NO DEBATE, APENAS O BATE-BOCA

1.O debate da Band, realizado ontem, dia 09 de outubro 2014, mostrou os dois finalistas das eleições para governador completamente “despreparados”. “Eu estou preparado”. “Eu me preparei para ser governador”. Os dois candidatos usaram muito essas assertivas para mostrar que são capazes e possuem habilidade para o cargo. Mas, no debate da Band, como ocorreu no primeiro turno em todos os debates, eles dois só fizeram mesmo um bate-boca sem nenhuma fundamentação. A preocupação era desconstruir o oponente. “Mentiroso”, foi o mínimo que saiu. E coisas mais baixas não ocorreram porque as regras dos debates não permitem. Expedito e Confúcio chegam ao segundo turno nivelados por baixo e empatados nos 35%, em números absolutos de votos válidos. Confúcio obteve 288,2 mil votos e Expedito 284,3 mil votos. É empate técnico com nivelamento por baixo. E eles parecem ter assimilado a situação em que foram colocados.

2.No segundo turno, devido ao pouco tempo de campanha, a eleição já serádaqui a quinze dias, eles terão que desenvolver algumas estratégias emergenciais, e muitas preocupações. Mas não parecem preocupados com propostas e sim com desconstruir um ao outro. O governador Confúcio Moura, em busca da reeleição, baixou nível e pareceu muito nervoso no debate. Procurou mostrar as realizações do seu governo, mas não foi capaz de mostrar ao povo o que o povo mais quer: esperança de dias melhores com ele de novo no poder. Obras e realizações são importantes para qualquer gestor. No entanto, as perspectivas de um novo governo, ou a continuação do que está no cargo, dependem muito mais de esperança do que de realizações. Não fosse assim, a oposição jamais venceria.

3.O candidato Expedito tem ao seu favor essa condição. Ele pode, se souberfazer, transformar-se no cavaleiro da esperança porque não precisa apresentar realizações de governo. Mas tem ao seu desfavor, o que a propaganda governista está mostrando nesse início de segundo turno: o fato de ter sido cassado por compra de votos. Isto pode ser o seu calcanhar de Aquiles, como o do governador é a falta de propostas que mexam com a esperança de um povo. Observe-se o que ocorreu no primeiro turno em 32 municípios: o governador perdeu em todos, ora para Expedito, ora para Jaqueline Cassol, ora para o Padre Ton. Talvez os coordenadores da campanha do governador estejam avaliando esses estragos para adotarem nova linha de ação. Talvez nem estejam ligando pra isso.

4.O certo é que Expedito e Confúcio vão se engalfinhar nos debates e nos programas eleitorais e correm o risco de, se ficarem frente a frente nos debates, agredirem-se fisicamente, que Deus nos livre e guarde. Enquanto isso, estão esquecendo de avaliar duas votações que, queiram ou não queiram, irão definir o pleito. A primeira é a dos candidatos Jaqueline Cassol, Padre Ton e Pimenta de Rondônia, que somam 230,7 mil votos. A segunda é a dos candidatos a presidente. Senão, vejamos: Aécio, do PSDB de Expedito, venceu no estado com 371,7 mil votos. Dilma, que deverá apoiar Confúcio, ficou em segundo lugar com 345,2 mil votos. Para onde irão os votos dados a esses candidatos regionais e nacionais e como se comportarão os que votaram em Confúcio e Expedito? Haverá migração de votos? Fica a questão para os próximos debates, as próximas pesquisas e a urna eletrônica do dia 26 de outubro que está logo ali.

Historiador e analista político(*)