foi alterado em 17 de fevereiro de 1956, com a lei 2.731 o Território Federal do Guaporé muda a denominação para Território Federal de Rondônia.

Por que Rondônia? Em 1912, o médico Edgar Roquette-Pinto (1884–1954) integrou a Comissão Rondon, que explorou a região sob as ordens do então tenente, logo promovido a coronel, Cândido Mariano da Silva Rondon (1865–1958).

Em palestra no Museu Nacional, em 1915, Roquette-Pinto propôs que se desse oficialmente à região Noroeste do Brasil a denominação de Rondônia significando “a região de Rondon”. Data dessa época, aliás, a instalação do município de Porto Velho.

O médico, tornado célebre por ter iniciado as transmissões de rádio no Brasil, sintetizou seu trabalho em 1917, e reforçou sua proposta ao lançar o livro Rondônia – Antropologia etnográfica, considerado um clássico mundial do gênero.