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Viriato Moura

RÁBULA DE CARTEIRINHA: COM A PALAVRA, A OAB/RO


 

A vida não desiste de nos surpreender. Há pouco dias, fui surpreendido, durante uma Audiência de Conciliação, por uma atitude bizarra de um advogado que, sem qualquer motivo aceitável, racional, posto que me mantinha calado, começou a proferir impropérios endereçados a mim, com o dedo em riste.

O inesperado ato do desatinado profissional impactou a todos os presentes: a mim, ao meu advogado, à conciliadora e a um grupo de pessoas que estavam na sala.

Como quem houve um tiro, voltei-me de súbito para o tal sujeito, que acometido de expressão odiosa ainda me fitava. Na tentativa de contê-lo, admoestei-lhe dizendo que aquele era um local em que se buscava, na presença de uma mediadora da justiça, uma conciliação. E que eu não estava ali para ser ofendido. Que era um cidadão no cumprimento de meu dever e merecia respeito.

O incontido rábula, voltou-se mais veemente contra mim e, ainda com o dedo em riste, disse uma frase que jamais imaginara ouvir a essa altura de minha caminhada: “Cale sua boca e se recolha a sua insignificância!”.

Reiterei o pedido de respeito a mim e à conciliadora. Ele, transtornado, complementou com frase também ofensiva.

Concluindo que não teve sucesso no intento de me tirar do sério, passou a me chamar de excelência dando-me o subsídio de que necessitava para fechar o seu diagnóstico, como se diz em linguagem médica. A partir daí, tive a certeza de que estava diante de alguém com as faculdades mentais alteradas, uma pessoa que precisava mais de ajuda profissional do que de uma eventual reação mais veemente de minha parte e de meu advogado, que também pedia respeito.

Movido por forte indignação, tão-logo a audiência acabou, anotei, ainda na saída, todos os diálogos ocorridos, em particular cada palavra desairosa dita pelo tal senhor. Logo em seguida, redigi uma representação contra o mal educado e antiético profissional, e a encaminhei ao OAB/RO. O mesmo foi feito para o juiz da vara onde aconteceu o fato.

Ao buscar na conceituada instituição classista um julgamento isento para o malfadado cidadão, demonstro acreditar em seu presidente e nos seus demais conselheiros. Porque creio que um conselho de ética deve ser imune a influências corporativas. Do contrário, estará negando a essência motivadora de sua existência: a ética acima de tudo.

A OAB, cuja história de lutas pela aplicação do direito igual para todos, pressuposto constitucional basilar para a construção de uma sociedade mais justa, jamais deve se abster, doa a quem doer, de meter o dedo nas próprias feridas para extirpar os germes que tentam contaminar o conceito da nobre classe dos advogados. Classe constituída, em sua maioria, por pessoas da melhor qualidade.

O rábula que tentou me atingir com seus impropérios, como muitos já sabem, é um contumaz criador de casos e foi condenado por falsidade ideológica. Ou seja, envergonha explicitamente seus colegas e macula uma profissão que tem o dever de dar bons exemplos de convivência, de harmonia social. Esta, a razão maior do Direito.

Com a palavra, a OAB/RO.


 

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Fonte: Viriato Moura - viriatomoura@globo.com   
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