Terça-feira, 12 de março de 2013 - 05h25
Por MATIAS MENDES
O Promotor de Justiça Edilberto Tabalipa, que, no último final de semana, em Ariquemes, reagiu contra os assaltantes que invadiram a sua casa, fez a coisa mais correta possível, não se rendeu aos assaltantes, como não deveriam render-se nenhuns homens de bem em tal situação, a despeito da pregação da Polícia de que ninguém deve reagir a assaltos. Em não se rendendo aos assaltantes, o Promotor deu uma lição à sociedade de como deve se comportar um homem de bem, com o devido preparo para se defender, diante da agressão covarde de meliantes. Caso ele não houvesse agido com tal grau de energia, imagine-se o que poderia haver acontecido de abusos contra a integridade física e moral dos seus familiares.
Sem qualquer receio de parecer politicamente incorreto, eu me reservo o direito de elogiar esse bravo Promotor de Justiça, pela sua coragem, pela sua perícia, pelo seu tirocínio (sem trocadilho) em perceber por antecipação que naquele momento crítico e tenso sua família dependia exclusivamente dele para não ser abusada. E ele reagiu com competência, errou por pouco o tiro mais aconselhável, mas acertou em cheio um tiro altamente incapacitante, que é o tiro no pé do adversário. Um inimigo com o pé comprometido fica rigorosamente meio liquidado, sem um pé não tem bom atirador, não tem bom lutador de artes marciais, não tem bom espadachim e, sobretudo, não tem possibilidade de fuga. Quando se estuda a anatomia humana em escolas de guerra, aprende-se a forma mais correta de ferir ou matar um homem da forma mais segura e conveniente, e o tiro no pé é uma das opções mais convenientes para imobilizar oponentes quando não se considera mais necessário liquidá-lo de vez. Por efeito da gravidade, o ferimento sangra bastante e a fartura de tendões contribui para que a lesão no pé deixe o indivíduo quase sempre irremediavelmente rengo pelo resto da vida, incapacitado para exercer várias profissões, inclusive e principalmente a de natureza militar ou policial. Receber um tiro no pé é uma das piores desgraças que podem ocorrer a um ladrão, pois as sequelas de tal ferimento o incapacitam para as fugas rápidas, comprometem sua mobilidade e o obrigam a migrar para modalidades de crimes menos violentos ou fazer a opção por uma vida honesta, quando o indivíduo ainda tem algum resquício de caráter aproveitável.
Ao contrário de tudo que pregam as autoridades policiais, a atitude ideal do cidadão deveria mesmo ser a de reagir com energia a qualquer ação de bandidos. Pena que nem todo mundo tem competência para tal. No caso específico desse Promotor de Justiça, ele simplesmente mostrou à sociedade que a sobrevivência diante de criminosos é possível quando se tem coragem e perícia suficientes, não se comportando nunca como aquele Capitão-PM que, em Porto Velho, se rendeu a delinquentes juvenis que invadiram a sua casa e obedeceu à ordem de deitar-se para ser simplesmente executado com um tiro na nuca... O Promotor lá de Ariquemes é exatamente o antípoda do policial militar que não soube empregar os conhecimentos que tinha no momento crítico de defender sua vida e as vidas dos seus familiares. São essas atitudes que distinguem uns homens de outros.
O Promotor de Justiça foi bondoso demais com o meliante ao deixá-lo com vida. Não devia. Desafetos muito jovens têm perspectivas de muitos anos de vida, tempo bastante para arquitetarem vinganças, principalmente em casos como esse que não resultam em longas penas. De tal modo, o Promotor de Justiça não mais poderá permanecer em Ariquemes, sob pena de ser alvo de comparsas ou parentes do bandido cuja vida ele poupou. O inimigo cuja vida poupamos hoje poderá vir a ser o nosso implacável carrasco de amanhã, mormente sendo ainda muito jovem. Esse membro do Ministério Público doravante deve ser protegido de forma especial por policiais capacitados para segurança pelo seu excesso de nobreza. Se ele houvesse executado o invasor, conforme a lei lhe assegurava o direito de fazê-lo, os meliantes sobreviventes talvez nunca mais o incomodassem, até para permanecerem incógnitos, mas nas circunstâncias atuais o Promotor ficou de fato exposto ao perigo de uma vingança, já que os invasores da sua casa vão se aperfeiçoar nas técnicas do crime durante a temporada que vão ficar no sistema penitenciário, muito embora, pela pouca idade dos membros da quadrilha juvenil, tudo indica que a permanência deles no presídio será perigosamente curta. Pessoalmente, não sou a favor da preservação da vida dos ladrões, não acredito na reabilitação deles, não lobrigo nenhuma razão para deixá-los com vida sempre que temos a oportunidade de eliminá-los em atos de homicídio privilegiado, quando a lei excepcionalmente nos faculta o direito de suprimir a vida de um agressor. Entendo, porém, que o Promotor de Justiça, além do fato de não querer horrorizar sua família com o cadáver do criminoso dentro de sua casa, fez a opção pela ação pedagógica, deu um recado clássico aos criminosos de que no Brasil dos homens de bem desarmados pela ação governamental ainda restam alguns poucos com capacidade real de reação e com a necessária coragem para defender seus lares até a última consequência.
Agora que os criminosos estão devidamente encarcerados, por certo que irão aparecer os cultores da tese dos direitos humanos para defendê-los com unhas e dentes. Dirão por certo que são elementos muito jovens, que tudo não passou de um desvio momentâneo de conduta bem próprio da juventude, que são indivíduos recuperáveis pela educação, que merecem uma nova chance da sociedade, enfim, a mesma cantilena que estamos já cansados de ouvir em tais casos. Pura balela. Sottises. Conversar para ninar bovinos... Assim que eles votarem às ruas, vão cometer novamente as mesmas tropelias, as mesmas safadezas, os mesmos abusos, os mesmos desrespeitos às famílias alheias. Só espero e torço para que o Promotor de Justiça que viabilizou a prisão de todos eles nunca venha a ter razões para se arrepender do seu gesto de nobreza e compaixão, perfeitamente compreensível na índole de um homem de bem, mas extremamente temerário quando se trata de lidar com criminosos desprovidos de qualquer resquício de escrúpulos. O ato desse Promotor de Justiça foi de fato heroico, só espero que ele seja de fato reconhecido como o herói que é, e não como o vilão que a dialética torta a serviço do crime é bem capaz de dizer no futuro, no momento de decidir o caso no Tribunal.
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