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Anísio Gorayeb

DIPLOMATAS DO SAMBA E POBRES DO CAIARI



No final de 1958 um grupo de amigos resolve criar a primeira escola de samba de Porto Velho. Entre os fundadores destacam-se, o velho Café, Bainha e Cabeleira. Nascia assim a Escola Diplomatas do Samba, que desfilou em 1959 pela primeira vez.

Para enfrentar os Diplomatas do Samba, um grupo de amigos resolve criar também uma escola de samba. Para alfinetar a concorrente que se intitulava de diplomatas e por morarem no bairro Caiarí, considerado bairro de elite, batizaram a escola de samba com o nome de Pobres do Caiarí. Os amigos eram os irmãos Lucival e Zé Roberto Melo, Zé Carlos Lobo e Silvio Santos, o Zekatraca.

Em 1965 realizam seu primeiro desfile, porém sem muita pretensão. Nos anos seguintes, Dona Marise Castiel assume a direção da Pobres do Caiarí. Daí então as coisas começam a mudar de figura, pois os Diplomatas reinava absoluta, e com a coordenação de Dona Marise os Pobres do Caiarí ganham seu primeiro título, salvo engano no carnaval de 1968.

A rivalidade entre as duas escolas de samba durou até meados de 70, quando as duas desapareceram do cenário carnavalesco. Hoje temos novamente a Diplomatas do Samba, tentando voltar aos bons tempos dos sambistas: Bola Sete, Mario Alfaiate, Leônidas, Bizigudo, Roosevelt, Cabeleira, Bainha e muitos outros.

Quanto a Caiarí, a escola já anunciou sua volta algumas vezes, porém nada de concreto aconteceu. Gostaríamos que voltasse para abrilhantar mais ainda o nosso carnaval, e lembrarmos um pouco dos amigos: Flavio Daniel, Serrati, Neguinha, Vitinho, Silvio Santos, Babá, Chiquilito, Hiran, Zeca, Val, Zé Carlos e outros.

Os carnavais da década de 60 aconteciam na Presidente Dutra, em frente ao Porto Velho Hotel. As pessoas lotavam a avenida para assistir aos famosos blocos da época. Dentre os quais destacamos o Bloco da Cobra. Uma verdadeira confraria que surgiu no início dos anos 50. Um grupo de amigos pintados de preto carregava uma enorme cobra sobre os ombros. O bloco da cobra desapareceu no final dos anos 70. No inicio dos anos 80 surgiu um bloco parecido com o Bloco da Cobra. O Bloco da Minhoca, que tentava reviver os antigos carnavais e ao mesmo tempo reunir os filhos de Porto Velho. O bloco durou pouco tempo. 

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Desfile da Escola de Samba Pobres do Caiarí (Fonte: Ivo Feitosa)



Desta época destaca-se também o Valdemar Cachorro, um grande folião que todo ano vinha para avenida desfilar com cobras vivas enroladas pelo corpo. Havia também o bloco do Periquito, O Triangulo não Morreu, uma homenagem ao bairro do Triangulo, o mais antigo de Porto Velho, que surgiu na época da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. O nome surgiu pelo fato de apenas o bairro ter permanecido no local, quando o 5º. BEC extinguiu a Baixa da União, Alto do Bode e a Rua do Coqueiro.
O bloco desfilava com dezenas de crianças, e tinham a sua frente o Periquito (ex-ferroviário) fantasiado de bailarina.

No inicio dos anos 70, um grupo de amigos resolvem criar um novo bloco de carnaval, surge assim o Bloco da Chuva. Um grande sucesso, pois sua fantasia era apenas uma toalha fixada com alfinete de segurança. Os homens sem camisa pintados ao estilo do conjunto Secos e Molhados, as mulheres com a parte superior do biquíni a mostra, e também pintadas. Depois de uma dissidência do Bloco da Chuva, surge o Bloco do Sol, que se tornou seu grande concorrente. 

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A animação das amigas Nery, Herminia, Ely e Eury no carnaval do Ypiranga dos anos 70. (Fonte: Ivo Feitosa)



Hoje temos seis escolas de samba e dezenas de blocos espalhados pela cidade. Os atuais blocos não participam do circuito oficial. São blocos que tem seus dias de desfile e percurso definido pelos dirigentes. Dentre os atuais blocos destacamos os mais antigos, o Galo da Meia Noite (18 anos) e a Banda do Vai Quem Quer (30 anos).

A Banda do Vai Quem Quer é considerado o maior bloco da Região Norte. Arrastando uma massa de 120.000 pessoas, segundo cálculos da Policia Militar. A mesma é comandada pelo nosso amigo Manoel Mendonça, o Manelão.

Antes desta banda, Manelão e um grupo de amigos comandavam o Bloco do Purgatório no final dos anos 60. Este bloco que contava com dezenas de brincantes, levava para avenida um cortejo fúnebre, onde havia um sino que soava pausadamente como uma marcação. Os defuntos eram sempre os mesmos: Narciso ou o Serrati, pois eram os menores e mais franzinos. Havia o padre, a viúva e uma amante grávida, para a grande encenação durante o desfile. Uma verdadeira comedia carnavalesca.

Quanto ao Rei Momo dos anos 60 e 70, destacamos o Emil Gorayeb e o Mourãozinho. Participavam dos desfiles na avenida e tinham que visitar todos os bailes de carnaval dos clubes: Ypiranga, Ferroviário, Bancrévea, Danúbio. Imperial e Guaporé.

È importante lembrar que os bailes de carnaval eram animadíssimos, as bandas tocavam muitas marchinhas e samba. As pessoas se fantasiavam para participarem dos concursos de fantasia, e os clubes elegiam suas rainhas para disputar entre eles. 

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João de Deus Simplicio no Bloco da Cobra em 1971. (Fonte: Ivo Feitosa)



Os antigos carnavais tinham uma dose maior de romantismo. Porto Velho uma pequena cidade onde todos se conheciam e se envolviam para sua escola de samba ou bloco fazer bonito na avenida. Não havia caminhão de som e muito menos trio elétrico, os sambas enredos eram cantados pelos brincantes das escolas. Só havia a loja da Dona Nega, esposa do velho Amaral, para se adquirir artigos para as fantasias.

Aproveito para registrar o trabalho incansável das costureiras, em especial as saudosas senhoras Florípedes Carvalho, Hilda Maia, Agostinha Moreira e Oneida Gusman.

Bons tempos... Grandes carnavais...

Que Deus nos abençoe sempre...
Até a próxima.

ANISIO GORAYEB

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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