Sexta-feira, 4 de novembro de 2011 - 08h12
Paulo Cordeiro Saldanha
AFAG não será para mim apenas uma sigla... pode desdobrar-se em verbo. Verbotransitivo direto afagar:fazer afagos ou festas a (pessoas ou animais), roçando com a mão; mimar, amimar, acariciar, acarinhar, ameigar; alentar, acalentar, alimentar”. Ou então transmudar-se emVerbo intransitivo. “mimar, amimar, acarinhar, acariciar”, tudo, segundo o Aurélio.
Pois bem, está chegando a hora da cidade engalanar-se para receber seus grandes mimos, as crianças que se transformaram em adultos, pais e avós, que chegam, fazendo aquela algazarra irradiante, positiva algazarra contagiante, típicas dos meninos que voltam para “a casa paterna, depois de um longo e tenebroso inverno”.
Eles não precisam pedir licença, pois chegam no próprio e antigo aconchego, para matar as saudades e recolher as bênçãos de quem ficou e receber o abraço mais apertado e o beijo mais afetuoso de quem estava mortinho de saudades, desejando viver o instante da abençoada chegada.
Os meninos que voltam, já são adultos, mas jamais perderam a ingenuidade da infância, nutrida nas nostalgias sentidas, nas lembranças gravadas e nas reminiscências deixadas.
Já se fazem acompanhar dos filhos e dos netos e vêem carentes de afeto e com um mundão de amor para distribuir, desejando afagar, acariciar e ajudar os menos favorecidos e, ainda, exercitar a vertente cultural, musical e esportiva da terra que os abraçou ou lhes serviu de berço.
Uma frase atribuída a Padre Mustafá nos ensina para que vivamos de maneira que a nossa presença não seja notada, mas que a nossa ausência seja sentida.
Todavia, penso que a vinda de Guajaramirenses saudosos ou daqueles amigos que adotaram esta abençoada terra, jamais passará despercebida, ante o acúmulo de saudades encruadas em nossos peitos, mas, já imagino o nível de sentimentos de tristezas, que serão debulhadas, quando já, no dia 13, 14, 15 ou 16 de novembro, essas figurinhas, “que sapateiam nos nossos corações”, instalados em carros ou ônibus, como se pegassem o “Ita do Norte”, devagar, “devagarinho”, forem partindo, em direção ao caminho de volta.
E ai, caríssimos, embora a frase não seja minha, mas dela me valho para lhes dizer que “quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos”...
Os militares costumam registrar para aqueles que visitam as suas unidades que “foi bom você ter vindo”! E eu, do alto de uma autoridade que não tenho, eu grito ao mundo: foi ótimo meninos e meninas, vocês terem vindo, nessa décima edição do Encontro que nos emociona e nos gratifica; nos comove e nos valoriza, nos humaniza e nos renova, enfim, como se fora (e é) a chegada de vocês uma declaração de amor à terra e um grito de guerra a não acomodação, que se desdobra na retroalimentação de uma energia salvadora, que nos impulsiona para a crença de que esta terra tem jeito, desde que confiemos, desde que lutemos, desde que não nos acomodemos!
Afinal, a vinda de vocês traduz a emoção da volta e representa na outra ponta, a saudade que foi preciso surgir pela distância geográfica, que refletiu sentida ausência, mas que, como um rio tributário no outro, na sua foz, só fez crescer.
Afaguianos, vocês destemidos guajaramirenses, sejam bem vindos! Bem vindos sejam com a alegria, energia, altruísmo e solidariedade que vocês estão trazendo; bem vindos com o apoio material, físico e espiritual que nós valorizamos! Venham para deixar os nossos corações no alto e o sorriso mais cristalino estampado no rosto, mas que nasce lá bem no fundo da nossa alma, deslizando pelos nossos corações!
E quando a viagem de retorno os alcançar na curva lá da serra, se olharem para o céu plúmbeo, em vias de chover, lembrem-se que serão o reflexo dos nossos olhos marejados de lágrimas, pelas saudades que haverão de deixar, ante a verdade de só voltar a vê-los no próximo ano, quando, por um tempo, deixaremos de nos ver...
Se um choro surgir no horizonte dos nossos olhos, na hora da despedida, não tem importância, não! Um ano passa logo e, em novembro de 2012, já no retorno de vocês, os nossos sorrisos denunciarão o elevado grau de nossas alegrias, refletidas na felicidade com que os abraçaremos de novo, com aquele abraço bem apertado, daqueles que só se dá num irmão...
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
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