Quinta-feira, 10 de maio de 2012 - 20h01
Hiram Reis e Silva, Porto Alegre,
RS, 10 de maio de 2012.
Don Quijote de La Mancha
(Miguel de Cervantes Saavedra)
Así, ¡oh Sancho!, que nuestras obras no han de salir del límite que nos tiene puesto la religión cristiana, que profesamos. Hemos de matar en los gigantes a la soberbia; a la envidia, en la generosidad y buen pecho; a la ira, en el reposado continente y quietud del ánimo; a la gula y al sueño, en el poco comer que comemos y en el mucho velar que velamos; a la lujuria y lascivia, en la lealtad que guardamos a las que hemos hecho señoras de nuestros pensamientos; a la pereza, con andar por todas las partes del mundo, buscando las ocasiones que nos puedan hacer y hagan, sobre cristianos, famosos caballeros.
- General Heleno e os “Rambos” da Reserva
Em novembro de 2008, antes de iniciar minha primeira jornada pelos amazônicos caudais, descendo o Rio Solimões, eu e minha equipe ficamos hospedados no Colégio Militar de Manaus (CMM), comandado, na época, pelo Coronel Abreu. Na oportunidade, o Abreu me convidou para participar de um almoço com a reserva no Clube Militar dos Oficiais.
O ponto alto, como não poderia deixar de ser, foi o discurso do General de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Comandante do Comando Militar da Amazônia. O General Heleno citou as duas estratégias fundamentais adotadas na Amazônia Brasileira: a presença, com suas 28 Organizações Militares, e a dissuasão, baseada na capacidade de combate e intervenção. Depois de discorrer sobre diversos aspectos táticos e estratégicos falou, também, da possibilidade de intervenção estrangeira, afirmando que a propalada “teoria intervencionista” justificava todo e qualquer tipo de ação militar pelo mundo.
Antes de encerrar sua fala o General fez duras críticas a certos companheiros da reserva que se transformaram em verdadeiros “Rambos da oratória”. Estes mesmos militares, quando na ativa, nada fizeram que pudesse comprometê-los e, agora, entrincheirados na reserva, passaram a cobrar atitudes mais drásticas dos seu Chefes Militares. No final de sua locução o General Heleno foi aplaudido entusiasticamente por todos.
- Críticas Cíclicas
O General Enzo Martins Peri, Comandante do Exército, tem recebido, por parte de alguns de nossos companheiros de Arma, duras e infundadas críticas a respeito de sua atitude diante de certos temas atinentes à Força Terrestre e a assuntos que afligem seus integrantes. Hoje, como ontem, esses mesmos “web combatentes” valem-se da proteção da lei para cobrar de seus líderes atitudes que jamais teriam pensado levar avante quando estavam na ativa.
Recebi, através de meu Mestre e Amigo, Cel Gelio Fregapani, algumas importantes e lúcidas considerações escritas pelo Coronel José Gobbo Ferreira que faço questão de repassar em consideração à figura inatacável de nosso Comandante do Exército.
- Salvo Melhor Juízo (SMJ)
Fonte: Coronel José Gobbo Ferreira
Meu querido Primeiro Chefe:
Estou muito preocupado com o rumo que as coisas estão tomando no Exército. Tenho o mais profundo respeito pelas opiniões de todos. Absolutamente todos!!! Mas preciso expressar a minha, acompanhada de um humilde “salvo melhor juízo” (smj).
Alguns companheiros, imbuídos das melhores intenções e com a alma militar sangrando (como a minha), vem sendo implacáveis nas condenações às atitudes de nossos Chefes, em particular o General Enzo, encontrando em tudo o que ele faz, ou deixa de fazer, um motivo para criticar acerbamente seu comportamento.
Esse é um erro que não se justifica em combatentes que somos. O inimigo é outro. Não é o Comandante da Força. Por razões absolutamente fora de nosso alcance, a Nação aproou para a esquerda. O povo, em sua maior parte ignorante, imediatista e à venda por baixo preço, escolheu esse regime que aí está, que não é aquele que desejaríamos. Não há como negar isso e nem como mudar esse quadro antes de outra eleição, a menos que haja um golpe de estado e uma ruptura constitucional, o que também não desejamos, como já exprimiu o ilustre General Valdésio.
Assim, para usar uma figura que qualquer guerreiro entenderia, as pessoas em cargos de decisão que pensem como nós, incluindo aí nosso Comandante, são como combatentes operando em território inimigo. De nada adianta para eles se arvorarem em machões e abrirem fogo abertamente contra qualquer alvo que seja. Seriam abatidos na hora. Se o Comandante bater de frente com o establishment será destituído imediatamente, “sans autre forme de procès”. Isso é evidente. E entraria um outro, que viveria os mesmos dilemas, e “la nave va”.
Exaltar a eficiência do Exército na luta contra o comunismo, como anfitrião, em um discurso na presença do Comandante Supremo, que é comunista, me parece uma falta imperdoável de tato, uma agressão descabida e um suicídio inútil, smj.
O guerreiro perdido em território inimigo precisa agir com toda precaução. Obter pequenos progressos paulatinamente. Conquistar pouco a pouco habitantes locais que lhe deem abrigo e comida. E ir se aproximando de seu objetivo, sempre homeopaticamente e com extremo cuidado. Qualquer descuido é fatal. Essa é uma situação extremamente perigosa, desgastante e estressante.
Não gostaria jamais de estar na situação do General Enzo. Tenho a mais absoluta certeza de que ele luta pelo Exército dentro das limitações impostas pela situação tática e estratégica. Submete-se a constrangimentos que não precisaria mais sofrer e suporta pressões angustiantes das quais estaria livre na tranquilidade da Reserva e,supremo sacrifício,recebe ordens de Celso Amorim e tem que tolerar a presença de José Genuíno,tudo para cumprir a missão sagrada de servir à Força e evitar,na medida de suas possibilidades,que mal maior possa vir a acontecer.
Cada um pode bem imaginar a seu modo, mas ninguém sabe exatamente o que se passa nos corredores palacianos, e condenar o Chefe sem esse conhecimento é, no mínimo, uma flagrante injustiça, à qual jamais me associarei.
O momento é de cerrar fileiras em torno de nossos Chefes e de nos unirmos na reserva, fazendo nossa parte. Que essa parte não se limite a trocar entre nós e-mails candentes e enfurecidos, mas sim que procuremos encontrar maneiras de levar nossa voz além de nossas fronteiras. Aproveitar oportunidades para discutir nossas posições com formadores de opinião externos ao nosso meio, como fizeram os Generais Heleno, Rocha Paiva e Felício. Chamá-los para a discussão em campo aberto. Conquistar corações e mentes no meio civil, em particular entre a juventude, obtendo assim uma base de apoio cada vez mais sólida para nossas manobras.
Nunca me esquecerei do CICAO (Cadete Ides Comandar, Aprendei a Obedecer), no frontispício do prédio principal de nosso ninho. O fato de que não vamos mais comandar, não nos desonera do dever de obedecer. Os tempos de guerra em que o inimigo está vencendo são duros, e impõem sofrimentos e desalento. Mas temos que buscar dentro de nós a endurance moral para suportar a pressão sem dissensões, unidos na defesa de nossos ideais, cada um confiando em que o outro está dando o melhor de si no combate que representa o derradeiro esforço na defesa da liberdade em nosso país. Todas as demais instituições já estão “dominadas” pelo inimigo. Não podemos nos dar ao luxo de perder eficácia praticando o tiro amigo.
Divulgue minhas ideias da maneira que achar conveniente e se achar conveniente. Para seus destinatários, permita que acrescente mais um parágrafo:
Meus caríssimos irmãos de armas. Que não turbe vossas consciências o fato de que essas palavras venham de alguém tão pouco qualificado para escrevê-las. Elas não constituem reproche nem crítica, mas apenas considerações sinceras oriundas de um jovem, mas cauteloso guerreiro com 71 anos de idade. Respeitosamente apresento armas para todos que se engajam nessa luta, qualquer que tenha sido até agora sua maneira de fazê-lo. Convoco os até então indiferentes para a luta. E vamos reagrupar o dispositivo, sob as vistas e fogos do inimigo, mas unidos e coesos em torno do Chefe, que há de nos mostrar o caminho do dever. Que a Reserva seja para ele a reserva com que contam os Generais no campo de batalha, pronta a intervir, no momento certo, no lugar ideal e com o entusiasmo e poder de fogo necessários e suficientes para conduzir à vitória. Essa é minha opinião, salvo melhor juízo.
Um forte abraço fraterno.
- Livro
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na AACV – Colégio Militar de Porto Alegre.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.
Fonte:Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br
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