Quarta-feira, 27 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Vinício Carrilho

Vergonha Nacional pronto-mas-não-pronto


            Vergonha Nacional pronto-mas-não-pronto - Gente de Opinião

           Quantas obras estão paradas, com a verba torrada em grande parte para financiar a corrupção e não os meios de conclusão da própria obra?

            O Engenhão, no Rio de Janeiro, estádio criado no PAN-2007, só voltará a abrigar jogos em 2015. A imensa maioria dos estádios construídos ou reformados para a Copa de 2014 já consumiu uma vez e meia a mais do que o previsto em seus custos iniciais.

            Rondônia não ficaria de fora do saldo desastroso que complica totalmente a vida comum do homem médio e danifica a governabilidade de quem quer que seja.

            Em Porto Velho, segundo nota de Sérgio Pires no gentedeopinião, a Ponte do Rio Madeira só será entregue em 2014/2015.

            Como em muitas outras obras pelo país afora, em que algum dinheiro público foi ao menos aplicado em parte, temos obras prontas-mas-não-prontas; é que falta tão pouco para acabar que praticamente acabou.

Mas, como diferem de algum interesse escuso, não ficaram prontas e não ficarão até sanar a gula de mais dinheiro público corrompido. É o caso de todos os viadutos que vão, mas não vão, no entorno de Porto Velho.

Temos muitas coisas no Brasilque devemos lamentar, além das obras prontas-mas-não-prontas, a começar da cultura da falta de vergonha.

Aliás, é uma vergonha, sem dúvida, que obras quase prontas não fiquem prontas ou que, prontas, mostrem-se inacabadas, porque houve falhas na estrutura, no projeto ou no acabamento.

Em todo caso, o pilar mesmo da vergonha nacional é estenovo conceito de estilo metafísicoem que odever-serestá sempre quase pronto; mas, claro, nem sempre pronto.

Temos agora uma vergonha nacional da falta de lógica, do bom senso que também foi roubado. Por isso, o conceito da vergonha nacional é este pronto-mas-não-pronto.

As únicas coisas prontas, realmente, são a sanha em cobrar mais impostos e a corrupção contumaz. No Brasil, pela espécie metafísica, contumaz quer dizer quanto-mais-melhor.

A aritmética é mais ou menos assim: quanto mais dinheiro público e menos uso correto, melhor. No Brasil pós-moderno, a República foi surrupiada; por isso, os recursos públicos acabam privados.

Será que todos entendem isso? – ainda que essa lógica da corrupção do Estado pelas elites seja secular e nem tão-pós-moderna-assim.

De certo modo, tudo que é meio novo pelo mundo afora, a começar das traquinagens contra o Estado e a favor do enriquecimento ilícito, évelho conhecido da cultura nacional.

Será que consegui explicar a falta de lógica da cretinice nacional? É que sofremos da lógica-não-tão-lógica-assimde que o público tem de ser privatizado – e de forma contumaz!

                                                                                                                

Vinício Carrilho Martinez

Professor Adjunto III da Universidade Federal de Rondônia - UFRO

Departamento de Ciências Jurídicas/DCJ

Pós-Doutor pela UNESP/SP

Doutor pela Universidade de São Paulo

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 27 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Todos os golpes são racistas

Todos os golpes são racistas

Todos os golpes no Brasil são racistas.          Sejam grandes ou pequenos, os golpes são racistas.          É a nossa história, da nossa formação

Emancipação e Autonomia

Emancipação e Autonomia

Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a

O terrorista e o Leviatã

O terrorista e o Leviatã

O que o terrorista faz, primordialmente?Provoca terror - que se manifesta nos sentimentos primordiais, os mais antigos e soterrados da humanidade q

Direitos Humanos Fundamentais

Direitos Humanos Fundamentais

Os direitos fundamentais têm esse título porque são a base de outros direitos e das garantias necessárias (também fundamentais) à sua ocorrência, fr

Gente de Opinião Quarta-feira, 27 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)