Segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 - 11h16
José Carlos Sá é jornalista
“Esta cidade está intimamente ligada àquela Estrada, que não se pode falar ou escrever sobre uma sem fazer referência à outra”. Quem escreveu esta frase foi Antônio Catanhede, autor de “Achegas para a História de Porto Velho”, publicado em 1950. A história da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré está bem documentada, inclusive com fotos da época, feitas pelo fotógrafo da empresa The Madeira Mamoré Railway Company, Dana Merrill e usadas em relatórios de “medição” dos serviços.
As lentes de Merrill também capturaram o aparecimento da aglomeração de pessoas que se mudavam para o lado de fora dos domínios de Percival Farquhar. À medida que a linha férrea avança no sentido Guajará-Mirim, mais pessoas armam barracas com cobertura de palha de palmeiras. Foi este aglomerado de casas que o já nomeado intendente, desde 2 de outubro de 1914, o major Fernando Guapindaia de Souza Brejense, iria encontrar.
Militar não gosta de nada desalinhado e muito menos bagunçado. Após a instalação solene do município de Porto Velho e da posse dos intendentes (vereadores agora) e suplentes, o major Guapindaia arregaçou as mangas da túnica e iniciou seu trabalho de superintendente (prefeito, na tradução atual), fazendo o alinhamento das principais ruas e aberturas de praças públicas. No primeiro relatório enviado ao governador do Amazonas, Jonathas Pedroza, falava da impressão que teve da vila: “um amontoado de casas sem o menor aparato de povoação moderna, nem mesmo uma taba de índios”.
O município de Porto Velho nasceu assim. Hoje, com uma área de 34 082,366 km² continua um desafio para seus administradores. Sede do governo territorial e depois estadual desde 1943, o município às vezes é o centro dos sucessivos e sobrepostos ciclos econômicos – os da borracha, o da cassiterita e o do ouro -, outras vezes é apenas um espectador, vendo a pecuária, a agricultura e a madeira desenvolverem rapidamente os demais municípios rondonienses.
Ator principal desde 2001, com a chegada da “era das usinas do Madeira”, Porto Velho volta a protagonizar as esperanças e a motivação de que tudo dará certo, que a capital do Estado terá fôlego para se reencontrar, para ter velocidade nas ações e antecipar a ocupação desordenada que é sua característica de nascença.
Porto Velho está crescendo para leste, ficando cada vez mais distante do rio Madeira, mas é das águas barrentas do antigo rio Caiari é que emergem as esperanças do Século XXI.
Que o major Guapindaia nos ouça.
Fonte: José Carlos Sá - Blog Banzeiros
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