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A liquidez social



O sociólogo polonês contemporâneo Z. Bauman, buscando conceituar a sociedade atual surge em cena com um significado novo, que abre linhas de pensamentos e aborda abrangentes temáticas pertinentes ao contexto sociocultural que está em constante desenvolvimento. Estamos aqui diante da sociedade líquida, exposta por Bauman como uma modernidade líquida, substituindo assim a expressão do momento, “pós-modernidade”.

De fato, há uma séria discussão no que se refere ao momento temporal vivido pela humanidade. Existe a defesa de que ainda estamos na modernidade, por outro lado, alguns defendem que vivemos o tempo da pós-modernidade. Isso é reflexo de um impasse que demonstra a instabilidade social num sentido de escassez significação própria e definitiva, ou seja, nos dias de hoje, é difícil até considerar em que momento estamos situados.

Diante disso, a análise sociológica de Bauman nos põe em contato com uma contrapartida, indo de encontro a defesa pós-moderna, uma vez que, a defesa aqui é a de que as relações sociais estão imersas em uma liquidez, numa palavra, em uma estagnação cômoda que não visa a perspectivas futuras e não projeta anseios duradouros, como os de outrora.

Nesta ótica, a sociedade é líquida porque não há, na atualidade, a consistência ideal e real que à humanidade possuía em séculos passados, isto é, falta a densidade necessária e norteadora dos sentidos e das significações da vida da humanidade.

De forma mais sucinta, tal conceito sociológico considera ainda que o relacionamento social líquido descamba finalmente no individualismo, e o sujeito, enquanto particular passa a ser sua própria referência. Tendo considerado a liquidez, a mesma pode servir como meio interpretador de diferentes estruturas da vida humana, culminando assim na reunião desses aspectos na instância consequente que é a social.

Sabe-se muito bem das crises e dos momentos difíceis pelos quais o mundo está passando. E além de classificar o que já foi dito no presente texto, o pensador em questão também investiga ao âmbito comercial e econômico, acusando a disputa frenética, que visa sempre o consumo e mais consumo, ou seja, esta é a leitura capitalista de Bauman.

Por fim, nesta breve análise do pensamento do ex-combatente polonês, podemos concluir que há uma presente liquidez não só no enquadramento social, mas esta é resultado da liquidez presente e crescente nas relações pessoais, comunitárias e particulares. Onde estão os horizontes sociais? Em qual trilha da história ficou perdida a bússola da humanidade?

Felipe Augusto Ferreira Feijão


 

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