Quarta-feira, 13 de maio de 2009 - 11h35
Assistiu o nascer de cidade de Porto Velho, a qual jamais foi sede de distrito e vila, como asseveram em seus escritos os pseudosóficos historiadores. O povoado surgido em 1907, foi elevado à categoria de cidade, em sete de setembro de 1919, sem passar pelos citados estágios político-administrativo.
Ela acompanhou e participou ativamente na evolução social, política e cultural, principalmente contribuindo diretamente para a expansão desta última, organizando tertúlias literárias, sauraus, blocos e corsos carnavalescos, escrevendo, montando e apresentando peças teatrais no Theatro Fhenix, casa de diversão polivalente (cinema, teatro, cassino, clube dançante social), situado no início da rua da Palha (atual Natanael de Albuquerque), posteriormente no casarão construído pela empresa Madeira Mamoré, na rua do Comércio (atual av. Sete de Setembro), destinada a ser restaurante dos seus contratados. Foi arrendada ao italiano Marcos Panigai, passando funcionar também como bar com jogo de baralho, cinema, teatro e realizações de bailes populares. (Em 1915 foi instalada em uma de suas salas a Associação Dramática, Recreativa e Beneficente de Porto Velho, presidia pelo juiz de direito Dr. Martinho Ribeiro Pinto. A empresa Braga Vieira & Cia, em 1916 à arrendou, passando a funcionar apenas como casa de diversões, cassinos e instalado o cinema e teatro Ideal – O Mister Knox Littel, superintendente da ferrovia Madeira Mamoré, em 1917 permitiu o funcionamento da Escola Mista Municipal “Jonathas Pedrosa”. Numa de suas salas em 1919, foi instalada a igreja protestante sob a direção do pastor Eurico A. Nelson. Em 29 de Outubro deste mesmo ano a Associação acima referida, passou a se denominar Clube Internacional, extensivo ao prédio no qual foi instalado funcionando até 1958 quando se extinguir por ocasião da demolição de sua sede para a construção da estação da ferrovia Madeira Mamoré, prédio no qual se encontra instalado o Ferroviário Atlético Clube. A Labibe e grupo que liderava passaram a fazer suas apresentações artísticas muito aplaudidas, no Cine Brasil e por último no Cine Teatro Reski. Era ela compositora, dramaturga, declamadora e cantora.
Vivenciou como partícipe da trajetória evolutiva de Porto Velho, exultando com os eventos promotores do progresso e do bem estar social, deplorando os nefandos, degradantes da imagem da comunidade perante à nação.
Quando criança ficava revoltada com a discriminação com que eram tratados os habitantes do povoado de Porto Velho, dos brasileiros, pelos estrangeiros dirigentes da Madeira-Mamoré, os quais mandaram construir um alambrado no limite do seu povoado com o que surgiu contrariando seus planos de ordem e disciplina, habitado por intrusos, assim por ele considerados, o qual rapidamente aumentava de população morando barracas de palha se auto governando. A cerca erguida na divisória (atual Presidente Dutra), guarnecida por seguranças armados, tinha por fim impedir o acesso de estranhos ao povoado ferroviário situado entre a margem direita do rio Madeira e rua Divisória. Ela chegou em Porto Velho dos brasileiros em 1912, com três anos de idade, vinda de Manaus/AM, cidade na qual nasceu, em 13 de maio de 1909, com seus pais Sr. Munhanrad Aiéchea e a Srª Maria Abraão Elias, se estabeleceram com uma casa comercial na rua da Palha, não entendia porque o povoado dos estrangeiro tinha rede de iluminação elétrica, rede hidráulica e de esgoto, telefone, telégrafo, casas de madeira teladas, cobertas de telhas, panificadora, fábrica de gelo, tipografia, jornal e escola. E o povoado dos brasileiros era desprovido dessas infra-estruturas, as casas em sua maioria eram barracas de palha, algumas de taipa cobertas de folha de zinco. A única presença oficial era a Agência Postal instalada em 26 de julho de 1910, chefiada pelo agente Felinto Costa.
Foi festejada a criação do Termo Judiciário de Porto Velho em 1913, o povoado passou a ter um juiz municipal Dr. Natanael de Albuquerque, assessorado pelos suplentes de juiz Joaquim Paulino Sampaio, José Braga Vieira e Felinto Costa, o adjunto de promotor público Francisco Fernandes da Rocha e o escrivão e tabelião José Vieira Souza. A instalação da justiça no povoado trouxe tranqüilidade a seus habitantes em constante ameaça de expulsão por ação da empresa Madeira Mamoré, sob alegação de serem invasores de terras lhes pertencentes por força do contrato com o governo federal.
Motivo de maior júbilo foi a criação do município de Porto Velho, 02 de outubro de 1914, nomeados seus administradores em dezembro para governa-lo no período de janeiro de 1915 a 31 de dezembro de 1916, sendo solenemente instalado, em 24 de janeiro. Tendo como: Superintendente o major reformado do exército Fernando Guapindaia de Souza Brejense; Secretário Manoel Pires de Castro; Intendentes José Jorge Braga Vieira, Luzitano Corrêa Barreto, Manoel Felix de Campos, Antônio Sampaio de José Z. Camargo e Suplentes Aderico Castilho, Achilles Reis, Horácio Bilhar, Alfredo Clínico de Carvalho. Os intendentes e seus Suplentes, constituíam o Conselho Municipal (Câmara).
A Labibe embora criança acompanhava com interesse as ações e empreendimentos de Guapindaia tais como a urbanização de acordo com planta do povoado elaborada pelo mestre de obras José Ribeiro de Souza Junior, procedendo o alinhamento das casas, construindo pontes sobre os igarapés, abrindo ruas, mudando os nomes das existentes, rua da Palha, para Natanael de Albuquerque, do comércio para 7 de Setembro, Curral das Éguas para Floriano Peixoto dos Portugueses para Barão do Rio Branco. A construção do Cemitério dos Inocentes, do Mercado Público Municipal, da cadeia Municipal, a criação da Escola Mista Municipal Jonathas Pedrosa. A proibição da empresa Madeira-Mamoré cobrar impostos, expedir título de propriedade, licença para construção de imóveis e extrair madeira nas florestas municipais, tendo como revide a cassação do passe livre nos trens e o despejo da Superintendência e a sua, das casa cedidas pela empresa. A revolta dos portugueses apoiados e armados pela Madeira-Mamoré, pondo em fuga o Delegado de polícia, o seqüestro de um funcionário municipal exigindo para liberta-lo a soltura dos seus compatriotas presos na cadeia municipal, Guapindaia foi compelido a ceder a imposição.
Viu o primeiro jornal de Porto Velho, “O Município” fundado em 12 de dezembro de 1915. Como também a instalação do Diretório Municipal do Partido Republicano Conservador (PRC), tendo como presidente José Vieira Braga. Foi a primeira agremiação política de Porto Velho (1915) e a primeira eleição municipal em 1º de dezembro de 1916, presidida pelo major Guapindaia, para os cargos de Superintendente, Intendentes e Suplentes de Intendente, sendo eleitos pelo PRC, Dr. Joaquim Augusto Tanajura, Superintendente; Luzitano Corrêa Barreto, José Z. de Camargo, Álvaro Dantas de Paraguassu, Antônio Sampaio e Otávio Reis, Intendentes; Álvaro de Oliveira Rosas, Bernardino de Almeida Lima, Júlio Coelho Carvalho e Faustinho Lopes de Souza, Suplentes com mandato de 1º de janeiro de 1917 a 31 de dezembro de 1919. Assistiu e participou das eleições de oito superintendentes no período de 1917 a 1930, a destituição dos eleitos em 1922 pelos revolucionários de 1924, restabelecimento do processo democrático neste mesmo ano conheceu onze prefeitos nomeados pelo interventor do Estado Amazonas, no período de 1930 a 1943, trinta no período de 1943 a 1981 nomeados pelos governadores do Território Federal do Guaporé, Rondônia a partir de 1956, e nove eleitos no período de 1985 a 2009, Porto Velho capital do Estado de Rondônia. Participou dos festejos da criação da Comarca de Porto Velho em 31 de agosto de 1917 e da elevação de Porto Velho à categoria de cidade em 7 de setembro de 1919. Como também nas comemorações do centenário da independência do Brasil.
Em 1925 casou com o senhor Joaquim Francis Bártolo, de cujo consórcio nasceram os seguintes filho Walter Bártolo, Nilce Bártolo, Raquel Bártolo Ruis, Joaquim Bártolo Jr., Rodolfo José Bártolo e Maria de Fátima Bártolo. Atualmente tem doze netos e vinte bisnetos.
Nesse ano de 1925, em 1º de maio, o Papa Pio XI expediu a Bula “Inter Nostri” criando a prelazia de Porto Velho, sendo nomeado administrador apostólico Monsenhor Pedro Massa.
Em 1929 o tenente Aluízio Pinheiro Ferreira Transfere a sede do 3º Distrito Telegráfico de Santo Antônio para Porto Velho. E é inaugurado o Hospital São José da prelazia, idealizado e concretizado pelo padre João Nicoletti. Vindas do Rio de Janeiro chegam em 19 de março de 1930, em Porto Velho, as irmãs salesianas Carlota Rena, Elizabeth Negri e a noviça Sebastiana de Assis. E em maio a irmã Petrina Pinheiro. Fundam em 1931 o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.
Em 1º de Julho de 1931 a empresa Madeira Mamoré, paralisa o tráfego na ferrovia e os demais serviços nas subsidiárias, abandonando-as. A população entra em pânico. O tenente Aluízio Ferreira autorizado pelo Ministro de Viação e Obras Públicas, assume a administração da ferrovia e subsidiárias, sendo oficializado pelo Decreto nº 20.200, de 10 de julho de 1931, o qual transfere seu controle para o governo federal.
Em 1933 assistiu a instalação do Contigente Militar Madeira-Guaporé, criado pelo aviso Ministerial nº 518, de 23 de setembro de 1932, composto por trinta soldados do exército sob o comando do tenente Zeno Pinheiro Ferreira. E em 1936, no dia 03 de maio aquatizar em frente a cidade, o avião Taguary da empresa Condor, a qual incluiu Porto Velho como escala, na rota Rio de Janeiro/Cuiabá/Acre. Foi o primeiro a chegar em Porto Velho.
Participou da campanha em prol da transformação dos vales do Alto rio Madeira, dos baixos e médios rios Mamoré e Guaporé em território federal. O povo de Guajará Mirim se antecipou, liderado pelo Coronel Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha, em 1937 encaminharam um memorial ao presidente da república reivindicando a criação de um Território Federal na região do baixo e médio rios Mamoré e Guaporé sediado na cidade de Guajará Mirim.
A segunda Guerra Mundial acelerou o processo da criação dos Territórios Federais como estratégia de segurança nacional.
Em 1940 o presidente da república, Dr. Getúlio Dornelles Vargas visitou Porto Velho permanecendo três dias (11 a 13 de outubro), a Labibe participou de todo o programa de homenagens, inaugurações (prédios da usina de energia elétrica, da agência dos Correios e Telégrafos e do conjunto habitacional Caiari), reuniões sociais, baile de despedida no Clube Internacional.
Assistiu a chegada dos iludidos nordestinos, soldados da borracha, apelidados de arigós, para a “Batalha da Borracha”, na Amazônia transformada em zona de guerra pelos Acordos de Washington firmados em 1942, pelo Brasil e os Estados Unidos da América do Norte.
Em 13 de setembro de 1943, se jubilava com a criação do Território Federal do Guaporé por intermédio do Decreto-Lei nº 5812 assinado pelo presidente Getúlio Dornelles Vargas. Sendo nomeado para governa-lo o major do exército Aluízio Pinheiro Ferreira. Conheceu todos os 26 governadores nomeados que administraram o Território no transcurso de 1943 a 1981.
Foi militante política desde a primeira eleição para deputado federal em 1946, disputada por Aluízio Pinheiro Ferreira (PSDB/PTB) e Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha (UDN), pleito vencido pelo primeiro do qual era correligionária. Continuou participar do processo político sempre apoiando os candidatos da ala aluisista (os cutubas).
Acompanhou os surgimentos e os declínios dos ciclos econômicos, suas contribuições para o desenvolvimento econômico, social, educacional e cultural, para o incremento populacional e ocupação dos vazios demográficos tornando-os produtivos. Foram estes, o primeiro e segundo ciclos da borracha, o diamantífero no vale do rio Ji-Paraná, o da cassiterita nos vales dos rios Ji-Paraná e Jamarí, o do ouro no rio Madeira e o agropecuário industrial.
Assistiu a construção e consolidação da rodovia BR 364 fomentadora do progresso e propiciadora do surgimento das cidades importantes núcleos urbanos e econômicos ao longo do seu percurso. Revoltada lamenta a desativação e pilhagem da ferrovia Madeira Mamoré, um grave equívoco, verdadeiro crime de lesa à pátria.
Festejou a elevação do Território Federal de Rondônia à categoria de Estado, pela Lei Complementar 41, de 22 de dezembro de 1981, vivenciando sua trajetória desenvolvimentista assegurando-lhe um futuro promissor.
Os cem anos de profícuo viver, que hoje 13 de maio de 2009, completa a senhora LABIBE AIECH BÁRTOLO, o seu percurso funde-se com a História de Rondônia e esta com a sua história de vida.
Nossos efusivos cumprimentos extensivos aos seus familiares.
Em 13 de maio de 2009
Abnael Machado de Lima
Membro da Academia de Letras de Rondônia
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