Sábado, 29 de janeiro de 2011 - 20h39
Embora, no começo, houvesse, pelo menos, três bons nomes com chance de chegar a ser presidente da Assembléia, agora, quando o processo se afunila, parece que não há mais dúvida de que a vitória será mesmo de Valter Araújo. É verdade também que, alicerçado por ser o candidato mais votado do Estado e seu amplo conhecimento das lides parlamentares, o contexto o favorecia. Porém, a maior ajuda veio do próprio governo. Enredado nos problemas de composição do governo, sem definição de um candidato que o representasse e sem uma clara coordenação de esforços quem poderia fazer uma oposição mais consistente a Valter Araújo acabou sendo cooptado por ele na medida em que seus gestos de aproximação eram retribuídos com adjetivos como “Ele é cassolista” ou “È muito radical” ou ainda “Na hora certa elegemos nosso candidato”. As coisas, na política, porém, não se tratam assim.
Ação fora de hora aplaina caminho de Valter Araújo
Hoje, o atual presidente Neodi Carlos, por exemplo, fará seu sucessor na medida em que Valter Coelho será eleito com o seu apoio e, de fato, cansou de tentar compor com o governo atual. No fundo, analisada a situação, foi, praticamente, forçado a ajudar a eleger Valter Araújo na medida em que não deseja ficar de fora das decisões na Assembléia. Um calejado articulador político como o ex-presidente da Câmara Municipal de Porto Velho, Hermínio Coelho, que também teve pretensões de ser presidente, acabou por se aliar a Valter também por razões práticas. Para ele, “O governo agiu como time grande que menospreza o pequeno e leva um gol no fim do jogo” e, sem tempo, o desespero é total. Hermínio, que chegou a ter um grupo de deputados articulados para tentar se eleger, disse que, se o governo pretendia eleger alguém teria que ter prestado atenção em “quem tem votos” e não em luas pretas que pensam, como disse o deputado Euclides Maciel, serem “os donos do mundo”.
A verdade é que lançado na frente Valter Coelho fez um trabalho de convencimento de seus pares com a acomodação dos interesses dos diversos parlamentares formando uma chapa vencedora antes mesmo que houvesse qualquer outra capaz de se opor a sua pretensão. Foi mesmo competência política o que houve no processo. Depois, não se sabe se o próprio governador Confúcio Moura, que nada disse a respeito do processo, ou alguns de seus auxiliares, até começaram a querer criar uma chapa governista, mas, era muito tarde. Os acertos estavam concluídos e, para piorar, a infelicidade de escolher nomes como os de Jesualdo Pires ou Adelino Follador que, decisivamente, um por sua atuação anterior e outro pelo desconhecimento de seus pares, não somam nada na busca de apoio, exceto o próprio voto.
Ainda que não houvesse muito espaço para modificar as coisas os estrategistas do Palácio sempre acreditam mais nos seus inexplicáveis poderes que na realidade. Assim, apesar de no Site Gente de Opinião (http://www.opiniaotv.com.br/index.php?vid=2178), o comentarista político Paulo Queiroz, com a competência que o caracteriza, afirmar que “Nunca antes uma eleição na Assembléia foi decidida com tanta antecedência” creditando o fato a não participação do governo e à capacidade política de Valter Araújo que partiu na frente e soube convencer os seus pares, eles plantaram, num jornal local, que as coisas poderiam mudar, que a deputada Glaucione, por exemplo, já teria acertado com o governo e tentaram caracterizar o outro lado como “vilão” por, mesmo com uma sessão extraordinária, feita as pressas não ter aparecido para ser aliciado. Até acusar a imprensa de fazer o jogo da oposição acusaram. Não é este o caso. Não se pode, para ser bem visto, pelo governo, negar uma realidade visível. E a realidade é que se trata de uma guerra perdida sem batalha.
Chapa única
A verdade se impõe por si mesma. O governo, a rigor, se formos pegar as palavras de Confúcio Moura está vendo a eleição mesmo de binóculo. Até alguns assessores se arvoram em aprendizes de feiticeiros e tentam, agora, fazer algo em prol de mudar os rumos da eleição da Assembléia. Parece muito tarde. Também como Confúcio não parece disposto a assumir que tem lado neste jogo será quase impossível acreditar que alguém o represente, principalmente, depois que, dentro do seu estilo bombástico o deputado Euclides Maciel deu uma entrevista ao radialista Edvaldo Gomes, da Rádio Alvorada, colocando ainda mais fervura no que já andava muito quente, afirmou que o governo não cumpre o que promete e emendou que “No meu caso, por exemplo, ficou certo que teria a oportunidade de nomear alguns nomes em Ji-Paraná” e aduziu, que, no entanto, as nomeações não saíram, ou seja, prometeram e não cumpriram. Serviu para colocar mais lenha na fogueira de fofocas e boatos que circulam sobre a eleição na Assembléia.
E premida pelas circunstâncias, a deputada Glaucione Rodrigues (PSDC-Cacoal) se sentiu constrangida tanto que negou, na sexta-feira (28), qualquer tipo de negociata na eleição para escolha do presidente da Assembleia Legislativa:“Não faço parte de nenhum balcão de negócio como chegou a ser noticiado por alguns boateiros. Tenho responsabilidade política partidária e estamos discutindo o que é melhor para a população do Estado de Rondônia”, disse. O que não disse é que os boatos refletem os passos de uma disputa que, pelo jeito, passa longe da transparência. O último boato dava conta de que o senador Raupp teria vindo de Brasília para tentar reverter a situação, porém, como será possível, se os deputados já se acertaram e definirão a Mesa Diretora da Assembléia? Se dúvidas havia sobre o processo, agora, até a composição da Mesa já se sabe que será composta da seguinte forma: Presidente: Valter Araújo; 1º Vice-Presidente: Hermínio Coelho; 2º Vice-Presidente: Maurão de Carvalho; 1º Secretário: Jean de Oliveira; 2º Secretário: Epifânia Barbosa; 3º Secretário: Ana da Oito; 4º Secretário: Saulo da Renascer.
Hoje, embora haja rumores não confirmados, que 14 estariam reunidos para garantir a maioria até o momento da posse, o deputado Euclides Maciel expressou o sentimento do grupo independente: querem distância dos articuladores de Confúcio sejam quais forem. As contas são de que 17 deles estão fechados, mas, é possível que, no momento da eleição, cheguem a 20, 21, daí, a aposta que haverá uma chapa única no pleito.
Confúcio ganha a oportunidade de mudar
A questão da eleição da Assembléia, embora não seja agradável o desfecho para o governo, não é uma derrota. A rigor o governo não interviu. De fato, mal tentou. No entanto o episódio revela um descompasso interno no governo que tem a haver com o próprio estilo Confúcio Moura. O novo governador age com uma enorme transparência inclusive divulgando suas preocupações, idéias e elucubrações via blog. Até dispensou o aparato normal da entrevista coletiva para anunciar suas nomeações. Na prática transformou seu blog numa extensão de governo. Ou seja, estatizou suas opiniões e crenças privadas. È uma posição corajosa, ousada, mas, que cria elementos imponderáveis na medida em que o exercício do poder é feito também de coisas que não se diz em público. E o governador, talvez para afastar os mais ousados, foi logo afirmando que não é dado a barganhas políticas. E que quem o abordar tem que levar em conta que suas palavras podem se tornar públicas. Por outro lado, também, desautorizou a qualquer um a falar em seu nome.
Bem, parece que alguém não leu o blog, pois, consta que alguns deputados teriam tido seus pleitos atendidos e indicados nomeados. Não foi o que aconteceu com o deputado Maciel que se queixou ressentido com razão na medida em que o acertado não é caro. A dúvida que fica é se houve, ou não, autorização de Confúcio para alguma barganha em torno da Assembléia. Se houve, infelizmente, o tudo indica é que ou seus operadores não sabem seus limites ou não tem mesmo o que oferecer. De qualquer forma uma coisa que fica clara na questão da Assembléia é a de que a esta altura do campeonato o governo não tem nada a ganhar. Se não consegue eleger um aliado fica a impressão de que não tem força. Se conseguir, porém, fica pior ainda: quem será que vai acreditar que não houve barganha? Que Confúcio Moura não aliciou deputados? Ainda mais quando o grupo independente afirma que “Somente uma enorme traição poderá mudar os resultados”. Tudo indica que nada vai mudar, mas, o episódio pode ser a grande oportunidade do governo Confúcio rever sua coordenação política. Afinal, a eleição da Mesa Diretora não foi feita contra o governo e sim como uma auto-afirmação da independência da Assembléia. È mais fácil aceitar a realidade e conviver com ela que tentar torcer os fatos à força. Confúcio é um político que, para governar, apesar de sua incontestável boa vontade terá que fazer política. E fazer política é conciliar interesses mesmo alguns que nos contrariam. È a arte da política: engolir sapos.
Prego batido, ponta virada
O deputado Euclides Maciel, em entrevista por telefone ao programa “Alvorada ao Vivo” de Santa Catarina, pegou pesado na forma como o governo tratou a eleição da Assembléia afirmando que “Os deputados estão magoados com o governador” o motivo seria não somente a pouca atenção que Confúcio tem dado aos parlamentares como a nomeação de alguns secretários e auxiliares que se “comportam como os donos do poder” e mais atrapalham do que ajudam. Para Maciel, com pessoas com comportamentos assim não há dúvida de que é possível “Prever que a administração em algumas secretárias será um desastre” citando especificamente a Sedam e a Secretária de Justiça.
Numa entrevista para o Alto Madeira o atual presidente da Assembléia, Neodi Carlos, acredita que a eleição de Valter Araújo já está definida e que ela contará com sua decisiva ajuda, mas, que, em grande parte, isto decorre da própria falta de sensibilidade do governo “O governo tratou mais de desestimular as candidaturas alternativas do que viabilizar uma própria. Com a extensão do processo o cansaço é natural e os acordos também. Hoje há uma situação dificilmente reversível”. Na medida em que as alternativas se estreitaram o fortalecimento de Valter Coelho sedimentou o processo de escolha.
Também o ex-presidente da Câmara, deputado Hermínio Coelho, considera que houve e há problemas de coordenação política no governo. Para ele, não se sabe onde nem como as coisas estão sendo resolvidas internamente no governo. Sua queixa é a de que alertou que se não houvesse um bom nome como alternativa à Valter Araújo sua eleição seria inevitável. E, embora seu nome estivesse proposto, havia sido mais no sentido de abrir opções. “Somente soube, por terceiros, não teria apoio e as razões foram as mais variadas”. Até aí, tudo bem, mas, quem seria o candidato? Não disseram. “Quem se habilitava somente recebia tratamento semelhante o que deixou o espaço livre para Valter. Nós tivemos que aderir para não ficar fora do processo”.
Menos contundente que o deputado Euclides Maciel, Hermínio afirma que “Não existe magoa em relação à Confúcio. Há um certo desencanto. Por ser um político com experiência esperávamos mais dele. Por enquanto tem sido muita teoria”. Esta é a razão pela qual que a grande maioria considera que a eleição da Mesa Diretora da ALE é prego batido, ponta virada.
Deputados eleitos independentes
Valter Araujo (X)
Zequinha Araújo
Jesualdo Pires
José Eurípedes Clemente (X)
Glaucione Maria Rodrigues (X)
Luiz Alberto Goebel (X)
Neodi Carlos Francisco de Oliveira (X)
Luiz Cláudio Pereira Alves (X)
Jacques Testoni
Mauro de Carvalho (X)
Jean Carlos Scheffer Oliveira (X)
Clécio Marcelino Tenório de Almeida (X)
Euclides Maciel de Souza (X)
Lorival Ribeiro Amorim
José Hermínio Coelho (X)
Valdivino Rodrigues de Almeida (X)
Epifânia Barbosa da Silva (X)
Edson Martins de Paula (X)
Adelino Ângelo Follador
Saulo Moreira da Silva (X)
José Ribamar de Araújo
David de Menezes Erse
Ana Lúcia Dermani de Aguiar (X)
Flávio Honório de Lemos (X)
Fonte: Jornal Alto Madeira
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