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Sérgio Ramos

ENCHENTE NÃO É TSUNAMI


 
Por Sérgio Ramos
 

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Um texto de desejo de tragédia, felizmente, vai ficar somente o desejo mesmo, foi o que o jornalista Lúcio Flávio escreveu sobre a enchente do Madeira. É o tipo do texto que não esclarece nada e ainda ajuda na boataria de que a enchente tem influencia das usinas, e que a barragem de Jirau pode arrebentar. Ou seja, uma irresponsabilidade. Então resolvi analisar o seu texto. As partes do texto em vermelho é do autor, em preto, são as minhas considerações. O link para o texto do jornalista é esse: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/cartas-amazonia/tsunami-na-amazônia-154706434.html
 
“Mais de duas mil famílias já tiveram que abandonar suas casas.”
Não são só famílias de Porto Velho, e esse número não foi confirmado. Os jornais locais preveem muito menos.
 
“Os danos, já avaliados em R$ 360 milhões”.
Gostaria de conhecer as bases desse cálculo.
 
“A esperança é de que o rio possa ter um refluxo. Parou de chover em parte das suas cabeceiras. Logo, essa estiagem (que pode ser interrompida) deverá influir sobre o curso do rio, diminuindo o seu volume. Mas os estragos deverão continuar. A estação das chuvas se estende até abril.”
Achismo.


“A imagem do dilúvio deixa de ser um exagero diante desses paquidermes aquáticos, que atingem milhares de quilômetros de extensão.”
Poesia trágica pura. Definição de dilúvio: “o termo dilúvio refere-se a uma grande quantidade de chuvas, capazes de inundar e devastar toda uma região. Em sentido estrito, dilúvio, segundo diversas mitologias, foi uma terrível inundação que teria coberto todo o mundo, ou ao menos terras ancestrais de determinados povos. Porém não há evidências científicas que comprovem o caráter universal de tal acontecimento. O máximo de credibilidade que se pode atribuir a estes mitos são acontecimentos isolados que realmente aconteceram em algum momento da história de cada povo. (Wikipédia).
 
"Rondônia, porém, vive uma experiência diferente. O crescimento sem igual em um século do rio encontrou em seu caminho duas das maiores hidrelétricas do país, já em fase de operação. Foi o primeiro confronto do rio em sua plenitude conhecida e as duas enormes obras de concreto e ferro do homem, capazes de fornecer energia a seis milhões de pessoas."
Papo furado de ambientalista, que acha que pode continuar conectado na internet só com a força bruta da natureza.
 
"Em Porto Velho logo começou a circular o boato de que as duas barragens não suportariam a pressão excepcional das águas e romperiam. Um jornalista chegou a antecipar no seu blog que 50 mil pessoas morreriam afogadas se acontecesse o acidente. Seria o tsunami amazônico."
Mais poesia trágica. Apesar de escrever “boato”, o título do texto é “tsunami”.
 
"O boato escandaloso tem alguma razão de ser. O que estava ameaçado (ameaça ainda não totalmente descartada) era a ensecadeira de terra construída em frente à barragem da hidrelétrica de Jirau, a primeira das usinas no sentido do curso do rio. É uma barragem provisória para permitir a construção em seco. Quando a estrutura fica pronta, a ensecadeira é desfeita."
No fundo é isso mesmo. Para o Lúcio Flavio é essa a verdade, e ainda ajuda a criar expectativas negativas para a população que não tem muita informação. Isso sim está mais para um "tsunami" é o que está ajudando a causar em forma de pânico.
 
"Por coincidência, no exato momento em que o Madeira atingiu seu pique de vazão, de mais de 51 mil metros cúbicos de água por segundo, entrava em operação a 30ª das 50 unidades geradoras de Jirau, que passava a produzir 2.150 MW dos 3.750 MW que constituem sua capacidade nominal de energia (semelhante à da hidrelétrica seguinte, de Santo Antonio)."
Aqui está associando a enchente às hidrelétricas, como se elas gerassem água.
 
"Talvez a ensecadeira já tivesse sido destruída se um incidente providencial não tivesse acontecido. Para gerar ainda mais energia do que a capacidade de projeto, a hidrelétrica de Santo Antônio, rio abaixo, elevou sua cota acima do que fora aprovado. Com isso, gerou desentendimento com a Energia Sustentável do Brasil, a empresa que constrói Jirau."
Uma informação dessas merecia um fundamento.  Como assim “elevou sua cota acima do que fora aprovado”? Isso é uma denúncia?
 
"impasse subiu na esfera administrativa e ainda não foi resolvido. Para se proteger do efeito de remanso da água, em consequência do nível mais elevado de Santo Antonio, a ensecadeira de Jirau também foi alterada. Provavelmente isso a está salvando de ser arrastada pelo furioso Madeira."
Será que é remanso isso que ele chama de tsunami? Tudo bem, toda enchente tem correnteza e ela aumenta na medida que o rio enche, produzindo ondas. E é natural que as usinas assim como qualquer outra propriedade onde isso seja possível, deve ser aumentada a sua capacidade de evitar sofrer danos. Trata-se de uma cheia maior do que se tem noticias. Diria que é muito difícil se de prever, com exatidão.


"Se a ensecadeira sucumbir afinal, o prejuízo material (e de cronograma) será significativo. Ainda assim, não significa que a estrutura de concreto passe a sofrer o risco de ruir."
No final dar o braço a torcer. O título é só para chamar a atenção, mas no fundo ele sabe que esse tipo de construção não é feita de qualquer jeito. Tem engenharia nisso. Quantas hidrelétricas tiveram suas barragens rompidas por enchente no brasil? E no mundo?
 
"Se as características das duas hidrelétricas do Madeira é positiva por esse ângulo, deixando de inundar áreas maiores da floresta densa que ocupa as margens do rio (e suas populações), por outro lado, as barragens não desempenham a função de regular a vazão, formando reservatórios ou lagos artificiais, como o de Sobradinho (o maior do país, com 4,2 mil quilômetros quadrados) e Tucuruí (3 mil km2). Suas comportas praticamente não retêm água. O que chega à estrutura, passa."
"Isso é um tiro no pé, porque quando chegar estiagem as duas hidrelétricas terão problemas de geração. A opção por esse tipo de construção, arrisco afirmar, foi fruto de lobby ambientalista. A Dilma já percebeu a enrascada em que se meteu e prometeu – vamos ver se ela cumpre dessa vez – que vai autorizar a ampliação do lago de Belo Monte, nem que para isso tenha que enfrentar os ambientalistas (http://www.folhapolitica.org/2014/02/medo-de-apagao-faz-dilma-pensar-em.html), em função do que está ocorrendo no em outras partes do brasil. Hidrelétricas com baixo nível d’água, fazendo com que a matriz de geração de energia termoelétrica, que além de encarecer o valor da energia para o consumidor ainda polui muito, funcione a todo vapor. E não vi nenhum texto de ambientalista criticando isso. Só para termos uma ideia, quando a Termonorte estava em pleno funcionamento em Porto Velho, consumia cerca de 1.500.000 de litros de óleo diesel por dia. Talvez esse seja um dos motivos que os ambientalistas não querem que construam hidrelétricas no brasil – a China e quem tem o Maurice Strong, o criador da “onda sustentabilidade”, e o criador da Rio 92 e + 20, como consultor, e outros países estão progredindo de “vento em popa”, enquanto nós estamos voltando ao tempo da vida indígena - porque as ONG’s são patrocinadas, em grande parte pelas petroleiras. As petroleiras são as empresas que vendem óleo diesel (ver livro “UMA DEMÃO DE VERDE”, Eliane Dewar).
 
"E ao passar com o volume que o Madeira alcançou, sujeita tudo que está pelo caminho aos caprichos do enorme curso d’água. É algo a pensar antes de construir uma hidrelétrica atrás da outra numa região tão colossal e diferente como a Amazônia."
E no final, ele expõe o verdadeiro motivo porque deseja que fosse mesmo um tsunami a enchente do Madeira, e assim poderia escrever livros e mais livros sobre a belezas naturais da Amazônia sem hidrelétricas, enquanto envia mensagens de fumaça. Para fins didáticos: "tsunami é uma série de ondas gigantes, que se formam através de abalos sísmicos, e também são conhecidos como maremotos. Os tsunamis têm um enorme poder destrutivo, pois ganham forçam somente quando chegam na região costeira, formando ondas de mais de 30m de altura." (significados.com.br).
 
É a galera que quer tragédia. Ainda bem que os desejos deles não se realizam. Isto é tsunami. O que está ocorrendo no Madeira é enchente. Veja o vídeo.
http
://www.youtube.com/watch?v=GSwbgRno2dw&hd=1

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