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Francisco Matias

Marise Magalhães Costa Castiel


Quando chegou a Porto Velho, no ano de 1947, procedente do Estado do Pará, onde nascera, a professora Marise Magalhães Costa Castiel tinha 31 anos de idade e o Território Federal do Guaporé apenas quatro anos de existência.  A região passava por um processo de organização social, política e administrativa em decorrência da própria criação do Território, das primeiras eleições para deputado federal e das questões políticas nacionais com a queda da ditadura Vargas e a redemocratização do país.  A professora Marise Castiel e seu marido Jaime Castiel chegavam à capital do Território do Guaporé para ficar, trabalhar, construir, deixar raízes e, sobretudo, fazer história. Eram amigos do prefeito Carlos Augusto de Mendonça, que os havia convidado.  Governava o Território o coronel Joaquim Vicente Rondon e o coronel Aluízio Ferreira era o deputado federal da região.

Não há como falar da trajetória da professora Marise Castiel sem mencionar política.  Mesmo porque o casal Jaime e Marise Castiel foi protagonista das várias fases da vida política local, principalmente a professora Marise Castiel, pioneira na luta feminina em prol da educação e de melhores condições de vida e trabalho.  O Começo de sua ascensão na área educacional ocorreu durante o governo do major Frederico Trotta, quando se tornou amiga da primeira dama, a também professora Laudimia Trotta.  Juntas, fizeram o governador baixar o decreto-lei que criou o Curso Normal Regional do Guaporé, do qual foi a primeira diretora.  O curso seria denominado Carmela Dutra, em homenagem à primeira dama do país.

Sua trajetória como educadora jamais a afastou da luta partidária, sempre conseguia um jeito de ligar os dois lados e obter conquistas para a área educacional com sua influência política, tendo exercido importantes cargos públicos.  Dona Marise, viveu o período conturbado e provinciano da política dos Cutubas e dos Peles-Curtas, e seu marido, Jaime Castiel foi prefeito de Porto Velho três vezes, e teve, inclusive, o nome indicado para ser governador do Território.  A política era sua outra vocação.  Foi Cutuba e Pele-Curta, dependendo do momento e do interesse em manter funcionando o setor educacional, por exemplo, ou influenciar na condução do Território.  Mas o golpe militar de 1964 e a truculência do capitão Anacreonte a pegaram de jeito.  O marido foi preso, foi perseguida no serviço público e suspensa de suas atividades.  Pura perseguição política.  Mas, depois do vendaval, ela se tornaria aliada dos sucessivos governadores, sem mágoa e sem culpas.  Era política na própria acepção da palavra.

Dona Marise foi uma das mulheres pioneiras na luta pela criação do Estado de Rondônia, foi vereadora e, em seguida, candidata a deputado estadual, em 1982.  E foi aí que ela percebeu que a política rondoniense havia mudado muito.  O sistema não era mais Cutuba ou Pele-curta.  Era muito maior, frio e calculista.  Sentiu-se traída, ficou decepcionada, mas continuou lutando, enquanto tivesse vida e saúde.  Poucas mulheres de sua época tiveram participação tão efetiva na condução dos destinos de Rondônia quanto dona Marise Magalhães Costa Castiel, que morreu no dia 7 de fevereiro de 1999, aos 82 anos de idade, sem nunca sentir-se derrotada.  A História agradece sua existência em benefício de Rondônia.

Fonte: Francisco Matias - Historiador e Analista Político  Porto Velho - autor livro"PIONEIROS" - 1998. 

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