Quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013 - 08h07
Por MATIAS MENDES
O fato de o pessoal do PT, com a exclusão da nesga que constitui a exceção, haver sido colhido nas malhas da Polícia Federal com suas quadrilhas bem organizadas nas esferas estadual e municipal não significa exatamente que foi o PT que inventou tal processo, até porque o PT nunca se revelou capaz de criar nada de novo, limitou-se apenas a copiar os antigos métodos de prática de corrupção já em voga no Brasil. A única novidade foi a avidez dos petistas pela bufunfa das maracutaias e a contradição brutal entre a dialética moralista do partido e a vocação donadoniana de seus membros para a gatunagem descarada e explícita.
Na verdade, conquanto tal detalhe não sirva de argumento de defesa para Roberto Sobrinho e a sua bem organizada quadrilha municipal, o processo de instituição da corrupção em Rondônia foi iniciado mesmo pelo PMDB logo que Jerônimo Santana venceu a primeira eleição para Governador em 1986. Foi Jerônimo Santana que trouxe para Rondônia a equipe paranaense especializada em crime organizado no serviço público. No Paraná, de onde eles vieram, eram já todos conhecidos e famigerados pelas suas práticas delituosas. Eram todos integrantes da poderosa quadrilha do senador peemedebista José Richa e foram enviados a Rondônia para se porem ao fresco da Justiça do Paraná e abastecer os cofres da quadrilha do senador paranaense, principalmente com o farto ouro do Madeira que na época ditava os rumos da economia rondoniense.
De tal modo, Jerônimo Santana recebeu como asseclas especializados o escroque Erasmo Garanhão, que foi instalado na SEFIN, o estelionatário Adaílton Bittencourt, que foi instalado em outra Secretaria de caráter estratégico, o punguista de nome Leprowost, que foi estrategicamente posicionado no setor do Beron que operava a compra do ouro do Madeira, e Marcelino Federal Hermida, especialista em assaltos a bancos e pistolagem, que foi instalado exatamente na presidência do Beron. Da numerosa raia miúda da quadrilha é dispensável falar, sendo que um dos mais destacados era um filho de Marcelino Federal Hermida que exercia o comando dos pistoleiros.
Foi essa corja paranaense quem se encarregou de montar na estrutura administrativa do no Estado em processo de estruturação todos os mecanismos necessários ao funcionamento da corrupção dentro da máquina administrativa. E eles fizeram tudo com métodos criminosamente cartesianos. Erasmo Garanhão montou no âmbito da Receita Estadual um poderoso esquema com elementos trazidos do Paraná, forjou um concurso mandrake no qual mais de 90% dos aprovados eram de origem paranaense e cuidou de outros detalhes para deixar a máquina de arrecadação da quadrilha perfeitamente azeitada. Adaílton Bittecourt encarregou-se de ajeitar as maracutaias na Secretaria de Administração, principalmente a enxurrada de documentos falsos e outras trapalhadas diretamente importadas como enlatados do Estado do Paraná. Do seu posto privilegiado na presidência do Banco do Estado, devidamente protegido pelo exército de mercenários comandado pelo filho, Marcelino Federal Hermida procedeu a criterioso assalto ao Beron, coadjuvado por Leprowost, que foi um dos primeiros a arribar de Rondônia levando na bagagem 500kg (meia tonelada) de ouro comprado pelo Beron. Todos estes fatos foram alvos de denúncias na época, entretanto ninguém foi preso e o Estado nunca recuperou o ouro levado por Leprowost para o Paraná. A quadrilha do senador José Richa capitalizou-se à vontade no governo de Jerônimo Santana. A desgraceira nas finanças do Estado só não foi maior porque na época não havia ainda o instituto da reeleição, porque se houvesse Jerônimo Santana teria sido reeleito e completado o saque criminoso no Estado.
Nas eleições de 1990, sabendo das traquinagens que havia capitaneado, Jerônimo Santana lançou o seu vice Orestes Muniz como candidato ao Governo e o preposto do senador Richa, Adaílton Bittencourt, foi lançado como candidato ao Senado, mas nem o jogo pesado da máquina governista conseguiu o milagre de fazê-los decolar. De tal modo, três candidatos chegaram embolados no primeiro turno das eleições, tecnicamente empatados, Olavo Pires pelo PTB, Valdir Raupp pelo PRN e Oswaldo Pianna pelo PTR. Olavo Pires acabou sendo assassinado, muito provavelmente por um dos mercenários do exército invisível comandado pelo filho de Marcelino Federal Hermida, possibilidade que nunca foi sequer investigada. O grupo de criminosos paranaenses tinha sobejas razões para temer que Olavo Pires, depois de eleito Governador, embora também não fosse nenhum santo, resolvesse desmontar a estrutura criminosa organizada por Jerônimo Santana e seus asseclas paranaenses.
Voltando ao páreo eleitoral na condição de terceiro colocado, Oswaldo Pianna acabou sendo eleito Governador e perdeu a oportunidade histórica de livrar Rondônia do monstruoso esquema criminoso montado dentro da máquina do Estado, ensejando as prescrições dos crimes cometidos pela quadrilha que Jerônimo Santana encastelou na máquina administrativa do Estado, assunto que será objeto de maiores detalhamentos nos próximos artigos desta série que hoje inicio valendo-me dos preciosos assentamentos do meu Centro de Informações que alguns babacas afirmam que não existe.
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