Domingo, 9 de novembro de 2008 - 10h03
Tratado de Petrópolis
ANTECEDENTES
A demanda por matérias primas pelos países industrializados, entre essas a borracha vegetal de elevada cotação no mercado internacional, atraiu para a floresta amazônica o fluxo da migração interna, principalmente da região Nordeste para a região Norte, a partir da década de cinqüenta do século XIX. Os desbravadores nordestinos predominando os dos estados, do Ceará, Maranhão e Paraíba dirigiram-se para os vales dos rios nos quais abudassem em maior densidade as seringueiras (Hevea Brasilense), tais como os do Madeira, Purus, Acre, Iaco, Juruá, Javari e seus afluentes, ultrapassando as raias de limites com os países vizinhos Peru e Bolívia, desabitados, assentando vastos latifúndios gomíferos produtores de borracha, geradores de divisas para o país e enriquecimento para os estados do Amazonas e do Pará, despertando o interesse do governo boliviano em ocupar os espaços dos altos rios Purus, Juruá, Acre, Iaco, Iquiriri, lhes pertencentes por direito, reconhecido pelo Brasil por força do Tratado de Ayacucho (1.867). Decidiu em 1898 instalar postos fiscais aduaneiros guarnecidos por destacamentos militares, incumbidos de cobrarem e recolherem impostos de exportação e de importação. Os acreanos protestaram passando á ação de revolta armada.
Em 1.898 o sub-prefeito do Alto Acre, coronel da Guarda Nacional Manuel Felício Maciel obrigou o major do exército boliviano, Benigno Gamarrra a se retirar com seus soldados da Vila de Xapori.
José Carvalho assume a liderança da revolução acreana, obriga em 03 de maio de 1.899, o Ministro Dom Móises Santivanez com seus funcionários civis e a guarnição militar a se retirarem da cidade e aduana Puerto Acre. A junta Revolucionária a ocupa estabelecendo sua sede de comando, na qual Luiz Galvez Rodrigues de Arias de comum acordo secreto e financiado por José Cardoso Ramalho Junior governador do Estado do Amazonas, juntamente com os revolucionários, no dia 14 de julho de 1.899 proclamou a independência do Acre, instituindo a República Estado Independente do Acre, sendo aclamado seu Presidente provisório.
Em janeiro de 1.900 os bolivianos retornam ao Acre sob o comando de Dom Ladis lau Ibarra, apoiado pelo capitão Leite Barbosa se instalando no seringal Humaitá de sua propriedade. Aproveitando-se da ausência dos membros da Junta Revolucionária que se encontravam no alto rio Acre, ocuparam a cidade do Acre (ex-Puerto Alonso), da qual e do Acre foram expulsos pelos coronéis João Pessoa de Oliveira e Hipólito Moreira. Na ocasião ocupava a presidência da república do Acre o coronel Antônio de Souza Braga, o qual havia em 28 de dezembro de 1.899, deposto Galvez. Após expulsar os bolivianos, alegando a necessidade de se submeter a tratamento de saúde fora do Acre, reintegrou Galvez na Presidência. Sendo desta destituído em 10 de abril de 1.900, pela marinha de guerra subsidiada pelo governador do Amazonas, José Cardoso Ramalho Júnior, retirando-se para a Espanha sua pátria de origem.
A intervenção da armada acordada com o governo do Amazonas foi deplorada como inoportuna e desserviço á causa do país, pelo Ministro das Relações Exteriores, visto está negociando secretamente com o plenipotenciário boliviano no Brasil, a compra dos espaços ocupados pelos acreanos, sendo de interesse que esses se mantivessem em beligerância, pois pacificados a Bolívia não se enteressaria em concretizar á transação, o que aconteceu.
Após a deposição de Galvez os bolivianos ocuparam o espaço da República do Acre ao sul da linha geodésica Cunha Gomes. Os acreanos constituíram um governo revolucionário chefiado pelo coronel Joaquim Domingos Carneiro, adotando a luta de guerrilha.
O Estado Amazonas deixou de recolher imposto da exportação da borracha produzida pelos extrativistas brasileiros, sendo feito pela Bolívia, acarretando ao Tesouro Estadual uma perda de três mil contos de reis e prejuízos financeiros as casa aviadoras e ao comércio em geral. Iniciou-se liderado pelos intelectuais, poetas, jornalistas e estudantes apoiados pelo governo Silvério José Néri, um movimento de protestos contra a ocupação do Acre, sendo organizada a expedição Floriano Peixoto, apelidada “Dos Poetas”, para expulsar os bolivianos. No dia 16 de novembro de 1.900, o coronel Rodrigues de Carvalho foi aclamado presidente do Estado Independente do Acre. Dia 24 de dezembro de 1.900 o jornalista Orlando Correia Lopes, auto-intitulado comandante em chefe e engenheiro Gentil Noberto, sem um plano de batalha, desorganizados, contra a vontade do Presidente, atacaram Puerto Alonso, sendo repelidos sofrendo fragorosa derrota, retirando-se do campo de batalha, deixando para os adversários um canhão e várias metralhadoras, retornando humilhados á Manaus.
O governo boliviano impotente para dominar os brasileiros e efetivamente tomar posse do Acre procurava alternativa de soluções entre as quais a de arrendá-lo a um consórcio anglo/norte-americano, o Bolivian Syndicate, pela qual se decidiu autorizado pelo General Manoel Pando e referendado pelo Congresso.
Os acreanos ao tomarem conhecimento da cedência do Acre, se rebelaram decidindo a não permitir a instalação do sindicato e expulsar os bolivianos. Foi escolhido para comandante em chefe dos revoltosos o ex-major do exército, exercendo a profissão de topógrafo, o gaúcho José Plácido de Castro.
O recém nomeado Delegado Nacional das Colônias. Dom Lino Romero, acompanhado de numerosa comitiva chegou a Puerto Alonso em 03 de abril de 1.902, o qual mudou o nome para Puerto Acre. Vinha incubido principalmente, de extinguir definitivamente a revolução acreana e preparar a transferência do Acre ao Bolivian Sindicate.
Plácido de Castro organizava os planos de guerra, recrutava e treinava os futuros combatentes. Na madrugada de 06 de agosto de 1.902, comandando trinta e quatro seringueiros, tomou Xaporí, prendendo o Intendente Juan de Dios Barriento, todas demais autoridades bolivianas, os funcionários civis e os soldados. Determinando que escoltados se retirassem por terra para o rio Iaco e deste, embarcados para Manaus.
Foi proclamada a independência sendo reestabelecida a República do Estado Independente do Acre.
Dia 14 de outubro os acreanos sob o comando de Plácido de Castro e dos coronéis Antunes Maciel e Alexandrino, derrotaram o coronel boliviano Rosendo Rojas em volta da Empresa. Os prisioneiros foram conduzidos a Caquetá sede da Junta Revolucionária e daí para Manaus.
Plácido de Castro comandando 400 soldados se deslocou para Abunã, chegando dia 04 de novembro no rio Iquiri, acampando permanecendo até o dia 15, seguindo para Bela Vista reduto de tropa boliviana, atacando no dia 18, derrotando-a arrasando o acampamento incendiando suas instalações, retornando a Xaporí.
Dia 15 de janeiro de 1.903 os acreanos iniciam o ataque a Puerto Acre quartel general dos bolivianos, dia 24 o seu comandante o Delegado Dom Lino Romero capitulou assinando a rendição, seguindo com seus comandados para Manaus.
O exército vitorioso ocupou Puerto Acre. A revolução iniciada em 06 de agosto de 1902 em Xaporí encerrava vitoriosa esta fase, no dia 24 de janeiro de 1.903. Instala-se em Puerto Acre a Vª república Acreana sob a presidência provisória de José Plácido de Castro.
O Presidente da República, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, de acordo com nova política diplomática do chanceler Barão do Rio Branco, deslocou tropas do exército para ocuparem o Acre setentrional espaço compreendido entre a linha Cunha Gomes e o paralelo 10° 20º, nomeando seu governador e comandante da tropa de ocupação o general Olímpio da Silveira, o que foi uma péssima escolha, por seus desmandos, arbitrariedades, descumprimentos ás ordens do Ministro da Guerra, hostilidade a Plácido de Castro governador do Acre meridional, foi exonerado dos respectivos cargos.
O general Manuel Pando Presidente da Bolívia, comandando 5° batalhão e Ministro da Guerra, Ismael Monte comandante do 1° batalhão se dirigindo para o Acre, para esmagar a revolução e o entregar ao Bolivian Sindicate, acamparam em Puerto Rico rio Tauamanu, Plácido de Castro a frente do seu exército foi ao encontro das forças bolivianas, no dia 21 de abril os acreanos iniciaram o combate em manobra de cerco ao reduto adversário, não o concluindo por ambas as tropas terem sido notificadas que o Brasil e Bolívia haviam firmado um Modos vivendo no mês de março de 1.903. Suspenderam as hostilidades, mas mantiveram as posições conquistadas.
Após exaustantes trabalhos diplomáticos, discussões, propostas e contrapropostas, os plenipotenciários da Bolívia Fernando Guachalla e Cláudio Pinilha e os do Brasil Barão do Rio Branco e Assis Brasil, chegaram a consenso aprovando o Tratado de Petrópolis no dia 17 de novembro de 1.903, definindo os limites fronteiriços entre os dois países, solucionando em definitivo o litígio do Acre e sustando a instalação do Bolivian Syndicate uma ameaça a segurança e soberania dos países sulamericanos. Em uma de suas cláusulas o Brasil se obrigava a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré. Foi aprovado pela Câmara da Bolívia em 24 de dezembro de 1.903, por 41 votos a favor e 11 contra. Pela Câmara e pelo Senado Federais do Brasil, respectivamente, no fim de janeiro e 12 de fevereiro de 1.904, por 118 e 27 votos a favor, 13 e 4 contra.
O Tratado de Petrópolis foi da mais relevante importância para formação história do Estado de Rondônia, conforme os fatos e ações seguintes, desses decorrentes comprovam.
Aprovado o Tratado pelo Congresso Nacional em 1.904, o governo federal tomou as providências necessárias para a retomada da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, paralisada desde o fim do século XIX. O Presidente da república nesse ano expediu os seguintes atos:
Decreto n° 1.179 de 18 de fevereiro, sancionando o ato aprovatório do Congresso Nacional.
Decreto n° 1.180, de 25 de fevereiro, sancionado a lei aprovada pelo Congresso autorizando o Poder Executivo abrir os créditos necessários para a construção da ferrovia.
O Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon, publicou o edital de concorrência para a construção da ferrovia, apresentaram-se a concorrer dois engenheiros do Rio de Janeiro, empreiteiros de obras de estradas de ferro, Raimundo Pereira da Silva e Joaquim Catrambi. Este último ganhou a concorrência por haver apresentado preços baixos bastantes inferiores ao do seu concorrente, conforme antecipadamente, havia em Londres combinado esse procedimento, com o empresário norte-americano Percival Farquhar, comprometendo-se ganho o certame, lhe repassar o contrato vendendo-o por um milhão de dólares. O interesse de Farquhar em construir a ferrovia e deter a sua concessão, decorria dos elevados lucros que previa obter com a exploração dos recursos naturais dos vales dos rios Madeira, Mamoré, Beni e Guaporé, do Oriente (planície) e do altiplano da Bolívia, também ser essa peça imprescindível a sua estratégia e programa de domínio da rede de vias de transportes rodo-ferroviário-fluvial da América do Sul.
O Presidente da República expediu o Decreto n° 6.103, de 07 de agosto de 1.906, autorizando ao Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas a contratar com Catrambi a construção da Estrada de Ferro Madeira, Mamoré. Firmado o contrato, esse repassou a Farquhar o encargo de providenciar o inicio da construção da ferrovia. Assim oito meses antes de constituir a empresa Madeira-Mamoré Railway Company, por intermédio da qual seria oficialmente adquirido o contrato, Farquhar contratou seus amigos Roberto H. May, Artur B. Jekyll e John Randolph para virem superintender a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Esses constituíram a firma May & Jekyll a qual posteriormente mudou a denominação para May, Jekyll & Randolph. Dos Estados Unidos/USA se deslocaram para Santo Antônio do Alto Madeira, com a expressa recomendação de que para todos efeitos oficias e legais, quem estava realizando a tal obra, era Joaquim Catrambi.
ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ |
Construída pela empresa May Jekyll Randolph no período de 1907 a 1942 contratada pela empresa Madeira-Mamoré Railway Co. Ltda |
COMISSÃO RONDON - CEM ANOS DE SUA CRIAÇÃO - 1907/2007 |
LINHA TELEGRÁFICA ESTRATÉGICA MATO GROSSO/AMAZONAS |
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