Sábado, 4 de maio de 2013 - 16h55
Por Roberto Gutierrez
Politicamente, o maior prejudicado com a investida de Tomás Correia em querer acabar com o Fundo Emergencial de Febre Aftosa (FEFA), será o senador Valdir Raupp (PMDB).
Tomás diz que age por vontade própria, mas, convencer os pecuaristas de Rondônia que isso é verdade, não será tarefa fácil.
Aliás, por falta de um FEFA para ajudá-lo, foi que Raupp deixou o governo de Rondônia com as fronteiras do Estado fechadas para a exportação de carne bovina e derivados, quando era governador.
Foi no governo de Bianco, seu sucessor, que foi criado a agência Idaron e em menos de três anos e meio, Rondônia se tornou um Estado na categoria livre da febre aftosa com vacinação, com reconhecimento internacional.
Não estou com isso dizendo que a culpa do embargo contra Rondônia na era Raupp governador, seja culpa dele, afinal, a realidade de Rondônia era outra e os pecuaristas engatinhavam no tocante a organização.
Passados esses anos, Rondônia se tornou um bom exemplo de combate à febre aftosa no Brasil, e todos os estados, sem distinção, mandaram técnicos e representantes de instituições de defesa sanitária animal conhecer um pouco da receita de sucesso adotada por Rondônia. Ponto positivo para a Parceria criada entre o Setor Público e o Setor Privado. O Pecuarista mobilizado e motivado, aliado à competência dos Técnicos da IDARON é que possibilitou a grande vitória em tão pouco tempo, diga-se de passagem, Rondônia ainda é recordista neste prazo.
Por mais que um governo do Estado queira, não conseguirá garantir uma defesa sanitária animal eficiente em caso de um surto se não tiver apoio condicional dos pecuaristas, é fato! Tem que haver dinheiro suficiente e disponível para fazer frente a emergência, pode existir até dinheiro público, mas liberá-lo na velocidade necessária é que é o grande problema de Rondônia e de todos os outros Estados.
Por isso a parceira público-privada, no caso com o FEFA, é importante.
Você acha que o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul iriam ficar tristes com um foco de aftosa em Rondônia? Dariam pulos de alegria, porque são 12 milhões de cabeças de alta qualidade a menos no mercado nacional.
Tenta imaginar o prejuízo para a cadeia produtiva do Estado de Rondônia. Tenta imaginar isso para as cidades que têm o pagamento do leite com calendário mais importante da economia local?
Principalmente agora que estamos embarcando a primeira carga de carne para os Estados Unidos! Uma conquista da seriedade de como foram conduzidos as ações de sanidade animal em Rondônia.
Acabar com o FEFA, conforme quer o suplente de senador Tomás Correia, simplesmente porque está com o orgulho ferido, é de uma pequenez assustadora. Ou será que existem outros interesses?
Vejam só, com referência a matéria publicada num blog da capital, com há um total desconhecimento a cerca das responsabilidades que são compartilhadas entre o setor público e privado, cláusula fundamental do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa - PNEFA e regulamentada pelas Legislações pertinentes, Instrução Normativa nº44/2007 do MAPA, Decreto Federal nº 5.741/2006 e a Portaria nº50/97, senão vejamos: a comparação pretendida por vocês carece de fundamentação técnica e legal, pois a estruturação dos serviços de Defesa Sanitária é responsabilidade do Estado, do Setor Público e está regulamentada através da Portaria nº. 50/97 do Ministério da Agricultura e Pecuária, que dispõe sobre a Classificação dos Estados segundo os níveis de riscos para a Febre Aftosa. Ao Setor Privado cabe apoiar com as ações complementares as ações oficiais desenvolvidas pela Agência Idaron, conforme dispõe o Decreto Federal nº 5.741/2006 em seu artigo 1º, §1º, inciso IV.
As ações não podem ser sobrepostas conforme o senhor Tomás Correia imagina, ou seja, não cabe ao FEFA/RO ter Unidades de Atendimento Veterinário, Médicos Veterinários, Engenheiros Agrônomos, Técnicos Agropecuários, nem veículos para atendimento, por que? Porque as ações de Defesa Agropecuária são ações indelegáveis de Estado.
Só digo uma coisa: na hora em que, Deus nos livre que isso aconteça, surgir um foco de aftosa em Rondônia, quero saber se o Tomás vai querer aparecer na foto ao lado da bancarrota da economia de Rondônia.
Não quero acreditar na entrevista do ex-governador Jerônimo Santana publicada há dois domingos no Jornal Diário da Amazônia:
Diário: Por que o senhor decidiu sair do PMDB?
Jerônimo: Lá tem boas pessoas, mas tem ainda muita gente ruim. Me arrependo até hoje de entregar a prefeitura para o meu vice, o ex-prefeito Tomás Correia. É oportunista. O PMDB está quebrado. Eles conseguiram fazer isso. O Luiz Lenze é outro.
Jerônimo, antes de sair candidato a governador de Rondônia, ele era prefeito de Porto Velho. Renunciou para se tornar o primeiro governo eleito do Estado.
Tomás, eu te conheço não é de hoje. Tenho satisfação em dizer que o tenho como amigo. Sei das tuas qualidades, da tua capacidade que, aliás, te saístes bem no Senado cobrindo a licença do Raupp. Não cometa suicídio Político e tão pouco deixe Rondônia se esvair nesse haraquiri.
Rondônia está acima dessas coisas.
O futuro da pecuária de Rondônia está nas mãos do governador Confúcio Moura. Eu aposto todas as fichas que ele tem competência e sensibilidade para resolver isso. Confúcio, bata na mesa, não deixe forças mesquinhas interferirem. O momento é do verdadeiro governo da cooperação.
*Roberto Gutierrez é jornalista e acompanha a evolução dos setores produtivos de Roônia desde a década 70.
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