Quarta-feira, 14 de abril de 2010 - 07h17
Em agosto de 67, quando cheguei a Rondônia, o jornal Alto Madeira ainda estava recebendo parabéns pela comemoração dos 50 anos de circulação diária. Antes de sair de Fortaleza, iniciante na imprensa cearense já consciente de que o meu destino seria uma redação de jornal, procurei informações sobre as condições da imprensa de Porto Velho e, também, sobre a existência de curso de jornalismo na cidade. Dependia disto a minha saída do Ceará rumo a estas paragens do poente.
A primeira informação foi positiva: dois bons jornais circulavam em Porto Velho, naquele tempo: “O Guaporé”, de menor circulação, e o Alto Madeira, um dos melhores da região, pertencente aos “Diários Associados”, grupo de âmbito nacional comandado pelo poderoso Assis Chateaubriand.
Naquele tempo a imprensa de Porto Velho era resumida nos jornais Alto Madeira, O Guaporé, o semanário O Combatente (do jornalista Inácio Mendes) e a Radio Caiari. Tive a honra de me juntar a um time de respeitáveis jornalistas, do qual fazia parte Emanuel Pontes Pinto, Rochilmer Melo da Rocha, João Tavares, Petrônio Gonçalves, Rui Cidade, Ary de Macedo, Edmar Coelho, Josias de Macedo, Vinicius Danin, Simeão Tavernard (fazia esporte) e, na Caiari, Osmar Vilhena e o padre Vitor Hugo. Eram estes, além de Euro e Luiz Tourinho e, também, Odacir Soares, os jornalistas de Rondônia, quando eu cheguei. Desses, metade já deu adeus ao mundo. Alguns estão fora da profissão, como Rochilmer, Odacir, Emanuel e, afastado, o Tavares, por causa da falta de saúde.
No dia seguinte à minha chegada a esta terra acolhedora, visitei o AM e fui, logo, convidado pelo diretor Euro Tourinho a fazer parte da sua valorosa equipe. Sendo eu um ilustre, ou melhor, um humilde desconhecido, até achei estranha a disposição e a confiança demonstradas pelo diretor do AM. Entrei e fiquei.
Encontrei no Alto Madeira, realmente, um jornal de verdade. Combativo, verdadeiro, independente, prestigiado pela sociedade. Tudo isto, apesar da época confusa em que vivíamos, na plenitude do regime militar. Um jornal que espelhava seriedade e que tinha como missão maior a defesa dos interesses regionais. Feito por uma equipe do melhor quilate, o AM tinha o respeito das autoridades naquele tempo de incertezas e de ameaças, quando a censura campeava solta nas redações, implantando o temor e a dúvida ao meio jornalístico.
O Alto Madeira, não é de agora, sempre se manteve altivo e corajoso, digno do respeito da sociedade, mesmo nos momentos difíceis, como o que atravessa agora. Digno do respeito, repito, naquele tempo em que a tradição e a sua história eram conhecidas, valorizadas e levadas em consideração. Enfrentou governos locais no regime de exceção, e até concorreu para o afastamento de governadores nomeados, encetando sua luta na base do respeito e da seriedade, sem nunca esquecer o seu compromisso com a ética e com a moral.
O tempo passou e o velho AM, hoje vítima do descompromisso dos novos donos dos destinos desta terra, tem enfrentado tempos difíceis, deixado de lado, talvez por nunca haver compactuado com certas atitudes não consentidas por aqueles que prezam pela moralidade e pela decência, acima de tudo.
O AM está aí, lutando, resistindo, vivendo. O tempo passa, o mundo dá voltas e, nessas, todos se reencontram com certeza. E certamente nessas voltas o velho AM não tirará o chapéu para aqueles que, hoje, não dão a ele o seu real valor e que não vêem, ou não querem ver o que representa o seu respeitável nome na história da imprensa regional e na história do Estado de Rondônia, que ele, com sua bravura e o seu valor, ajudou a construir.
Foto feita em 1967 na porta do jornal Alto Madeira, na rua Barão do Rio Branco (praça Jonathas Pedrosa). Nela estão Petrônio Gonçalves, redator-chefe (com sua filha Lucia), Jersey Mendonça (pai do Manelão); Antônio Pinheiro, Ciro Pinheiro (que estava acabando de chegar do Ceará), Vinicius Danin e Geraldo Rolim. |
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