Segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 - 14h45
O advogado José de Abreu Bianco, 69 anos de idade, natural de Apucarana (PR), se transferiu para Rondônia ainda jovem, nos anos 70, como milhares de migrantes paranaenses. Casado, pai de três filhos, torcedor do Corinthians, ele tem uma das trajetórias políticas mais marcantes em Rondônia e está longe da aposentadoria. Em 1982, foi o deputado estadual mais votado em Rondônia, um verdadeiro recordista de votos, algo em torno de 8.200 mil votos, que seria o equivalente a quase 50 mil votos nos dias de hoje. Logo em seguida foi eleito presidente da Assembleia Constituinte, posteriormente emplacando vitórias na prefeitura de Ji-Paraná, ao Senado – foi o mais votado em 94 – e uma grande virada ao governo em 98, desbancando o então governador Valdir Raupp. Em 2002, no malogrado projeto de reeleição foi derrotado no segundo turno para seu afilhado político, Ivo Cassol, se recuperando nas urnas com a eleição a prefeito de Ji-Paraná, em 2004, sendo reeleito em 2008. Confira abaixo a trajetória de um dos personagem políticos mais importantes da história recente do Estado.
Diário – Como foi sua vinda para Rondônia nos anos 70?
Bianco – Vim como advogado. Cheguei à Vila de Rondônia, que tinha pouco mais de cinco mil habitantes. Hoje, como município de Ji-Paraná, são 120 mil. Vim para advogar e como Vila de Rondônia era distrito de Porto Velho logo que eu cheguei fui envolvido e liderando o movimento pela emancipação política do distrito, o que aconteceu ao final de 1977.
Diário – Em 1982 o Sr. foi o deputado estadual mais votado. A campanha foi fácil?
Bianco – Não foi fácil. Nenhuma campanha é fácil. Como já estava liderando este movimento da Vila de Rondônia se transformar em município e era também um desportista conhecido, meu nome contava com alguma projeção. Também militava com extensão de cartório de registros de Porto Velho onde os agricultores registravam suas propriedades também de Ouro Preto, Presidente Médici, enfim em toda região. Tudo isso, mais o apoio do governador Teixeirão, que era nosso maior líder, ajudou.
Diário – E a eleição à Presidência da Assembleia Constituinte?
Bianco – O PDS, o meu partido, contava com 15 deputados contra nove do PMDB. Como fui o mais votado e tinha boa ligação com o governador Teixeirão e o presidente do partido, Claudionor Roriz, contei com estes importantes apoiamentos para a vitória. Mas não tive facilidades, pois tinha o Amizael (já falecido) que era ligado ao Odacir (em alta na época, o senador mais votado) e era muito experiente e também pleiteava o cargo.
Diário – Porque não deu certo a dobradinha Odacir governador e Bianco vice, em 86?
Bianco – Politicamente eu estava muito bem na época e minha vontade era ser deputado federal. Mas me convenceram a ser vice do Odacir em 86. Disputamos com o Jerônimo Santana, que era um ícone do PMDB. Foi um desastre. Ele tinha o apelo do PMDB, em alta na época. Foi uma decisão fruto da minha inexperiência.
Diário – Em 1988 o Sr. obteve uma grande vitória na disputa pela prefeitura em Ji-Paraná. Uma eleição em que o Sr. estava em baixa…
Bianco – De fato, aquela eleição foi porque Deus quis que eu ganhasse. Em 88, sem mandato, o adversário era o deputado federal, José Viana, do PMDB, que desfrutava grande prestígio. Um nome evangélico, respeitadíssimo. O Jerônimo Santana era o governador, o Orestes, vice. Trabalhei muito naquela eleição para uma grande virada. Eu já tinha uma base, uma folha de serviços prestada para a Capital da BR e isso funcionou bem.
Diário – Nas eleições de 94 o Sr. foi o senador mais votado de Rondônia…
Bianco – Naquela eleição, inicialmente eu era candidato a governador e isso foi até bem próximo da convenção. Então chegou o Chiquilito (NR: já falecido) me comunicando que ele seria o candidato. Como ele era o nosso líder, desisti da minha candidatura, resolvi disputar o Senado e apoiá-lo naquela disputa.
Diário – Mas o Sr. fez imposições para ser candidato ao Senado…
Bianco – É verdade. Eu era do PFL e o Chiquilito queria que eu disputasse o cargo pelo PDT. Então exigi que viessem dirigentes nacionais do PDT para acertar a filiação, porque em seguida meu desejo era voltar para o PFL. E foi isso que aconteceu. Mesmo com Chiquilito perdendo, foi uma campanha vitoriosa. Nossa coligação elegeu dois senadores, eu e o Amorim, e uma boa bancada de deputados estaduais e federais.
Diário – Na disputa ao governo, em 98, como conseguiu reverter o favoritismo do então governador, Valdir Raupp?
Bianco – Foi com muito trabalho já que tinham muitos candidatos no primeiro turno. Foi fruto de trabalho de equipe. Fui bem votado na Capital, minha base de Ji-Paraná e o entorno sempre me deu sustentação, nunca me faltou. E aí, com a forte sustentação da Capital, consegui virar.
Diário – Quais foram as dificuldades no seu projeto de reeleição, em 2002?
Bianco – Na verdade foi um governo muito difícil. Era preciso reorganizar o Estado, cortar gastos, reduzir a folha. Coisas realmente desgastantes, houve o episódio das demissões. O tamanho do governo estava muito grande, muitas dívidas, muita desorganização, mas consegui ajustar a máquina administrativa e deixei o governo em boas condições para meu sucessor.
Diário – Depois de ter sido de deputado a governador em Rondônia, porque o Sr. resolveu disputar a prefeitura de Ji-Paraná, em 2004?
Bianco – Realmente é uma situação minha, de foro intimo. Fiquei dois anos sem cargo e quando veio 2004 entendi que precisava fazer alguma coisa para recuperar Ji-Paraná, cuja situação estava igual ou quase tão dramática que o governo do Estado, em 98. Aí veio a decisão de convidar o Canuto como meu vice e tocar um projeto de recuperação.
Diário – Que balanço o Sr. faz depois oito anos no Palácio Urupá?
Bianco- Penso que conseguimos avançar bastante. A situação que encontramos era grave, tanto isso é verdade que justificou o slogan daquela administração que começou em 2005, Governo da Reconstrução. Porque foi preciso reconstruir muita coisa. Tivemos muitos avanços, mas acho que o feito maior que consegui fazer na prefeitura foi o que eu chamo de apaziguamento político em prol de Ji-Paraná. Ou seja, antes o prefeito só buscava apoio nos parlamentares que eram do seu partido ou da coligação. A partir de 2005, quebrei esse paradigma, busquei trabalhar com todos os parlamentares, inclusive com ex-adversários. Eu, dos Democratas, fazendo parceria com o PT, PDT, e até com o PMDB. Era um tabu. Acredito que essa união foi meu legado mais importante, minha maior obra em Ji-Paraná. Esta união de esforços recuperou a cidade e esta forma de governar, com todos os partidos, se espalhou depois a vários municípios.
Diário – Depois de deixar a prefeitura de Ji-Paraná, quais são agora seus projetos futuros?
Bianco – Então, agora já trabalhamos para 2014, portanto tem bastante tempo. A minha pretensão é concorrer a um cargo de eleição proporcional, deputado federal ou estadual. E, sendo assim, a primeira providência a partir de março será buscar o fortalecimento do meu partido, que passa por uma crise nacional.
Diário – O Democratas começa a se afastar do PSDB buscando composições futuras com outras agremiações no âmbito nacional. Como o Sr. vê este posicionamento?
Bianco – Isso não vai influenciar nada em nosso Estado. Cada Estado terá que tocar a sua vida. Além disso, temos ótimas relações com o PSDB local.
Diário – Como está a estrutura do DEM para a campanha de 2014?
Bianco –É preciso buscar uma reorganização. Vamos renovar os diretórios municipais. É um trabalho que exige muita disposição e planejamento, que farei a partir do mês de março com campanha de filiações, de motivação. Vamos criar a ala jovem, o comitê feminino, etc.
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