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Alerta feito pelo CPRM indica que vem cheia grande por aí no Amazonas


A Crítica de Manaus
Carolina Silva

O nível do rio Negro este ano pode atingir a cota máxima de 29,49 metros. Essa é a previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que divulgou no final de março, o primeiro alerta de cheia para Manaus.

A previsão indica que a cota máxima do rio Negro em 2014 deve ficar 48 centímetros abaixo da registrada na cheia recorde de 2012, quando o nível das águas atingiu 29,97 metros.

Em relação à cheia do ano passado (29,33 metros), a sétima maior desde que o rio passou a ser monitorado no Porto de Manaus, em 1902, a previsão é que a cota máxima do rio Negro deste ano fique apenas 16 centímetros acima.

De acordo com o superintendente regional do CPRM, Marco Antônio Oliveira, o órgão prevê que a cota mínima este ano fique nos 28,79 metros. O alerta de cheia é baseado em dados obtidos por meio de estações que compõem uma rede de monitoramento do volume de chuvas e do nível dos rios na região.

O volume das águas do rio Solimões é o que determina a cheia do rio Negro, pois ele exerce um represamento natural no encontro das águas. E de acordo com o CPRM, o baixo Amazonas tem sofrido influência da cheia recorde do rio Madeira.

Porém, Marco Antônio Oliveira destaca que a influência da cheia do Madeira no Negro será pequena. “A influência para o Solimões é pequena neste momento. O baixo Amazonas está sendo influenciado pelas águas do Madeira agora. Quando ocorrer o pico da cheia para o rio Negro e para o Amazonas, que deve ocorrer no mês de junho, as águas do Madeira já terão baixado, portanto, a influência vai ser mínima”, explica.

No final de março a cota do rio Negro era de 26,62 metros. O nível registrado no mesmo dia em 2012 era 27,67 metros e no passado era de 26,88 metros. “O próximo alerta de cheia será dado no dia 30 de abril, e nesse alerta vamos poder aferir se essa primeira previsão está indicando realmente uma cheia grande ou se será uma cheia dentro da normalidade”, acrescentou Marco Antônio Oliveira.

Desde o dia 20 de março, o rio tem subido entre seis e nove centímetros. Segundo o CPRM, 75% das cheias do rio Negro finalizaram em junho.

Em números, 29,14 metros é a média do pico de cheia do rio Negro este ano, conforme o alerta do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), já que o nível das águas deverá oscilar entre os 28,79 metros e 29,49 metros. A previsão do primeiro alerta de cheia tem 70% de chance de acerto.

Padrão climático

O CPRM considera que grandes cheias do rio Negro - acima dos 29 metros - ocorram de 10 em 10 anos. “Isso aconteceu em 1979,89,99 e se repetiu em 2009”, lembra Marco Antônio Oliveira, superintendente regional do órgão.

Sobre o que tem influenciado para que duas grandes cheias tenham ocorrido consecutivamente, Oliveira explica: “Nós sempre associamos as cheias às chuvas. Então, se está havendo uma mudança no padrão climático, isso também influencia diretamente no nível dos rios”.

Com a previsão de uma grande cheia para este ano, a Defesa Civil de Manaus informou que nos próximos dias deve iniciar a construção de pontes de madeira em bairros que serão afetados.

“Com a cota de 27,50 metros já existem lugares que vão começar a alagar, como o bairro da Glória, as comunidades da Matinha e do Bariri, no bairro Presidente Vargas e Educandos”, disse o diretor do Departamento de Operações do órgão, Cláudio Belém.

A Defesa Civil Municipal também fará uma ação conjunta para amenizar os transtornos em ruas do Centro que são afetadas pela cheia.

Mais chuvas

De acordo com o Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam), a previsão é de mais chuvas para a região, condição que também influencia a cheia do rio Negro.

“Nós estamos na estação chuvosa e, na verdade, as chuvas da Amazônia Central começaram no mês de março e devem ir até meados de maio. Então, temos ainda muitas chuvas. Os meses de março e de abril são os mais chuvosos aqui na região e, com a chegada da zona de convergência intertropical, a expectativa é de muita chuva pelo menos nesses próximos 40 a 50 dias”, explica o meteorologista Ricardo Dallarosa, chefe da Divisão de Meteorologia do Sipam.

O especialista completa que o mês de março teve bastante precipitação “em função do forte fluxo de umidade do oceano e em função de que a Alta da Bolívia está muito ativa”. O fenômeno denominado Alta da Bolívia consiste numa grande área de instabilidade que se forma por conta do elevado calor e umidade gerado pela floresta Amazônica.

“Na região da Amazônia Legal estiveram abaixo do esperado desde dezembro. E em março que vieram pra valer”, acrescentou.

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