Quinta-feira, 27 de junho de 2013 - 11h12
por Reginaldo Trindade[1]
O noticiário recente nos brindou com alvissareira notícia: a prisão do Deputado Estadual Marcos Antônio Donadon e a iminente prisão do irmão dele, o Deputado Federal Natan Donadon. Sabidamente, um terceiro parente da ilustre família também possui sérios problemas com a Justiça – eufemismo e generalização propositais.
A Família Donadon há muito era (é?) a dona da região sul do Estado. Colorado e Vilhena, os polos mais importantes, foram administradas várias vezes por representantes do clã. O singelo fato de os irmãos serem presos no curso de mandato parlamentar, na Casa de Leis regional e federal, é bem indicativo do prestígio político dos Donadon em Rondônia.
Infelizmente, muito infelizmente mesmo, não é a única família com semelhante sucesso nas urnas no Estado e – o que realmente se lamenta – possui membros igualmente com muitos problemas nas mais diferentes justiças (federal, estadual, eleitoral etc.).
Auguremos todos sobreviver para, num bela manhã de dois mil e..., sermos acordados com a notícia de novas prisões de outros ilustres, provenientes de que família bandida for, bastando apenas que estejam barbarizando o interesse público, o interesse de todos os cidadãos de bem deste Estado ou de qualquer outro da Federação.
A razão pela qual pessoas com ficha corrida tão extensa ainda logrem êxito nas urnas (no país inteiro, não apenas em Rondônia – feliz ou infelizmente) mereceria um tratado; mas não é disso que se quer cuidar hoje, não.
Escreve-se mesmo para realçar o quão importante e simbólico é que tais prisões ocorram no turbulento contexto atual, com a população inteira saindo às ruas para clamar (também) contra a corrupção, raiz maior dos males que assolam o país.
Claro que os mais céticos dirão que eles ficarão presos apenas por alguns dias ou horas; que neste país ninguém, com um mínimo de prestígio e poder político ou de qualquer outra ordem, fica preso por muito tempo etc.
Aos pessimistas de plantão devemos alertar que até pouco tempo atrás (tempo histórico, que fique bem claro) era impensável prender parlamentares, juízes, membros do Ministério Público e quaisquer outras altas autoridades no Brasil. Mesmo com a redemocratização do país, ainda levamos alguns bons anos para que isso fosse, ao menos, imaginável.
Na verdade, estamos num permanente processo de construção de dias melhores. É um processo lento, difícil, pouco perceptível para o cidadão comum. E a construção de um país melhor depende de todos, do mais ilustre ao mais modesto. Os travesseiros são individuais – cada pessoa de bem dessa continental terra deve recostar a cabeça ao final da jornada com a tranquilidade de que fez sua parte – seja ela qual for. Dormindo o sono dos justos.
É um verdadeiro trabalho de formiguinha esse de construir um Brasil melhor.
As pessoas de bem, que têm largado suas vidas e saído às ruas para protestar, devem ser reverenciadas porque estão colocando seus tijolos nesse imenso edifício.
O povo precisa se conscientizar de sua capacidade e poder; mas, também, de suas limitações, ou melhor, das limitações que permeiam todo o processo: passados os movimentos, superadas as passeatas, todos constatarão que a saúde ainda é muito ruim, assim como a educação e que, sobretudo, a corrupção ainda nos aflige a todos.
Devemos parar os protestos, suspender as manifestações? Nunca. Jamais. No fundo, será a permanente vigilância do povo que assegurará a edificação de um país verdadeiramente justo, onde a dignidade do ser humano não seja apenas um conceito vazio e incompreensível na Constituição e nos livros de história.
Voltando –ou tentando voltar – ao que verdadeiramente motivou estas linhas, quando Antônio Carlos Magalhães foi defenestrado do Congresso Nacional por fato bem menos grave do que os que se praticam nestas paragens (não que ele fosse santo, não), alguém disse que “o dono da Capitania Hereditária da Bahia havia caído” – numa referência histórico-poética muito interessante, que remontava a tempos remotos no país, em que a pessoa “ilustre”, com “grande prestígio político”, era literalmente proprietária de uma região do Brasil, perpetuando-se no poder – ele e todos seus “eminentes” parentes – à custa disso e do que mais fosse (eleições viciadas, dinheiro, voto de cabresto etc.). Para desgraça de todos!
Festejemos, pois, todos nós, cidadãos de bem dessa maravilhosa Rondônia. Os donos da Capitania Hereditária do Cone Sul já não existem mais. Quem serão os próximos a cair?
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