Sábado, 19 de agosto de 2006 - 23h12
Semana passada estivemos fazendo a cobertura do Festival Folclórico de Guajará-Mirim, na oportunidade tivemos o prazer de conhecer o seu Wilson Fernandes, pai do secretário de cultura do Estado de Rondônia Antônio Ocampo. Durante os três dias de Festival, sempre estávamos batendo papo com seu Wilson, um cidadão que está prestes a completar 86 anos. "Nasci aqui em Guajará-Mirim no dia 27 de setembro de 1919". Um dia seu Wilson contava as histórias de suas andanças pela mata, e o respeito que tinha e tem pelos índios. "Nunca fui importunado por um índio"; no outro, ele falava da cidade, dos antigos comerciantes e das pessoas influentes da época, lembra com emoção do trabalho de Dom Xavier Rei "Ele fez por Guajará o que nenhum governador ou prefeito fez". Chico Torres também é lembrado assim como as famílias tradicionais da Pérola do Mamoré, a vida social não passou em branco. "Onde foi o Guajará Hotel e hoje é um colégio, funcionou o Clube Columbino que era freqüentado só pelos chefões da Cia Madeira-Mamoré e seus convidados, em Porto Velho era o Internacional".
O interessante em seu Wilson é a mania de conservar coisas antigas. No quintal de sua casa que fica a rua Quinze de Novembro esquina com a Dez de Abril, existe um depósito cheio de tralhas. "Aí dentro tem de tudo, de machado de índio a bicicleta Gulliver com mais de 50 anos, de bala de canhão a chave de grifo gigante, assim como deve ter muito rato e barata". Foram três dias de agradável companhia. Seu Wilson não escondia a felicidade em nos receber juntamente com sua esposa, dona Maria Inêz. "Passamos dias e dias só nós dois aqui, os meninos moram em Porto Velho e só de vez em quando vêm aqui, é um prazer receber vocês". Antes de me despedir dele na tarde de domingo, prometi falar com a direção da Rede TV! no sentido de gravar uma matéria para a série "Os Pioneiros de Rondônia", afinal de contas, não é todo dia que a gente encontra um verdadeiro desbravador. Com vocês as histórias do seu Wilson Fernandes.
Zk - Primeiro o senhor vai dizer seu nome completo?
Wilson - O meu nome é Wilson Fernandes.
Zk - Onde e em que dia o senhor nasceu?
Wilson - Nascido aqui em Guajará-Mirim em 1919 no dia 27 de setembro. Vou completar 86 anos.
Zk - O senhor pode falar um pouco de Guajará-mirim?
Wilson - Dos meus 5/6 anos pra cá, me lembro de muita coisa, antes aqui ainda não tinha sido elevado a categoria de cidade, de município, ainda era uma vila. Vila de Esperidião Marques. De Santo Antonio pra cá, era Mato Grosso.
Zk – Guajará-Mirim passou a ser o nome da Vila desde quando?
Wilson - Sempre chamavam Guajará. Acontece que, como a cachoeira fica do lado de cá os bolivianos chamavam de Guajará que quer dizer cachoeira e mirim quer dizer pequena - Cachoeira Pequena ou Guajará Mirim.
Zk - Como era a vida na cidade naquele tempo?
Wilson - Naquele tempo a estrada de ferro acabara de ser inaugurada e tudo estava em expansão, o comercio prosperando e a cidade crescendo, era muito movimento.
Zk - Quem era os grandes naquela época em Guajará?
Wilson - Bem o comercio foi um tanto bom, mais aqui tinha os Melhens; Fares Nacerales, Manoel das Valakis, e um cidadão conhecido mais como Barateiro; o Marmori Filho; José Garcia do Amaral; depois veio o seu Vasilakis que se não estou enganado veio de Abunã pra cá.
Zk - E os Bennesby?
Wilson - Não os Bennesby vieram muito depois.
Zk - O senhor trabalhou na Estrada de Ferro Madeire Mamoré?
Wilson – Não, não trabalhei, mas o meu padrasto trabalhou o seu José Monteiro de Sousa. Fui funcionário dos Serviços de Navegação do Guaporé de onde passei depois para a prefeitura.
Zk – O senhor como funcionário do Serviço de Navegação do Guaporé o senhor viajou muito pelo Vale?
Wilson - Viajei pouco, eu era comandante, meu setor era mais no trafego, fiz algumas viagens, passava de 8 a 12 dias, dependendo da situação do rio, no inverno era melhor para viajar, no verão era muito seco, então tornava-se um pouco difícil, cuidadoso para viajar devido às cachoeiras, às pedras por ai.
Zk - Vamos falar da sua família?
Wilson – Meu pai era Paraense a minha mãe Cearense, agora tudo com descendências de Portugueses da parte da minha mãe e do meu pai.
Zk - O senhor casou aqui em Guajará-Mirim em que ano?
Wilson – Casei aqui em 1958, com a Maria Inêz, ela é filha daqui, o pai dela era Peruano e a mãe dela era Boliviana, ela nasceu aqui.
Zk - O senhor tem mania de guarda coisas antigas, como conseguiu essas peças?
Wilson – Consegui nas minhas andanças pela mata. Tenho machado de índio, e outras coisas.
Zk - O senhor gostava de andar na mata?
Wilson - Gostava demais, você passa a sua vida mais próxima da natureza, olha, nunca fui ofendido por um índio, sempre gostei deles, por causa da tradição. Outra coisa que sempre respeitei nossos negros que chegaram no tempo da escravidão. Hoje fico muito triste com a discriminação com negros e índios, afinal de contas, os índios é que são os donos do Brasil eles são os donos da terra.
Zk – É verdade que até a década de 50 os índios atacavam pessoas nas proximidades da cidade de Guajará Mirim?
Wilson – Até em 1957/58 ainda era perigoso. Aqui em frente onde hoje nós moramos, (em frente ao Hotel Lima) era o campo de aviação, por aqui os índios rondavam de um lado para o outro, era só mata, ali atrás onde hoje é o Batalhão era chamado de baixa da Manuela, uma pequena colônia agrícola.
Zk - Qual era a tribo?
Wilson – Eram várias tribos, hoje não me recordo mais os nomes. Tinha os Makurapes e tantos outros.
Zk – Em suas andanças pela mata, nunca foi importunado pelos índios. Tem alguma técnica especial para cativar os índios?
Wilson – Minha técnica era respeitar os índios, o que eu que encontrava de ferramentas, de coisa que não servia mais para o trabalho, eu deixava pra eles quando voltava lá depois de 10 ou 15 dias, eles já tinham pegado. Certa vez um índio já era civilizado me disse: O senhor pode andar na mata que índio não mexe com você. Isso sem dúvida, porque eu levava o material que eu não usava pra eles. Eles podiam até me conhecer porque eu não os conhecia, índio ve a gente mais a gente não ver eles.
Zk - O senhor chegou a visitar alguma aldeia?
Wilson – Visitei! No alto Rio Branco estive em cinco aldeias. Rio Branco fica perto do Rio Guaporé, ali foi um grande produtor de borracha, castanha, eu passei mais de mês lá, com os índios, eles já estavam meio civilizados cada tribo tinha suas malocas, mais eles se entendiam bem, agora, dali mais pro centro da mata já era perigoso, mais aqueles que estavam ali, não ofendiam ninguém.
Zk - O que o índio festejava?
Wilson – Geralmente nos finais de semana eles faziam festas, só que as músicas deles eram com instrumentos feitos por eles mesmos, flauta feita de taboca, realejo que é feito de taboquinha também, a musica e os ritmos, são característicos deles.
Zk – De quem era o Serviço de Navegação do Guaporé?
Wilson - Antigamente era Empresa Brasileira de Navegação, depois que passou a ser o território. Quem realmente criou o Serviço foi o Coronel Saldanha. Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha. Trabalhei no Serviço de Navegação no tempo dele. O Serviço já teve tanto e cada vez que muda de nome vai piorando a situação do serviço.
Zk – Os barcos do Serviço de Navegação iam até aonde?
Wilson - Ia de Guajará até Vila Bela de Mato Grosso a 1600 km, hoje já não faz mais isso, o Rio Guaporé está no abandono, essa é que é a verdade, um rio que pode se dizer rico, que trouxe tantas riqueza para essa região toda está em abandono. Por exemplo, onde hoje é Surpresa ninguém conseguia encostar porque os índios não deixavam, foi o seu Tancredo de Matos que conseguiu entrar em entendimento com os índios, e encostou lá. O nome Surpresa vem daí, para todo mundo foi uma surpresa ele ter conseguido convencer os índios e se instalar ali.
Zk - O senhor sabe como surgiu Guajará?
Wilson - Aqui era o primeiro Porto depois de se vencer a ultima cachoeira. Era o ponto de parada para recuperação das embarcações e de descanso, aí era chamado de guajará-mirim que é cachoeira pequena e também tinha mais uma outra cachoeira chamada de guajará açu (cachoeira grande), ali perto da praia que é chamada do Acácio.
Zk - Agora vamos falar dos políticos. Quem mandava em Guajará quando isso aqui passou a ser Território Federal do Guaporé?
Wilson – Olha, naquele tempo, a política era muito diferente o procedimento, tudo aquilo e mesmo naquela época, aqui já tinha a câmara dos vereadores já tinha tudo aqui em Guajará.
Zk – E a política no tempo de Aluízio Ferreira e Rondon?
Wilson - Isso já foi num tempo mais pra cá. Era uma política mais pesada. Eu ainda fiz uma viagem quando o Rondon se candidatou, fui até Vila Bela de Mato Grosso buscar ele e o doutor Renato Medeiros. Fui à vila Bela com duas embarcações. Acontece que o Aluízio Ferreira negou a embarcação do Serviço de Navegação do Território para buscá-los. Então o Joaquim Moraes que era o Prefeito mais alguns do lado do Renato, falaram comigo e eu fiz a viagem até Vila Bela.
Zk – Fale mais um pouco dessa mania de guardar as coisas?
Wilson - Sempre gostei das coisas antigas, até de conversar com pessoas mais velhas quando eu era criança, só para ouvir aquelas histórias que eles contavam. Hoje as pessoas mais novas não dão atenção para um mais velho, nem gosta de conversar com os velhos, eu gostava e eles gostavam de conversar comigo, me contavam coisa como, o sacrifício que foi a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, essa Estrada de Ferro tem uma coisa que prende a gente, aquelas dificuldades de trabalhar naquele tempo, que não tinha máquina, não tinha trator, não tinha motor não tinha nada e construíram isso dentro dos terrenos mais difíceis, pantanais, eles venceram tudo isso, carregando barro de padiola sem ter transporte. Aqueles homens foram verdadeiros heróis, enfrentando os índios, o Beribéri a Malaria. O Beribéri foi instinto na região, graça a Deus.
Zk - Quando existia a Madeira Mamoré e o Serviço de Navegação do Guaporé funcionando, corria muito dinheiro por aqui?
Wilson - O Serviço de Navegação do Guaporé junto com a Estrada faziam conexão um com o outro. O produto que vinha de baixo quem trazia era o Trem o Serviço de Navegação pegava e levava pra cima, para Costa Marques e as cidades do Vale. Na volta, eles traziam borracha, castanha, couro de animal silvestre, todas essas coisas e outros tipos de mercadorias vinham das fazendas do lado boliviano.
Zk – Além da borracha, outra coisa que tinha bastante por aqui era castanha. Por que parou a produção de castanha. Em Guajará tinha até usina de beneficiamento de castanha?
Wilson – Não sei o que houve, inclusive tinha a festa da castanha. Até hoje tem os prédios abandonados; era a Rondobor e a Rondex, uma se ocupava de beneficiar borracha e a outra, castanha, aquilo tinha dezenas de pessoas trabalhando, hoje acabou foi tudo, ta lá tudo abandonado. Ultimamente era dos Bennesby, mas, quem construiu foi o Seu Francisco Torres, o famoso Chico Torres.
Zk - O senhor viveu um tempo em que os remédios caseiros, chás, ungüento tudo era tirado da mata. Fale sobre as plantas medicinais?
Wilson – Conheço uma infinidade de plantas que servem para medicina, é uma questão de cultivar. Nossos índios têm uma verdadeira sabedoria na medicina.
Houve um tempo, que fui pedido emprestado da Prefeitura para administrar o hospital de Guajará; muito bem! Certa altura eu disse pros médicos numa reunião, que seria interessante nesse Brasil que o Ministério da Saúde distribuísse grupos de laboratórios para entrar em entendimento com os índios para aprenderem alguma coisa. O que vi de folhas, de coisas fabulosas lá no Rio Branco você não queira saber, é tanto, que dizem, índio morre de velho. Eu aprendi muitas coisas no tempo que morei na aldeia, não gosto de ensinar porque a pessoa pode fazer errado e me complicar. Uma vez ensinei um camarada e ele arrancou a planta errada. Na mata tem remédio pra tudo, inclusive pra catarata, uns dos casos que eu vi lá, foi à catarata externa, que é aquilo que os antigos chamavam de carne crescida, que vai avermelhando os olhos e vai crescendo, até chegar ao centro da visão e a pessoa perde a vista. O índio cura isso com a raiz do Jaborandi, hoje os americanos levaram nosso Jaborandi e estão nos vendendo produtos, como sabonete de Jaborandi, colírio na base do Jaborandi e no Brasil não fazem nada. Os alemãs estão ai junto com os nossos índios aprendendo e muitas vezes eles estão plantando o que é nosso. Esse é um país riquíssimo, de um povo pobre. Pobre por falta de aproveitamento das nossas coisas.
Zk - Vamos falar de uma pessoa que viveu e muito fez por Guajará e pela região. Dom Xavier Rei?
Wilson - Dom Xavier Reis chegou aqui em 1938. Aquele homem trabalhou aqui nessa região e fez o que nenhum governador fez. Um dos feitos dele que até hoje eu lembro, foi o Barco Hospital. Ele não era médico formado, mas antes de ele ir para o clero estudou medicina até o 4° ano. Ele construiu o barco e subia até Vila Bela atendendo tanto do lado do Brasil como do lado da Bolívia. Depois construiu escolas, acontece que nenhum professor da cidade queria ir pra beira do Guaporé. Como ele tinha feito o colégio em Guajará trouxe 28 meninas do Guaporé e internou, depois de 4 ou 5 anos elas já saíram formadas. Enquanto elas estavam estudando, ele estava no beiradão construindo escolas, depois delas formadas ele saiu distribuindo elas por ai, até nas aldeias de índios tinha escola feita por Dom Xavier Rei. Ele dizia sempre, sou Padre só na hora da missa. Ele era tudo, carpinteiro, mecânico, tudo que você imaginar.
Zk – Quer falar sobre a Colônia do Iata?
Wilson – Antes teve um núcleo agrícola, depois criaram um outro onde agora é Vila Nova do Iata. Tudo que se consumia de produtos agrícolas no Território do Guaporé naquele tempo, era produzido na Colônia do Iata. Inclusive, quem planejou Vila Nova fui eu. Quando fui pra lá, a Vila só tinha uma casa. Eu era topógrafo. Em Guajará fiz muitos serviços nessa área, os antigos daqui sabem disso. Fui tesoureiro por quase dez anos, fui desenhista progressista e até explorador da mata eu fui. Esse menino que é dono Guaraná Parecis às vezes ficava na tesouraria enquanto eu ia fazer serviço de topografia.
Zk – E a prefeitura não tinha como contratar topógrafo?
Wilson - Naquele tempo, no auge do garimpo, as companhias levavam os topógrafos. A prefeitura tinha dois topógrafos, o seu Armando Menezes e o seu Moacir.
Zk – Essa rua 15 de novembro onde o senhor mora hoje, existe desde quando?
Wilson - Na verdade, a rua central era a Mendonça Lima. Quando viemos morar aqui só tinha mato, o campo de aviação ainda era aqui em frente e o que existia era um varadouro de carroça. Não tina água, não tinha luz não tinha era nada.
Zk – Vamos falar sobre a vida social da cidade. Dos grandes clubes sociais?
Wilson - O Helênico foi um clube criado pelos Libaneses, ainda hoje o prédio existe só que está abandonado ali perto da delegacia federal. Vi muitas festas bonitas ali, Na realidade a alta sociedade se reunia no Helênico.
Zk - E o Guajará Hotel?
Wilson – O Guajará Hotel também se acabou. O governador Jorge Teixeira encampou o hotel naquele tempo, para construir o colégio e colocou nome da Senhora Mãe dele. Na realidade, no inicio, aquele prédio foi um clube freqüentado pelos construtores da Estrada de Ferro e que chamavam de Columbinos, tinha o Columbino aqui e em Porto Velho tinha o Clube Internacional.
Zk – Que história é essa de último avião?
Wilson - No ano retrasado fui a Costa Marques coma minha esposa Maria Inês e fomos de avião. Foi a ultima vez que o avião foi pra lá. Nós voltamos de lancha, ai eu fiquei olhando de um lado e outro. Do lado da Bolívia tem mais propriedade e do lado de cá está quase tudo acabado, quando eu passei em Conceição o chefe de lá era um cidadão de nome Lisboa, Conceição era uma espécie de miniatura de Costa Marque não tinha campo de aviação, mas, tinha escola, água encanada, tinha até escola de música porque ele era musico, agora, você passa por lá, não ver mais nada, é só mata. Aquilo era como uma cidade que devia ter progredido, agora acabou e assim outras propriedades por ai.
Zk – As ilhas que existem em frente da cidade de Guajará pertencem a Bolívia ou ao Brasil?
Wilson – O nome da principal, é Ilha Soares uma homenagem a uim cidadão que tinha uma criação de porcos, e seu nome era Soares. Na verdade a ilha é brasileira, porque o canal do Rio é do lado de lá (da Bolívia), isso foi esclarecido por Rondon e um Coronel Boliviano que era engenheiro hidroviário, então eles organizaram uma comissão e foram procurar esclarecer. Acontece que naquele tempo sempre tinha uma coisinha, brasileiro dizia que era dele e boliviano dizia que era dele, então eles foram com uma comissão subiram até muito e depois vieram fazendo estudo e chegaram na verdade a conclusão que a ilha era brasileira.
Zk – O senhor concorda que o ponto de maior movimento da Estra da Ferro Madeira Mamoré era Vila Murtinho?
Wilson - Vila Murtinho! Aquilo nadou em dinheiro, todo produto da Bolívia escoava por Vila Murtinho, agora você passa por lá e está tudo acabado até a Igreja. Naquele tempo vinha o trem de "lastro" como chamavam só pra levar produto da Bolívia. Vão criando uma coisa e vão abandonando outra.
Zk - O Senhor foi Boêmio?
Wilson - Não,eu nunca gostei disso porque era uma criação diferente de hoje, me lembro que quando ia ao cinema que era uma das diversão da gente, minha mãe dizia, o cinema termina dez e meia, até onze horas esteja aqui em casa. Primeiro era o cinema mudo, o filme era preto e branco, aparecia às legendas e depois as figuras, quando apareceu o primeiro cinema falado ixi nem queira saber. Depois de muito tempo fopi que veio o cinema em cores.
Zk - Seu Wilson nós estamos chegando no final da nossa entrevista. Vamos flar sobre seus filhos. Quantos são?
Wilson - Nós temos oito filhos todos nascido aqui em Guajará, são cinco homens e 3 mulheres, temos o Antônio Ocampo (secretário da Secel), Sérgio, Wilson que nós chamamos de Wilsinho, Fernando, o Cândido é o ultimo de todos e é o mais alto. As mulheres são, Neila, Nilva e Nélia, todos eles são formado
Zk - Hoje Guajará Mirim esta por conta de bois bumbas, como é isso?
Wilson – Bem, o boi aqui na nossa região vem dos tempos mais antigos quando eu nasci já existia dança do boi por aqui. A dona Gregori foi uma das que manteve a brincadeira de boi ela ganhou até um premio. Agora o boi se modernizou e está nas mãos de outras pessoas e quando chega o Festival é essa festa que você está vendo. Guajará respira Boi-Bumbá no mês de agosto.
Zk – Como o senhor se sentiu ao nos conceder essa entrevista?
Wilson - Isso é importante para nossa região, procurar pessoas que contem alguma história, eu estou contanto por pedaço um aqui e outro lá, e vai completando, nossa região, tem uma Historia bonita, dos tempos dos navegantes quando as viagem eram feitas a remo com quarenta e tantas corredeiras e cachoeiras, não é mais para o povo da nossa época, era aquele povo daquela época que eram os verdadeiros heróis enfrentavam as adversidades do tempo e chegavam. Palheta veio de Belém. Uma ocasião eu estava na prefeitura, quando ouvi uma secretária dizendo que o Igarapé Palheta pegou esse nome porque um camarada havia perdido a palheta de um motor ali na boca do rio, Não me contive, Palheta virei pro lado dela explicando, foi porque quando o navegador Palheta chegava aqui levava suas embarcações para serem reparadas naquele local. Então o nome é uma homenagem a Antônio Palheta.
Zk – Qual sua receita para se chegar a sua idade em plena forma?
Wilson - Eu gosto de andar de bicicleta. Ando Guajará quase todo, eu posso ter o carro, mais prefiro a bicicleta.
Zk - O senhor faz quantos quilômetros por dia?
Wilson – Chego a fazer 10 quilômetros, saio de casa vou ao porto aí pego aquela avenida asfaltada e vou até onde ela termina; vou para o bairro do Planalto e rodo tudo isso aqui e volto pra casa, só do Porto a Serra são 10 Km. Antigamente, daqui ao palheta eram 22 Km, e hoje dizem que é são 18 Km. Naquele tempo tanto aqui como em Porto Velho todas as medidas partiam dos trilhos da Estrada de Ferro.
Zk – E religião?
Wilson - Acredito em Deus e em Jesus. Essa é minha religião.
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