SAÚDE DOENTE

 
Frase do Dia:

“Eu nunca liguei pra nenhum jornalista, rádio ou TV pedindo pra me aliviar o couro. Todo mundo trabalha em paz.” – Confúcio Moura, governador de Rondônia, falando minha língua.
 

01-De um lado...

“Para ressaltar um dos problemas que assola o sistema penitenciário de nosso estado, especificamente o Urso Branco, em visita ao mesmo constatamos o descaso da Secretaria de Justiça em resolver o abastecimento de água para as necessidades básicas e indispensáveis à vida humana. Tivemos a confirmação de que os presos tem acesso a apenas 30 min (trinta minutos) diários de água para toda a sua higienização pessoal. Por isso, ou agimos agora com o intuito de nos tornamos uma sociedade melhor e mais segura, ou caminharemos para um caos jamais visto em nossa história.” Isso é parte da nota da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho. Notas do tipo são relevantes, mas por que a visão só é dirigida para um lado? 

02-Do outro lado...

Quem morreu já era. Para os que ficaram e que dependiam do “de cujus”– esposa, filhos menores, etc., – a vida segue e, sem apoio da igreja, da comissão de Diretos Humanos, ONGs, estado, etc. De estudos pouco divulgados brota uma verdade: os filhos das vítimas da violência enfrentarão problemas para o resto da vida e não raro cairão na “vida bandida”. É que sem o mantenedor, crianças caem no mundo pela sobrevivência. Sem voz e sem vez não serão ouvidas sobre o que pensam dos direitos e obrigações daquele que lhes roubou o futuro e que “sofre as penas” de só ter 30 minutos para higiene ou de não respeitarem suas duas horas de banho de sol.   

03-Do meu lado...

Politicamente incorreto, fico indignado com o tratamento que é dispensado ao apenados e/ou minorias de várias facetas, em função do nosso olhar socialmente vesgo, da cultura pseudo esquerdista de débitos histórico-sociais cujas causas e encaminhamentos compensatórios não resistem a análises sérias e profundas, qualquer que seja o campo da ciência utilizado. Prova disso são as reservas de mercado através de sistemas de cotas ou as reservas físicas de terras de índios e quilombolas que se multiplicam, criadas, regularizadas e logo após ampliadas sem qualquer critério ou estudo científico, mas sob pressão esmagadora “daquela laia” de sempre.       

04-Do lado deles

"Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente de cultura indígena original", diz o antropólogo Viveiros de Castro. Não é bem isso que ocorre hoje no Ceará que até o ano 2000 tinha seis etnias indígenas e em 2011 já tem 12. Contudo, se para ser índio é preciso parecer índio, para ser negro e ter direito às cotas raciais de qualquer tipo é bastante que o negro, pardo, branco ou oriental se declare negro. E de onde vem essa onda que tudo leva de roldão e que subverte a ordem natural das coisas ou a própria história? De onde surgiu o modelo de proteção ou redes sociais que geram votos?

05-E quem dá a legitimidade?

Nas páginas amarelas da Veja, uma entrevista com o ministro da Previdência Garibaldi Alves, não traz respostas para a pergunta, mas deixa uma série de pistas a serem seguidas por quem se interessar pelo tema. É incrível como as marcas da ditadura se impregnaram em segmentos específicos e criaram liames com outros que, ainda após todos estes anos, continuem como referências de “verdades incontestáveis”. Ultrapassar o que foi construído em sacristias, reforçado em escolas e inoculado em sindicatos é tarefa para mais de uma geração e se houver disposição e o momento certo. A Argentina de Peron a Cristina é a prova da dificuldade em virar a folha nº15 do livro de história, mesmo e/ou apesar de tudo por que passaram.   

06-Mudando o rumo da prosa

Se de dentro da sua cápsula-útero o bebê nº 7.000.000.000 fizesse uma escolha e resolvesse nascer em Rondônia, estaria começando bem a sua vida. Temos tudo e tudo o que temos pode ser dividido por poucos, o que resulta em uma fatia maior para cada um dos comensais. Mas o que faz Rondônia ter algumas pessoas extremamente ricas, donas de impérios de minas, gado, diamantes e pedras preciosas, drogas – também tem disso – madeira, caminhões, carretas, ônibus, aviões, usinas de energia, etc e um grupo de miseráveis que precisa do cartão salvador por que vivem na miséria com menos de R$ 68,00 por mês? Se o bebê souber disso, é capaz de apertar o botão e buscar outro ponto para nascer. Uruguai, Peru, China... Grécia por ora não.    

07-IDH pífio

No total são 187 os países que participam da amostra e de imediato o resultado revela que o Brasil subiu um ponto. Está no degrau nº 84. Mas com esse número é melhor não bater bumbo pois existem outros mecanismos que precisam ser levados em conta e justo aí a porca torce o rabo. O Brasil está abaixo da média da América Latina e comparado a los hermanos da parte sul vai mal das pernas. Chile e Argentina são os de números 44 e 45. Fichinha já que somos os melhores em futebol e o Maradona não serve sequer para amarrar a chuteira do Pelé. O que espanta, entretanto é que à nossa frente estão o Uruguai (48º), Venezuela (73º), Peru (80º) e Equador (83º). Apenas Colômbia (87º), Paraguai (107º) e Bolívia (108º) perdem para o Brasil.

08-Violência sem fim

Magistrado assaltado, comerciante morto em assalto na capital, bandido matando bandido em acerto de contas, arrombamentos a rodo, assalto a um grupo de pessoas que se divertiam em sua casa na rua que tem o nome de Particular, assalto à casa de um policial civil cuja família foi humilhada pelos mequetrefes e, no feriado de finados, tiroteio pelas ruas da cidade com um policial civil ferido por tiros desferidos por uma guarnição da PM. O bicho está pegando na rua, violência espalhada, a droga virou artigo de feira, pau comendo até entre a polícia, governo fazendo mais presídios sabendo que não é solução e aí vem a igreja querendo mais água para bandidos do Urso Branco e um Defensor querendo mais 30 minutos de sol pro coitado. Ah seo padre, faz uma garapa gelada com água benta e hortelã e não esquece do filtro solar. Please!  

09-Saúde doente

Sei das dificuldades da área da saúde e das canalhices armadas para tungar verbas sagradas. Roubar dinheiro em qualquer área que não saúde e educação eu não aceito, mas entendo. Na saúde e educação porém advogo a pena alternativa. Roubo contra a educação o ladrão faria o serviço de merendeira em escola pública, oito horas dia, com salário nominal e pelo tempo necessário à indenização do valor furtado. Crime contra a saúde o serviço seria de faxineiro em hospital, nas mesmas condições expostas e um detalhe: durante o período de cumprimento da pena o ladrão não poderia exercer outra atividade que não aquela da pena imputada. Falando em saúde, valho-me da poesia para informar “com o coração partido e os olhos rasos d’água”, que no feriado um doente morreu no João Paulo II enquanto esperava uma vaga na UTI. E tem mais: ninguém será considerado culpado pelo ocorrido, of course. Please, help-me my God!

10-3 perguntas cretinas

Se as manchas criminais de Porto Velho foram mapeadas, o que falta para se criar o comitê multi-policial, dar um baculejo geral e sufocar a bandidagem para dar um refresco no Natal? Se a intervenção feita na Sete de Setembro já mostrou resultados, porque não fazer o mesmo na Jatuarana e José Amador dos Reis com a utilização de ruas como alternativas de tráfego? Será que o governo está preparando uma surpresa e promoverá uma cantata estadual natalina no canteiro de obras do Teatro Estadual, para anunciar que no próximo ano ele ficará pronto antes do Natal para ser encenada “O nascimento de Cristo”? Não precisa responder nada.
 

Fonte: Léo Ladeia - leoladeia@hotmail.com
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