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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Advento e Vigília pela vida nascente


 
Estamos iniciando o tempo litúrgico do Advento com a “Vigília pela Vida nascente”, que está sendo celebrada em todas as dioceses, paróquias e comunidades, unidas ao Santo Padre, dando testemunho eclesial comum para uma cultura da vida e do amor. 

A Vigília é uma iniciativa do Pontifício Conselho para a Família e da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentada em junho deste ano, visando a reafirmação do Magistério da Igreja na defesa do direito à vida, bem primário fundamental, em qualquer fase de desenvolvimento ou condição em que se encontra.

Com esta Vigília começamos a nossa preparação para celebrar o Natal do Senhor, o Deus-conosco. Em Jesus Cristo, acreditamos que a vida é o dom supremo do Criador, e, por isso, “defender e promover, venerar e amar a vida é tarefa que Deus confia a cada pessoa humana” (EV 42). Queremos celebrar este inviolável dom, no dom que Deus nos fará com a Encarnação do seu Filho amado.

É um momentopara agradecer ao Senhor, mediante nossas orações comunitárias, vésperas, adoração eucarística, a entrega total de si próprio, que deu sentido e valor a toda vida humana, e também para invocar a sua proteção sobre cada ser humano.

“Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime” (GS 22). O mistério que vamos celebrar, na solenidade do Natal de Jesus Cristo, é o grande Sim de Deus à vida humana. “Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem... Nascido da Virgem Maria tornou-se verdadeiramente um de nós” (GS 22).

A Igreja, sentindo que deve, com igual coragem, dar voz a quem a não tem, faz uma “reafirmação precisa e firme do valor da vida humana e da sua inviolabilidade, e, conjuntamente, um ardente apelo dirigido em nome de Deus a todos e a cada um para que respeitem, defendam, amem e sirvam a cada vida humana!” (EV 5). Este é um direito e um dever de todos. Sujeito insubstituível de tal direito e de tal tarefa é a família, “santuário da vida”.

Esta tarefa resume-se, de certo modo, em celebrar o Evangelho da vida, em celebrar o Deus da vida, o Deus que dá a vida, e significa celebrá-lo com a oração, a liturgia e os Sacramentos. Mas a celebração do Evangelho da vida deve ser realizada, sobretudo na existência cotidiana, vivida no amor pelos outros e na doação de si próprio (EV 83-86). Trata-se de “cuidar” da vida toda e da vida de todos (EV 87-91). Momento singular desta tarefa é a promoção de uma cultura da vida, onde o “povo da vida” (EV 78-79), com a sua inumerável e rica variedade de associações e instituições, é chamado a prestar um serviço insubstituível em favor de toda a sociedade.

Enfim, queremos que a Vigília de oração em favor da vida humana nascente seja um grito da humanidade toda que se eleva a Deus Pai, doador de todo bem, para que cada vida humana seja defendida e amada.
 

Advento e a Palavra de Deus

Neste Advento, somos convidados a ler a Palavra de Deus, que liberta e dá a vida, conhecendo e aprofundando a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini do papa Bento XVI, que acaba de ser lançada e é dirigida a todos os fiéis. 

Nela, lemos que o Apóstolo João fala-nos de ouvir, ver, tocar e contemplar (1Jo 1, 1) o Verbo da Vida, já que a Vida mesma se manifestou em Cristo. E nós, chamados à comunhão com Deus e entre nós, devemos ser anunciadores deste dom. Somos chamados a redescobrir o encontro pessoal e comunitário com Cristo, Verbo da Vida que Se tornou visível, e ser anunciadores para que o dom da vida divina, a comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro.

Participar na vida de Deus, Trindade de Amor, é a alegria completa (1 Jo 1,4). E é dom e dever imprescindível da Igreja comunicar a alegria que deriva do encontro com a Pessoa de Cristo, Palavra de Deus presente no meio de nós (VD 2). Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem e a mulher de hoje o acesso a Deus, a um Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (Jo 10, 10).

A partir deste olhar sobre a realidade como obra da Santíssima Trindade, através do Verbo divino, podemos compreender as palavras do autor da Carta aos Hebreus: “Tendo Deus falado outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras, pelos Profetas, agora falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo e por Quem igualmente criou o mundo” (Hb 1,1-2). É estupendo observar como todo o Antigo Testamento se nos apresenta já como história na qual Deus comunica a sua Palavra: de fato, “tendo estabelecido aliança com Abraão (Gn 15,18), e com o povo de Israel por meio de Moisés (Ex 24,8), revelou-Se ao Povo escolhido como único Deus verdadeiro e vivo, em palavras e obras, de tal modo que Israel pudesse conhecer por experiência os planos de Deus sobre os homens, os compreendesse cada vez mais profunda e claramente, ouvindo o mesmo Deus falar por boca dos profetas, e os difundisse mais amplamente entre os homens” (VD 11)

Esta condescendência de Deus realiza-se, de modo insuperável, na encarnação do Verbo. A Palavra eterna que se exprime na criação e comunica na história da salvação, tornou-se em Cristo um homem, “nascido de mulher” (Gl 4,4). Aqui a Palavra não se exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade. Daqui se compreende por que motivo, “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

A renovação deste encontro e desta consciência gera no coração dos fiéis a maravilha pela iniciativa divina, que o homem, com as suas próprias capacidades racionais e imaginação, jamais teria podido conceber. Trata-se de uma novidade inaudita e humanamente inconcebível: “O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a). Estas expressões não indicam uma figura retórica, mas uma experiência vivida. Quem a refere é São João, testemunha ocular: “Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14b). A fé apostólica testemunha que a Palavra eterna Se fez Um de nós. A Palavra divina exprime-se verdadeiramente em palavras humanas (VD 11).

O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré (VD 12).

Que neste tempo de Advento, cada comunidade e família preparem um verdadeiro e fraterno Natal, repleto de solidariedade e acolhimento. Possam nossas igrejas, capelas e casas apresentarem os sinais e expressões de sua religiosidade, com a montagem do Presépio. A Cartilha, com a “Novena do Natal em família”, já está disponível nas secretarias das paróquias, para que juntos, como uma grande família cristã, possamos reviver o mistério do Natal com sentimentos de nova alegria.

Fonte: Pascom

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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