Sábado, 20 de abril de 2013 - 05h52
William Haverly Martins
A idade avança, a gente vai perdendo o tesão do protesto, o élan da indignação. A escrita frequente e voluntária sofre o vagar de quem já não acredita em transformação oriunda dos gritos solitários da alma: estava mesmo pensando em parar de expor minha escabreação frente à constante inoperância dos políticos, minha irritação diante da incapacidade de gerenciamento da cultura de nosso estado. Estou cansando de malhar em ferro frio.
Mas o espelho não se cansa de me cobrar, de me mostrar os matizes da palidez do desgosto, me apontando a necessidade de permitir o retorno da união da medula espinhal com o cérebro: volto à ativa, abrindo fogo com os canhões verbais do desejo de mudança, mesmo sem horizontes, mesmo não me vendo na liderança de movimentos socioculturais de massa. O conformismo nunca foi minha praia, assumo o verbo dos formadores de opinião. E grito! um grito bege, mas ainda assim um grito que pode despertar ecos, um grito de quem chuta o balde na certeza do barulho, na esperança de acordar os que comungam do sonho da valorização da nossa cultura regional.
Depois do bronco Cassol, não acreditava que outro ocupasse o espaço com tanta inapetência pela cultura do estado. O eleito, médico e escritor, nos fez acreditar na felicidade regional, via democratização das instituições, via hipocrisia de palanque: foi e está sendo apenas mais um do rol dos políticos sem estirpe, iguais no fardo e no sonho de se locupletarem. Primeiro falam demagogicamente, depois agem, sem escrúpulos e sem pudor.
Já se foram três secretários na SECEL demitidos por se envolverems no mar de lama da corrupção. A cara parva do governador, a falta de pulso e o gaguejo próprio dos dúbios, não o eximem da culpa de lotear seu governo, nos moldes do que se faz no governo federal, com o intuito de se conseguir a tal governabilidade. Falta bom senso...
A Academia de Letras de Rondônia e os livros da Biblioteca Dr. José Pontes Pinto foram, igualmente, desalojados do prédio da Avenida Farquhar, pelo inculto e feio Ivo Cassol: já se passaram mais de dois anos da administração Confúcio e a Acler continua sem a sua sede própria, doada pelo ex-governador José de Abreu Bianco; e os livros da biblioteca, lamentavelmente, continuam amontoados num depósito/cemitério do prédio do relógio (atual sede da SECEL), sem cumprir a missão sagrada de difundir conhecimento.
E o que dizer de centenas de peças indígenas garimpadas em vários estados pelo grande médico, antropólogo, etnólogo e estudioso da flora amazônica, Dr. Ary Pena Pinheiro Tupinambá, doadas ao Governo do Estado, para complementar o acervo do museu estadual, e que estão jogadas feito lixo numa sala do mesmo prédio referido anteriormente.
Ano passado, a realização do Arraial Flor do Maracujá, a maior festa folclórica do Norte do Brasil, foi transferida de junho para setembro, festas juninas viraram setembrinas. Este ano ninguém sabe se acontecerá, a desconfiança do público atinge o píncaro do gráfico da indignação: a ira dos que acreditaram nas promessas de palanque pode transformar pacatos cidadãos em violentos modificadores deste estado de coisas!
O carnaval deste ano aconteceu pela metade... O governo está devendo as cotas prometidas aos bois que participaram do duelo da fronteira, em Guajará. Não há incentivo aos esportes: muitos de nossos jovens esportistas estão sendo patrocinados por governos de outros estados. Se há tanta deficiência na capital, imaginem no interior...
As próximas eleições estão se aproximando e o povo precisa entender que a democracia depende da natureza da cultura cívica e política de nossa gente, da mobilização para se discutir os desafios e as soluções. Eu sei que é difícil não rotular os políticos, como farinha do mesmo saco, mas o voto e a prática dele é a única arma disponibilizada pela democracia a quem precisa exercer a cidadania e, de certa forma, trocar os políticos que não deram certo. Não se pode perder a esperança no ser humano, nem achar que qualquer brasileiro, ao se tornar político, vira um crápula.
Quinta feira passada (18/04), participei, como vice-presidente da ACLER e presidente da ACRM, da convocação do companheiro Zekatraca aos produtores culturais do estado, para juntos discutirmos a forma de participação nas decisões da SECEL e forçar o governo a nos ouvir na escolha do próximo secretário. Estamos aguardando o resultado da reunião ocorrida na Casa de Cultura Ivan Marrocos, com grande afluência do público envolvido com as atividades da Cultura Regional, já que o encontrou gerou uma Carta que seria entregue diretamente ao Governador.
A ex-vereadora e candidata derrotada do PSDB à prefeitura da capital disse em sua página do Face, que estava nos EUA para conhecer o sistema educacional daquele país de primeiro mundo, com a intenção de entender o modelo, ou aprender um pouco mais, trocar informações culturais com nossos parceiros comerciais. Quanto mais conhece o modelo americano mais se apavora com o tamanho do abismo que nos separa, com a necessidade da longa caminhada para chegarmos ao menos nos arredores das conquistas educacionais dos gringos. Abismo cultural maior, só o que separa o Confúcio governador do Confúcio filósofo:
“Saber o que é correto e não o fazer é falta de coragem.”
“É preciso mudar para que haja constante felicidade e sabedoria.” Confúcio, filósofo chinês (551 a.C.-479)
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da Acler – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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