Sábado, 4 de junho de 2011 - 12h37
Marli Moreira e Ivan Richard
Agência Brasil
São Paulo e Brasília - O vice-presidente da Republica, Michel Temer, defendeu hoje (4) a permanecia do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, no cargo, e avaliou como “esclarecedora” a entrevista concedida pelo ministro ontem (3) à noite para falar sobre sua evolução patrimonial. Já a oposição cobra mais explicações e pede a demissão de Palocci.
Após quase três semanas sem falar com a imprensa, Palocci concedeu na noite de ontem (3) entrevista à TV Globo para dar explicações sobre sua evolução patrimonial. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que o ministro cresceu seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatros anos.
“A fala dele [Palocci] foi muito útil. Acho que foram eficientes as explicações”, avaliou Temer. Quanto à possibilidade de Palocci deixar a Casa Civil, o vice-presidente ressaltou que essa decisão cabe apenas à presidenta Dilma Rousseff.
“Ela que dispõe do cargo. Não sou eu que tenho que dizer o que deve ser feito. Não sei se há possibilidade de Palocci sair. Sei que temos muita confiança nele, no seu desempenho, nas possibilidades administrativas que ele tem de colaborar muitíssimo como governo federal”, disse Temer ao chegar à Assembleia Legislativa de São Paulo na manhã de hoje para um encontro do PMDB.
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PT-PR), disse esperar que, agora, a crise envolvendo Palocci seja encerrada. “Esperamos que a racionalidade chegue à política. Que a oposição pare de usar ataques infundados sobre pessoas que estão na legalidade. A oposição vem atacando o governo com ilações e leviandades”, afirmou. “Palocci cumpriu aquilo que se exigiu dele. Primeiro foi à Procuradoria-Geral da República e, agora, foi à nação brasileira oferecer explicações de cunho pessoal”, acrescentou.
Contudo, líderes da oposição afirmaram que apenas a entrevista não esclarece as dúvidas sobre a evolução patrimonial de Palocci. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), as explicações não foram suficientes. “A crise se prolonga e é preciso um paradeiro. Sem explicações convincentes a crise não termina. O governo contaminado perde muito”, afirmou Dias.
De acordo com o senador, o ministro deve ir ao Congresso responder a perguntas “incômodas” sem acertos “prévios” com o Palácio do Planalto.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), Palocci não foi convincente e precisa detalhar para quem prestou consultoria. “Ele não explicou de onde veio o dinheiro que multiplicou por mais de 20 seu patrimônio pessoal. Tentou engabelar a todos com a história da boa fé e levou a presidenta Dilma Rousseff para dentro da crise. Sem uma explicação convincente, se manter o ministro, a presidenta assume o risco de entregar as principais ações do governo a um suspeito de enriquecimento ilícito e tráfico de influência”, afirmou o deputado.
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