Sábado, 1 de abril de 2017 - 10h14
SÃO PAULO (Reuters) - A hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, está
sendo negociada por seus sócios com investidores interessados, disse
nesta sexta-feira o presidente da Eletrobras, que acredita que o
empreendimento pode receber uma oferta vinculante até abril.
A Eletrobras é sócia de Santo Antônio junto com Odebrecht, Cemig e SAAG
Investimentos, da Andrade Gutierrez, além do Caixa FIP Amazônia Energia.
A usina recebeu investimentos de quase 21 bilhões de reais.
Wilson Ferreira Jr. disse que o processo tem sido conduzido pelos demais
sócios, e a Eletrobras poderá segui-los ao exercer o direito de "tag along".
Em conversa com jornalistas após evento com acionistas em São Paulo, o
executivo disse que a Eletrobras tem acompanhado também conversas dos
acionistas da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, para uma possível
venda de suas fatias no empreendimento. Neste caso, a Eletrobras também
tem direito de vender sua participação, por meio de "tag along".
A estatal, no entanto, ainda não decidiu se venderá suas participações
nessas duas usinas, o que dependerá dos valores oferecidos, disse Ferreira.
Em Santo Antônio, já houve propostas não vinculantes, no final do ano
passado, e a fase final do processo de negociação deverá acontecer até
abril.
Em Belo Monte, a Eletrobras tem como principais associados Cemig, Light,
Neoenergia e Vale, além dos fundos de pensão Petros e Funcef. O
empreendimento está orçado em 35 bilhões de reais.
"Eles (outros sócios) não ficaram satisfeitos com os projetos, pretendem
fazer liquidez, e existe uma janela de oportunidade", afirmou.
DISTRIBUIDORAS
O presidente da Eletrobras também disse que espera contar com alguma
flexibilidade caso a estatal não consiga cumprir sua meta de vender até
o final deste ano todas suas seis distribuidoras de energia elétrica que
atuam no Norte e Nordeste.
"Se houver um eventual atraso, certamente haverá sensibilidade (por
parte do governo federal)... não está escrito em pedra", disse Ferreira.
Ele afirmou, no entanto, que hoje a Eletrobras ainda não trabalha com
essa hipótese.
Em julho do ano passado, a estatal decidiu não renovar os contratos de
concessão dessas distribuidoras. Na época, a companhia se comprometeu a
vender as empresas ainda em 2017 ou devolver as concessões e quitar
todas as dívidas em 2018.
Essa liquidação envolveria o recebimento de uma indenização pela
Eletrobras referente aos ativos das empresas, mas também exigiria que a
companhia quitasse todos os passivos das concessões, o que poderia
exigir que a estatal assumisse perdas financeiras se os compromissos
forem maiores que a compensação a receber.
(Por Luciano Costa)
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