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Leo Ladeia

Política & Murupi 17/01/11


Frase do dia

 

“Não há vento favorável para aquele que não sabe aonde vai." (Sêneca)

01-De volta

Foram duas semanas mas, para quem tem o hábito de escrever, parece que foi mais tempo. Governo novo, vida nova e resisti à tentação apesar da coceira que me afligia às vezes. Sou das antigas e dou a todo governante novo um tempo para conhecer, adaptar-se, ajustar e por fim tocar a máquina pública. Os meses entre o final de um governo e o início de outro não deveriam ser mais que isso: troca de comando com o trem em movimento mas, cada governante se torna o  “senhor feudal” depois de um tempo e até que desencarnem, é preciso tempo.

 

Política & Murupi 17/01/11  - Gente de Opinião


02-Assombrações

Imagino o sofrimento de cada governante que sai e que deixa para trás os seus sonhos por fazer, sabendo que na maioria das vezes serão abandonados pelo novo inquilino do poder. Todo palácio de governo tem causos de assombração e, para quem gosta ou acredita, deve ter algo a ver com sonhos e seus donos, desapeados e que resistem ao desencarnar. Viram almas penadas da política e loucos por outra chance. Mal perdem uma eleição e já se dispõem para a outra sem aprender uma lição básica que a urna dá de graça: todo poder é efêmero.    

03-Democracia... para os outros.

Pé no palácio mas antes, a escolha dos auxiliares e primeiro sonho desfeito. A coligação sonhada – o ideal de todo político é aclamação sem eleição – chega com a fatura na mão cobrando o apoio e nessa hora o eleito tem o primeiro dos sonhos desfeitos: ceder nacos do poder é descobrir-se como o que pode muito, mas não tudo. Convenhamos que para quem vive da política, o absolutismo é mais atraente que a democracia. Fatura apresentada, pé na porta e lá se vai “um pedaço do que o povo me deu”. Não deu anta: emprestou por um tempo!      

04-Caminho de volta

Para quem sai do cargo o caminho de volta para casa é de remoer planos para a volta e a primeira providência é traçar planos para solapar aquele que está “no meu lugar”. A ficha só vai cair e arrefecer seus planos quando as visitas se tornarem escassas, sumirem os jornalistas, pedidos de providências ou quando a justiça aparecer inicialmente na forma de citações, intimações e mais à frente com a presença constante de um advogado “salvador da pátria” nos processos. Não raro a grana amealhada com as estripulias se esvai como água pelos vãos dos dedos e aí vale o ditado: “um cão danado, todos a ele” e... pau nele!     

05-Equipe possível

Na montagem da equipe, entra um pouco do que quer o ungido e muito do que querem amigos, partidos, família, apoiadores – que deram dinheiro vivo – e até da “tchurma” que deixa do trono. Todo ministério ou secretariado é aquele que é possível dentro de critérios de razoabilidade, urgência e, depois de definidos desagradam. Por serem técnicos, políticos, de fora, velhas raposas felpudas e até por serem novos. Se for experiente é ruim e inexperiente pior, um pecado. E mesmo se houver uma mistura como a que ocorreu no governo federal em que parte do ministério anterior foi aproveitado, ainda assim há desagrados.  

 
 

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06-No trecho!

A tradição não escrita dá algo como cem dias ao novo governante para dizer a que veio até porque é bem pouco provável que alguém possa assumir o cargo com um pacote pronto para funcionar. O processo que ficou na mesa no último dia vai estar lá no primeiro dia. A equipe de servidores que estava acostumada com o ex-chefe precisa de tempo para absorver e ser absorvida pelo novo e aí haja tempo. O governo não para, mas cada um tem um estilo e uma relação de prioridades que impactam a máquina pública. A estrada era importante ontem. Hoje, a saúde é a bola da vez porém, não há como parar de fazer estradas.

07-Velhas novidades

Na composição do novo governo o mandatário ou seus apoiadores fazem um verdadeiro exercício de pesca. Na rede alguns peixes novos com bom currículo e peixes velhos e graúdos que viviam no fundo da lagoa, já meio esquecidos. É como montar um time de futebol, mesclando experiência e juventude. Ao optar pela experiência o governante precisa estar ciente e atento com o passado do escolhido. É ao velho, e não ao novo auxiliar, que ele precisa dedicar bem mais de atenção e cuidado. O diabo não é esperto por ser diabo e sim por ser velho.     

08-O tempo para errar é curto

A imprensa e a opinião pública têm pouca paciência com os erros do governo, mas dá um refresco quando eles ocorrem no início. Críticas ácidas em começo de governo existem, não são exatamente raras e, se ocorrem, merecem uma reflexão acurada, pois é indício de que algo vai mal em algum ponto. Ninguém espera que o novo governante passe recibo do erro, mas é bom ficar esperto. O elogio é como o incenso que eleva e diviniza e a crítica nos repõe ao chão. O erro é previsível no início mas, a correção é imprescindível. Entre um e outro, o tempo é breve e a força política enorme. Não corrigir é um ato de covardia.

 

09-A arte da política

Política nunca foi arte e muito menos nobre, a menos que se tenha como arte o constante remendar de tecidos esgarçados e puídos. Política é atividade, ofício e para exercê-la é preciso ser vocacionado, deter o conhecimento específico, a habilidade forjada e treinamento constantes. Arte é criação. Atividade política é aplicação do conhecimento científico em diversas atividades. Do mandatário não se exige que seja escritor, pintor, músico ou mágico, mas que saiba liderar e coordenar recursos disponíveis em prol da sociedade de forma transparente e honesta. Que cumpra e faça cumprir as leis e que de preferência, governe.  

10-Estilos

Duas mudanças de estilo estão em curso nesses primeiros dias de governo. No plano federal a presidente Dilma optou pelo estilo não midiático e entrou de cabeça no trabalho. Tem a seu favor a continuidade do governo e contra, a luta pelos nacos de poder entre os aliados. A solução foi salomônica, suspendendo as nomeações e aliviando a pressão da panela. No plano estadual Confúcio Moura optou por reinventar a mídia utilizando-se de uma ferramenta pessoal, o blog, em substituição à estrutura anterior que passa por uma releitura. Estilos diferentes, temporários e com resultados visíveis, pelo menos por enquanto.

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Fonte: Léo Ladeia - leoladeia@hotmail.com  
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