Evandro Ferreira, do Inpa, sugeriu a troca do produto pela água de cinza em função do perigo ambiental.
CHICO ARAÚJO
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BRASÍLIA — O vazamento de látex com amônia na fábrica estatal de preservativos de Xapuri, no Acre, poderia ter sido evitado, caso a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) tivesse acatado a sugestão dos pesquisadores locais.
Há um ano e seis meses, o doutor em Ecologia Evandro Linhares Ferreira sugeriu à Funtac a substituição da amônia pela água de cinza na fabricação de camisinhas.
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Preservativo fabricado no Acre leva amônia misturada ao látex / SÉRGIO VALE |
“Não é perigoso para o seringueiro e fica fácil de fazer”, lembrou Ferreira, em entrevista à Agência Amazônia, em junho de 2006. Ferreira é pesquisador da Universidade Federal do Acre (uca) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
No último sábado (23), cerca de 12 mil litros de látex vazaram do tanque em que estavam armazenados e alcançaram um açude perto da indústria. Segundo o Instituto do Meio Ambiente do Acre, órgão estadual responsável pela fiscalização ambiental, não houve outros prejuízos ambientais e o PH da água já voltou ao normal. A fábrica, que já produz camisinhas, foi ainda oficialmente inaugurada. Lula desmarcou a cerimônia em novembro, por falta de tempo. O governo do Acre já havia mandado fazer um palco orçado em quase R $ 100 mil para a festa que não aconteceu.
O uso de água de cinzas para elevação do PH (potencial de hidrogênio iônico, índice que indica acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer) no manuseio da seiva da seringa foi testado pelo professor Francisco Samonek, da Universidade Federal do Acre (Ufac). A técnica empregada por Samonek produziu uma concentração satisfatória do látex, contou, à época, o professor Roberto Feres, do Departamento de Engenharia da Ufac.
Feres também alertou sobre os perigos do uso da amônia fabricação dos preservativos. Segundo Feres, ainda durante o processo de sangria das árvores o tratamento com amônia pelo seringueiro oferece risco. “A amônia seria mesmo necessária na produção dos preservativos?”, ele questiona. Mas o tecnólogo em heveicultura da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), Antonio Araújo de Castro, que o uso da amônia não implicaria risco para os seringueiros e o meio ambiente.
Para produção de látex de campo e uso em fábrica de preservativos, a fábrica de Xapuri usará amônia 24% (líquida) ou anidra a 99,5% (gás). Castro manifesta a certeza de que a amônia permite uma estabilização do látex em condições de campo por períodos até 20 dias.
A primeira produção em escala industrial da amônia ocorreu em 1913, na Alemanha. Ela é usada na fabricação da uréia, um importante fertilizante. E ainda: na fabricação de têxteis, manufatura de Rayon, indústria da borracha, fotografia, indústria farmacêutica, cerâmicas, corantes e fitas para escrever ou imprimir, saponificação de gorduras e óleos, agente neutralizador na indústria de petróleo e preservativo do látex, entre outras.
Fonte:CHICO ARAÚJO - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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